segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Conceito, Discurso e Compreensão

As pessoas se orientam em suas vidas a partir dos conceitos formados e reformados ao longo de suas existências, tanto no que concerne a orientação de seus discursos e ações, quanto as suas capacidades de compreensão e, consequentemente, suas decisões. O problema é que o conceito que fora elaborado anteriormente para uma dada compreensão pode ser redirecionado de forma a orientar o indivíduo para uma compreensão completamente diferente. Isso acontece porque o conceito não retrata a coisa em si, nem apenas aquilo que se passa no campo das ideias, mas é uma palavra que retrata a relação entre a coisa é a construção histórica conceitual de cada indivíduo. Claro está que o conceito é um daqueles conceitos complexos e que, por conta disso, alguns filósofos já se debruçaram tanto sobre ele na tentativa de elucidá-lo. Isso explica como a palavra consciência, por exemplo, que fora pensada como uma experiência que a mente tem da coisa ou o fenômeno que ocorre na subjetividade do indivíduo, pode tornar-se qualquer condição contrária ao interlocutor. Ou crítica que fora pensada como o processamento e apuração de cada fenômeno apreendido pela mente e que virou, no senso comum, um falar mal de qualquer coisa. Acontece que conceito vem do latim, conseptus, que foi originado no verbo concipere, que significa "conter completamente" ou "formar dentro de si"), um substantivo masculino, que denota aquilo que a mente entende: ideia ou noção, a abstração de uma realidade. Pode ser também definido como uma unidade semântica, um símbolo mental ou uma unidade de conhecimento. Conceito corresponde então a representação num sistema de linguagem ou em uma simbologia e o termo pode ser usado em muitas áreas: matemática, astronomia, estatística, filosofia, física, biologia, química, economia e informática. Por isso os conceitos trazem em si uma daquelas dificuldades nas reflexões filosóficas de extrema complexidade já que o conceito cai na num discurso comum, não elaborado e que desvirtua e dificulta a compreensão das relações sociais. Por isso, na compreensão inversa: o radical pode se tornar a pessoa teimosa e exagerada, ou aquele que segue uma linha política pode ser o visto como o bitolado e o alienado, ou a pessoa consciente pode vir a ser apenas aquela que tem um discurso que vem ao encontro do que se pretende. Conceito, Discurso e Compreensão As pessoas se orientam em suas vidas a partir dos conceitos formados e reformados ao longo de suas existências, tanto no que concerne a orientação de seus discursos e ações, quanto as suas capacidades de compreensão e, consequentemente, suas decisões. O problema é que o conceito que fora elaborado anteriormente para uma dada compreensão pode ser redirecionado de forma a orientar o indivíduo para uma compreensão completamente diferente. Isso acontece porque o conceito não retrata a coisa em si, nem apenas aquilo que se passa no campo das ideias, mas é uma palavra que retrata a relação entre a coisa é a construção histórica conceitual de cada indivíduo. Claro está que o conceito é um daqueles conceitos complexos e que, por conta disso, alguns filósofos já se debruçaram tanto sobre ele na tentativa de elucidá-lo. Isso explica como a palavra consciência, por exemplo, que fora pensada como uma experiência que a mente tem da coisa ou o fenômeno que ocorre na subjetividade do indivíduo, pode tornar-se qualquer condição contrária ao interlocutor. Ou crítica que fora pensada como o processamento e apuração de cada fenômeno apreendido pela mente e que virou, no senso comum, um falar mal de qualquer coisa. Acontece que conceito vem do latim, conseptus, que foi originado no verbo concipere, que significa "conter completamente" ou "formar dentro de si"), um substantivo masculino, que denota aquilo que a mente entende: ideia ou noção, a abstração de uma realidade. Pode ser também definido como uma unidade semântica, um símbolo mental ou uma unidade de conhecimento. Conceito corresponde então a representação num sistema de linguagem ou em uma simbologia e o termo pode ser usado em muitas áreas: matemática, astronomia, estatística, filosofia, física, biologia, química, economia e informática. Por isso os conceitos trazem em si uma daquelas dificuldades nas reflexões filosóficas de extrema complexidade já que o conceito cai na num discurso comum, não elaborado e que desvirtua e dificulta a compreensão das relações sociais. Por isso, na compreensão inversa: o radical pode se tornar a pessoa teimosa e exagerada, ou aquele que segue uma linha política pode ser o visto como o bitolado e o alienado, ou a pessoa consciente pode vir a ser apenas aquela que tem um discurso que vem ao encontro do que se pretende.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Conservadorismo: o Medo e o Preconceito

A Política não segue sistemas fixos e monológicos, ela é uma ciência complexa, com linhas retas e curvas, com faces lisas e plissadas de modo tal que quase nunca se pode prever o desenlace seguinte. Mesmo assim, sendo ciência, como se pretende, ela trás nas suas entranhas algumas tendências: a repetição de linhas históricas em uma certa circularidade de forma que os encaminhamentos libertários e transformadores se alternam com pensamentos conservadores, em um indiscritível medo de mudanças profundas. E nessa circularidade percebe-se que nos tempos atuais acontece uma guinada para uma política extremamente fechada e reacionária, muito diferente do que se percebeu há duas ou três décadas. Aliás, desde a força transformadora e revolucionária da França de 1789 que a política mundial se alterna em tendências que priorizaram hora as grandes transformações e hora as visões reacionárias e medrosas. Após a Revolução Francesa viu-se uma onda conservadora pelo mundo a fora que seguiu durante toda a primeira metade do século 19 e que desembocou, na segunda metade - na "era das revoluções", com a Comuna da Paris, as unificações alemã e italiana e a Revolução Meiji, no Japão. Findado esse período, os primeiros 50 anos do século seguinte foram marcados por um conservadorismo extremo, de modo que uma direita fascista e xenofóbica levou a humanidade à Segunda Guerra Mundial. Já a segunda metade desse mesmo século foi marcada por lutas pelos direitos humanos, pela defesa das liberdades, quando - embalada pelo rock, a juventude gritou que era proibido proibir. Nesse momento lutava-se contra todos os tipos de regimes ditatoriais, contra a miséria alimentar, contra a miséria intelectual, pela paz e a favor da crítica e da liberdade política. Mas nem bem o século 21 começou para se ouvir os gritos dos conservadores contra os avanços sociais, contra as políticas de igualdades raciais, de igualdades de gênero, de igualdades para os homoafetivos etc. O mundo, nesses anos, deu uma guinada racista, preconceituosa e alimentou uma religiosidade retrógrada que se crê detentora de verdades políticas, científicas e sociais inquestionáveis, mas que remonta mesmo os tempos medievais. Como resultado de tudo isso ouve-se/lê-se nos últimos tempos os discursos mais conservadores sendo gritados até por intelectuais, juristas, religiosos, jornalistas, magistrados e professores de forma tal que se poderia negar a existência dos grandes movimentos sociais, revolucionários, já vividos pela humanidade. Esqueceram esses senhores que a espiral das vontades humanas retornará ao período dos grandes avanços sociais com profundas transformações, quer queiram eles ou não. A história não para.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Islamismo: História e Complexidade

Após receber os ensinamentos do anjo Gabriel, registrados num texto conhecido como Corão, ou Al-Corão, o profeta Maomé se deslocou com seus seguidores de Meca para Medina, numa retirada que seria lembrada na história como Hégira. Os cristãos contavam em seu calendário o ano de 622. A partir daí estava consolidada uma das três vertentes monoteístas reunindo as inúmeras tribos árabes entorno de uma estrutura religiosa que ficaria conhecida como Islã ou muçulmana (obediência). Em seguida os fiéis islâmicos saíram mais uma vez, agora de Medina, levando sua fé além da Península Arábica e Oriente Próximo: para a região da Pérsia, da Ásia Menor, de todo o norte e leste da África e para a região européia da Península Ibérica. Aliás, os costumes da Espanha e Portugal trazem até os dias de hoje características marcantes nos idiomas ibéricos, na música e na dança. E pensadores europeus como Santo Tomaz de Aquino, Santo Ambrosio ou Pedro Abelardo foram influenciados pelas leituras de filósofos muçulmanos, como Averrois e Avicena. A fé pregada pelos islâmicos junta os ensinamentos abrâmicos - antigos livros cristãos e judaicos - ao Corão, que tem a mesma estrutura linguística da Bíblia. Assim, através desse livro, Maomé (ou Mahamed) mostrou as linhas de como os fiéis deveriam seguir no seu dia a dia: a oração, as vestimentas, a economia, a comida, a arte, os relacionamentos etc. Logo após a morte do profeta, os seguidores se dividiram no que dizia respeito à sua sucessão e ás suas formas de interpretar o livro sagrado - conhecidas como as duas principais facções: sunitas e xiitas. Essas divisões também se espalharam ao longo de todo o espaço conquistado caracterizando inúmeros povos nas suas formas de viver o Islã e aumentando, entre si, os conflitos. Assim como toda crença - e aí coloca-se também o Cristianismo - o Islamismo traz nas suas franjas uma complexidade que se traduz num profundo desconhecimento ao não iniciado, o que leva a uma generalização e um consequente preconceito. Como ocorre também com Cristianismo, as suas interpretações podem levar a uma vida social de profunda fraternidade e respeito, como ao ódio e a perseguição. Enfim, a despeito de tudo que tem acontecido nos últimos tempos, é preciso que se diga: ninguém conseguirá deter a ação de um crente, no desempenho de sua fé, apenas alcunhando-o de terrorista ou atacando-o com todo tipo de agressão.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Desgraça, Sofrimento e Felicidade

Pessoas se aproximam do local onde ocorreu a tragédia e, em silêncio, colocam velas, flores e cartazes com frases lembrando os feitos dos mortos ou confortando os seus familiares. Os portões das suas casas, as portas das embaixadas de seus países e mesmo o espaço, diante de monumentos históricos, viram - do dia para a noite - verdadeiros altares em memória aos falecidos. E todas essas pessoas permanecem com olhares fixos, demonstrando tristeza diante do ocorrido, de tal forma que se um extra-terrestre - naquele instante - por ali chegasse juraria que os humanos, verdadeiramente, sofrem diante de tais situações. No entanto, basta que algumas velas aqueçam os vidros, onde foram plantadas e os estouros ecoem por todos os lados, para que a turba ensandecida perca a concentração de pessoas entristecidas, para correr desesperada por sobre velas, flores e cartazes. Isso ocorre porque, ao estourarem os vidros, desfaz-se de imediato a cena montada e algo de terrível vem-lhe a mente: a desgraça ocorrida com aquelas pessoas, concretamente, pode acontecer consigo agora. Acontece que os humanos aproximam-se das catástrofes não por estarem verdadeiramente condoídos, diante do sofrimento alheio, mas para reforçarem a ideia feliz de que consigo tal situação não aconteceu. Percebe-se, assim, a necessidade de ver desgraças nos jornais e na televisão. Como não fora possível ver in loco, as mídias se encarregam de mostrar, e todos querem ver o motorista esmagado nas ferragens, o traficante baleado no chão ou a mãe faminta que tenta amamentar o filho desnutrido e assim por diante. Isso explica porque surgem os engarrafamentos nas vias públicas quando, em uma delas, ocorre algum acidente e mesmo que os veículos envolvidos estejam parados fora da pista; nesse instante os motoristas conduzem seus veículos muito lentamente, já que não podem deixar de ver a desgraça ali acontecendo diante dos seus olhos. E se, por ventura, o sinistro não foi tão grandioso, a desgraça não foi tremenda, de imediato vem a desolação e o expectador exclama, "não foi tanta coisa!". Interessante ainda que a mídia, mesmo mostrando um fato que ocorreu em um lugar distante, pode levar os expectadores a uma maior ou menor comoção, dependendo da força interpretativa do apresentador. Da mesma forma com relação ao local e as personagens envolvidas: a desgraça ocorrida com pessoas famosas ou em lugares glamurosos levam a pessoa comum à necessidade de demonstrar tristeza, como se isso a levasse a um laço de parentesco, a uma aproximação com os envolvidos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Os Atentados: Cultura, Religião e Economia

Nesses tempos de atentados a estádios de futebol, a centros de compra, a casas de espetáculos, a transportes coletivos, ou mesmo a lugares ao ar livre, realizados por grupos armados islâmicos ou por "lobos solitários", simpatizantes da causa islâmica, a alvos ocidentais convém que se faça considerações a respeito. Um ingrediente importante nesse debate é que nada surge do nada, tudo é resultado desencadeado de ações ocorridas anteriormente. A pergunta necessária é: se o mundo árabe existe há milhares de anos e se a religião islâmica surgiu há exatos 1393, por que só agora, no último século, puseram-se a atacar os países de cultura ocidental? Para entender a situação e responder a essa pergunta é preciso levar em conta que ninguém que esteja satisfeito com os seus vizinhos resolve atacá-los de uma hora para outra. Ora, o que ocorreu na França na última semana deve ser relacionado com o que já ocorrera no início do ano no país, com o que vem ocorrendo por toda a Europa, nos Estados Unidos, bem como em países aliados. Que a cultura árabe se distancia profundamente da cultura dos países de matriz européia e, com ela, a economia e todas as organizações sociais. Acontece que, há mais ou menos 150 anos, ávidos de mercado consumidor para seus produtos, bem como de matéria prima para suas indústrias, esses mesmos países ocidentais fizeram com o Oriente Médio o que ficou conhecido como Partilha da Ásia. Com réguas, compassos e transferidores as potências econômicas europeias dividiram entre si os territórios e submeteram os povos sem considerar suas crenças, seus governos e até os seus milenares conflitos de grupos étnicos. Por outro lado, as grandes potências mundiais, responsáveis por políticas econômicas injustas e segregacionistas, continuam nos tempos atuais interferindo na política árabe como forma de beneficiar seus domínios geopolíticos. Inclusive com financiamento a grupos extremistas que lutam contra governos que não aceitam os interesses ocidentais. Como os conflitos no interior do Brasil, em que membros de uma família matam os membros da outra e assim subsequentemente, potências ocidentais matam muçulmanos e muçulmanos matam ocidentais. Certamente que ninguém em sã consciência pode assinar embaixo de um atentado que mata pessoas comuns, não envolvidas na trama, mas não se pode deixar de lembrar que há muita hipocrisia, quando governos - alimentadores do conflito - lançam notas se dizendo condoídos com os atentados.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Homossexualismo, Preconceito e Ação

Nos últimos tempos tem ocorrido debates sobre as desigualdades historicamente presentes na sociedade brasileira. Isso é um bom sinal, mas não o suficiente. Afinal, em cada debate que se abre sempre há defensores da parte mais frágil economicamente, da igualdade entre homens e mulheres ou de brancos e negros, de índios etc; mas dificilmente alguém se aventura a defender as pessoas na condição homoafetiva. Isso significa que a sociedade já cresceu consideravelmente com leis e educação para a defesa das lutas por igualdades e a participação cidadã das diferentes minorias. No entanto, as mudanças andam a passos lentos quando se trata da aceitação dos homossexuais no que tange aos seus direitos. Acontece que as lutas por igualdades de gênero, de raça, de condição sexual ou de qualquer tipo de discriminação precisam ser feitas a partir de um entendimento da mentalidade do preconceituoso e a relação com eles. Significa que somente com leis e discursos pouco ou nada pode ser feito quando se trata desse tipo de discriminação pois se trata de valores e, esses, nada mais são que verdades inquestionáveis. A mente do preconceituoso cria perfis determinando moldes para grupos e passa a entender a sociedade a partir destes moldes estabelecidos; assim, todo negro tem uma forma específica de ser, todo homossexual outra forma, toda mulher também e assim sucessivamente. É preciso entender que a sociedade ocidental pensa a normalidade, numa condição de poder a partir do homem, meia idade, branco e heterossexual e as lutas contra a discriminação dos que estão fora desse padrão já iniciaram muito cedo - mulheres, negros, índios, estrangeiros já estão na frente. Entretanto, os homossexuais - homoafetivos, como quiserem - enfrentam a grande barreira de ter partido para a luta por reconhecimento e representatividade bem depois dos demais movimentos. Mas, além de tudo, pode se considerar a barreira da invisibilidade: homens e mulheres, brancos e negros, nos mais variados cargos públicos escondem a sua condição sexual quando são homoafetivos. Assim, ocorre um círculo vicioso, quanto mais se escondem mais o movimento se fragiliza, quanto mais esse se fragiliza, mas eles se escondem e, assim, mais fortalecem o pensamento do preconceituoso. Enfim, a urbanidade manda que se aceitem as pessoas nas condições em que elas se nos apresentam, as leis precisam atender a essa demanda e a educação deve também fazer a sua parte. Entretanto, a aceitação na sociedade necessita primordialmente que os membros do grupo em questão arregimentem-se, mostrem-se como tais e tenham a coragem de enfrentar e agir.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Oposição, Sebastianismo e a Turba Desinformada

Sobre a importância da oposição em um sistema democrático já se falou exaustivamente em jornais e livros, por cientistas políticos e juristas de todos os lados; o que não se tem falado é o tipo dos opositores - suas ideologias, seus níveis de instrução e politização. Ora, a democracia se alimenta da pluralidade de ideias e, com elas, o debate, o confronto e mesmo o conflito de posições políticas; portanto, é preciso que a contraposição esteja preparada para o embate. É certo que situação e oposição atuam a partir de pontos diferenciados de possibilidades de ação; as dificuldades para o opositor são maiores e podem ser estabelecidas a partir de alguns pontos. Primeiro, a oposição é formada por partidos derrotados na eleição anterior, portanto carregam uma carga de ressentimentos que dificultam a análise isenta das ações; segundo, não possuem o controle do governo, ficando limitados no jogo político; terceiro, não possuem a inserção popular como a situação, vencedora; além de outras dificuldades mais. Quando os opositores estão conscientes da derrota e, democraticamente, aceitam os resultados das urnas tecem suas críticas a partir de ações concretas - apontando falhas reais - do governo em andamento, o que se torna um grande ganho para a sociedade. Entretanto, quando setores oposicionistas não digerem a derrota buscam aliados fora da política (imprensa, judiciário, profissionais liberais etc.), tentam manter coesos os seus eleitores com informações imprecisas e lançam mão de toda sorte de artifícios, a espera é de um golpe possível. Mas o grande problema acontece mesmo é quando essa parcela perdedora de eleitores é formada por um setor da classe média pouco ou nada chegada a leituras, pessoas que se contentam com fotografias, legenda, títulos e notas de rodapé, isso quando se dão ao trabalho de folhear um jornal e abrir as páginas de política ou economia. Na maioria das vezes essas pessoas se alimentam é de mídias sociais, uma terra de ninguém, onde tudo pode e, desinformadas, ou com informações parciais, viram presas fáceis de uma oposição ressentida. E, numa espécie de sebastianismo, a turba desinformada bate cabeça a espera de um salvador da pátria e começa então o boicote e o jogo do quanto pior melhor. Como resultado tem-se um desserviço para toda a sociedade: as ações do governo são prejudicadas, a economia entra em crise, a oposição continua de fora do processo e a democracia é perigosamente fragilizada.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Razão e Ostentação

Muitos pensadores já disseram que o que difere os humanos dos demais animais é esse incrível instrumento de ação, compreensão e controle no mundo, a razão. Não que se queira com essa afirmação isolá-lo como o único ser possível de compreender tudo que ocorre a sua volta, já que diversos animais dão prova de poderem encontrar soluções para problemas complexos. Entretanto, não se pode negar aos humanos a intensa capacidade de entendimento, só possível a mentes muito avantajadas, fruto de muitas buscas por entendimentos em meio a constantes conflitos e percepções. Com essa razão os humanos controlaram o seu próprio planeta e colocaram os demais animais a seu serviço: ou como sua alimentação, para uma simples companhia e até seu corpo para fins estéticos. Dotado desse instrumento poderoso, o animal humano investiu no que chamou de ciência (o conhecimento) e no que chamou de filosofia (uma busca constante por sabedoria). Com esses saberes, profundos e complexos, inventou as máquinas, controlou as forças da natureza - essa mesma natureza da qual ele e sua razão também fazem parte. E, empolgado com seus saberes, pensou que seria possível elaborar métodos de pesquisas tão completos, comparáveis a alavanca arquimediana: todo conhecimento seria possível através de uma estrutura metodológica. Mas mesmo com toda a empolgação, construindo as mais altas tecnologias em máquinas que transmitem imagens e sons de um canto a outro da Terra, que sondam planetas distantes, que extraem a força do átomo ou que alteram geneticamente as sementes a serem plantadas, esses homens perceberam que a complexidade do saber é ainda maior. Percebeu a existência de um vírus inoculado na mente humana - essa mesma mente que se pretende racional - devastando qualquer possibilidade concreta de entendimento da alma humana: a necessidade de ostentação. Esse vírus corrói a tudo e a todos a sua volta. Mas com tal voracidade destrói também a possibilidade de uma ciência a serviço da própria humanidade e destrói qualquer pensamento filosófico que queira buscar respostas para as angústias de homens e mulheres. Enfim, percebe que até mesmo a arte se entrega mais e mais, em meio a possibilidade de ostentação. Isso tudo porque o que se evidência é que a razão perdeu o seu próprio tino; de tão preocupada em entender o mundo dos humanos, ela não foi capaz de pensar a si própria, os seus encaminhamentos e para onde está seguindo. Entretanto, a razão não pode ser descartada simplesmente como objeto em desuso; os humanos precisam dela para seguir em suas sociedades cada vez mais complexas, portanto precisam entendê-la e colocá-la a seu serviço de fato.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quando Uma Guerra Civil é Inevitável

Um ditado antigo dizia que a pior luta se dá entre irmãos; afinal, a convivência faz com que os adversários conheçam os pontos fracos e fortes de ambos e não sintam medo do seu opositor. Talvez por isso, tantas pessoas tenham pavor quando percebem, no encaminhamento histórico, uma realidade política pronta para desembocar em guerra civil, quando membros de uma mesma sociedade entram em conflito de interesses. Os conflitos em uma sociedade se dão primeiramente por motivo econômico, mas desembocam em contrariedades de interesses que vão das relações sociais, raciais, sexuais ou religiosas. Esses conflitos, quando não resolvidos politicamente, de forma democrática, no discurso e no voto, resolvem-se na luta armada, na guerra civil, irmão matando irmão. No mundo, alguns exemplos de guerra civil mostraram-se devastadores na história da humanidade: a França - 1789, os Estados Unidos - 1866, a Rússia - 1917, a Espanha - 1934 e tantas outras ocorridas pelo mundo a fora. Em todas elas milhares de pessoas morreram, confirmando um sistema de poder ou alterando completamente a estrutura implantada. Os conceitos de revolução, de guerra e de guerra civil se misturam, se confundem e dificultam a compreensão do fato histórico a ser analisado. Em geral quando o evento se dá entre uma e outra sociedade se chama de guerra simplesmente, acontece com data marcada e declaração de guerra, com o avanço de uma infantaria e o movimento de uma retaguarda. Já o conceito de revolução que pode estar ou não ligado a um conflito armado, retrata mais a transformação proporcionada. A guerra civil é um tanto diferente: não tem data marcada e nem declaração de guerra; o adversário pode ser o vizinho que mora ao lado, o cozinheiro que prepara a comida, o mecânico que concerta o automóvel, o policial que protege, ou o médico que cura e assim vai. Um grupo, na calada da noite, invade depósitos de armas, canais de televisão, sequestra familiares das autoridades, faz barricadas e as leis - até então instituídas - não mais são aceitas. Qualquer conflito armado não seria desejado por alguém cônscio de suas faculdades mentais, muito menos que aconteça um conflito entre filhos de uma mesma mãe. Entretanto, quando as confluências políticas são desenhadas pelos interesses e privilégios de pequenos grupos, quando burocratas se aferram a estrutura e não mais se vêm como trabalhadores públicos, como tira-los quando os discursos e os votos não mais solucionam? Só resta a guerra entre irmãos, a guerra civil.