Mas sobre isso há algo a ser dito: a democracia rivaliza não necessariamente com a guerra em si - a não ser que o conceito de guerra possa ser mais estendido do que comumente é apresentado - por que, por essência, a democracia rivaliza com toda e qualquer manifestação bruta da força física como modo de impor decisões de um único indivíduo ou de um grupo de indivíduos. Em outras palavras: democracia rivaliza com qualquer sistema de governo absoluto, monárquico, aristocrático - ditatorial.
Quando alguém aceita um sistema dessa natureza subentende-se que esse indivíduo o faz por dois motivos: primeiro, se ele tem algum laço de parentesco, ou de amizade, com o ditador, pois assim poderá ter algum tipo de vantagem pessoal; segundo, se não tem a menor noção do que está defendendo. Mesmo que todo ditador afirme que o que está fazendo é propriamente a democracia, isso não é verdade, em um regime ditatorial encerram-se as liberdades individuais e a capacidade cidadã de definir seus destinos.
É também chamado de regime totalitários e/ou autoritário: de um lado porque se faz estado se faz presente e controla todos os setores da sociedade, de outro, porque o faz isso com a força das armas e de aparelhos de repressão. Em regimes dessa natureza há um controle sobre toda e qualquer forma de expressão (imprensa, cinema, música, livros, teatro e escolas), de modo que os mais incautos podem sentir até uma espécie de calmaria e a impressão de que tudo está normal.
Por outro lado, a implantação de uma ditadura, está intimamente ligada outros conceitos correlatos: golpe de estado, intervenção militar e manutenção da ordem. São correlatas porque na política não existe vácuo, todas as vezes que se fez intervenção, a intervenção se transformou em um sistema autoritário por extensão. As democracias tem erros, mas abdicar de um regime cidadão, de alguma forma de participação popular e desejar uma ditadura é, por assim dizer, animalesco, é recrudescer na escala evolutiva da humanidade e se desejar ruminante à espera que o dono lhe dê a ordem.
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