quinta-feira, 5 de novembro de 2015
Razão e Ostentação
Muitos pensadores já disseram que o que difere os humanos dos demais animais é esse incrível instrumento de ação, compreensão e controle no mundo, a razão. Não que se queira com essa afirmação isolá-lo como o único ser possível de compreender tudo que ocorre a sua volta, já que diversos animais dão prova de poderem encontrar soluções para problemas complexos.
Entretanto, não se pode negar aos humanos a intensa capacidade de entendimento, só possível a mentes muito avantajadas, fruto de muitas buscas por entendimentos em meio a constantes conflitos e percepções. Com essa razão os humanos controlaram o seu próprio planeta e colocaram os demais animais a seu serviço: ou como sua alimentação, para uma simples companhia e até seu corpo para fins estéticos.
Dotado desse instrumento poderoso, o animal humano investiu no que chamou de ciência (o conhecimento) e no que chamou de filosofia (uma busca constante por sabedoria). Com esses saberes, profundos e complexos, inventou as máquinas, controlou as forças da natureza - essa mesma natureza da qual ele e sua razão também fazem parte.
E, empolgado com seus saberes, pensou que seria possível elaborar métodos de pesquisas tão completos, comparáveis a alavanca arquimediana: todo conhecimento seria possível através de uma estrutura metodológica. Mas mesmo com toda a empolgação, construindo as mais altas tecnologias em máquinas que transmitem imagens e sons de um canto a outro da Terra, que sondam planetas distantes, que extraem a força do átomo ou que alteram geneticamente as sementes a serem plantadas, esses homens perceberam que a complexidade do saber é ainda maior.
Percebeu a existência de um vírus inoculado na mente humana - essa mesma mente que se pretende racional - devastando qualquer possibilidade concreta de entendimento da alma humana: a necessidade de ostentação. Esse vírus corrói a tudo e a todos a sua volta. Mas com tal voracidade destrói também a possibilidade de uma ciência a serviço da própria humanidade e destrói qualquer pensamento filosófico que queira buscar respostas para as angústias de homens e mulheres. Enfim, percebe que até mesmo a arte se entrega mais e mais, em meio a possibilidade de ostentação.
Isso tudo porque o que se evidência é que a razão perdeu o seu próprio tino; de tão preocupada em entender o mundo dos humanos, ela não foi capaz de pensar a si própria, os seus encaminhamentos e para onde está seguindo. Entretanto, a razão não pode ser descartada simplesmente como objeto em desuso; os humanos precisam dela para seguir em suas sociedades cada vez mais complexas, portanto precisam entendê-la e colocá-la a seu serviço de fato.
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