terça-feira, 30 de junho de 2015

Conservadorismo e o Devir Historico

Toda sociedade tem pessoas que aceitam as mudanças ocorridas no devir histórico, em seu turbilhão de acontecimentos, e essas os cientistas sociais os classificam como progressistas - em alguns casos, de militância transformadora, podem ser chamados de revolucionárias. Mas todas as sociedades também têm pessoas que não aceitam as transformações ocorridas historicamente, em seu turbilhão de acontecimentos, e essas são chamadas de conservadoras, ou de reacionárias - dependendo da intensidade dada militância política. Por mais que se sofra por conta das transformações, não se tem como segurar as coisas para que essas não envelheçam, não mudem, não se transformem: as flores murcham, os anos passam, o menino fica velho, a maçã apodrece, assim como as ideias, e tudo que nelas se representam, transformam-se em outras idéias, e mais outras, e mais outras, e mais outras. Isso faz lembrar uma frase popular: "ninguém consegue parar um rio que segue para o mar". Ora, se tudo está em constante transformação, nada mais justo que os negros que foram escravisados lutem pela erradicação de toda forma de atitude preconceituosa contra sua pessoa ou contra seus iguais. Homossexuais, prostitutas e mulheres oprimidas por homens machistas sempre existiram na história da humanidade, nada mais natural que - em momentos democráticos - queiram seu espaço garantido por lei. Um dia o cristianismo foi uma crença rebelde, contrária às leis vigentes, defendido por um grupo de abnegados e assim muita gente foi torturada, desterrada e morta por defendê-lo com todo o seu fervor. A história foi implacável com os aqueles que eram contrários e quanto mais se matavam cristãos, mais cristãos surgiam, fazendo dele a corrente religiosa preponderante em todo o ocidental e a mais influente de toda a Terra. Ou, o capitalismo, que um dia foi um regime econômico marginal, cuja a nobreza medieval tinha aversão, expulsando de suas terras os envolvidos e a Igreja os amaldiçoava-os: hoje o feudalismo morreu e o capitalismo cresceu, provocou mudanças profundas no mundo, já dá sinais de fraqueza e os cristãos vivem ávidos por mais e mais lucros. A sociedade não pertence ao grupo a ou ao grupo b, mas a todos e todos devem se sentir contemplados pela força da lei. Para finalizar, um questão aos conservadores: se não aceitarem a ação implacável das mudanças no devir dos tempos, como explicam a existência de tudo que está a sua volta, já que a eternidade só é reservada aos deuses?

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ignorância: o Racismo e o Senso Comum

Expressões preconceituosas ocorrem no seio da sociedade mesmo sem as pessoas se darem conta; isso acontece porque as manifestações racistas são culturais, portanto, podem ocorrer de forma voluntária ou não. Será um perigo social maior se a manifestação vier de um grupo que se identifica como tal, o que torna sua prática uma espécie de militância e um crime; entretanto pode ocorrer de forma involuntária, carecendo - então - de um tratamento diferenciado. Esse último caso é menos perigoso, mas também é racismo e, como tal, necessita de ser excluído de suas práticas diárias indesejáveis - de piadas, a expressões idiomáticas, a jogos e brincadeiras - atingindo aquelas pessoas em questão, mas sem que o praticante se dê conta. Entretanto, aí retrata-se muito mais problema de ignorância do que propriamente de maldade; nesse caso é preciso instrução, esclarecimento, o que exige um engajamento dos mais variados setores da sociedade. Ora, dentro de um processo natural as sociedades vivem as suas formas de pensar e de agir, periodicamente realizando saltos (menores ou maiores) que mudam continuamente os seus direcionamentos. Assim é o que se vive no Brasil atual, um período de transição entre um relacionamento inter-étnico segregador, excludente e um outro que se espera, inclusivo, homogêneo e distributivo. Se essa realidade é de um período apenas, isso quer dizer que pode ser longo ou curto, turbulento ou não, dependendo dos enraizamentos culturais estabelecidos na sociedade e a condição histórica a que o grupo em questão fora submetido. E isso parece que ocorre até quando - mais tarde - não havendo discriminação, não necessite mais qualquer tipo de enfrentamento. Diante do exposto, é preciso que se leve em conta ainda alguns pontos: dificilmente alguém pode analisar um conflito étnico sem se posicionar politicamente; afinal, as pessoas estão inseridas em um emaranhado social de conflitos e inevitavelmente necessitam de posicionamentos. Ora, nas análises que fazem, deixam transparecer os seus próprios conflitos, os seus mitos e os seus dogmas; quer dizer, emitem seus pareceres a partir de um senso comum. Isso é um problema tendo em vista que as ciências humanas, e as sociais de um modo geral, são ciências complexas e necessitam de determinados cuidados com possíveis tendências quando se pensam em emitir um juízo. Mas enfim, em se tratando não só do racismo, mas de todo o tipo de discriminação, a maldade se combate com a força da lei e a ignorância se combate com a força da educação.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Belchior: Filosofia, Canção e Existência

"Eu sou apenas um rapaz latino-americano / sem dinheiro no banco, sem parentes importantes / e vindo do interior"; assim se define Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, um dos autores das mais belas e inteligentes letras músicais no Brasil. Esse rapaz latino-americano é um cearense de Sobral, estudou Filosofia, Ciências Humanas e fez quatro anos de Medicina - trancando a matrícula para se dedicar integralmente à carreira que se mostrava como promissora. Belchior, como é conhecido, expõe nas suas letras a própria existência na luta pela sobrevida de um nordestino - como ele mesmo descreve: "jovem que desce do norte / disso o Newton já sabia / cai no Sul, grande cidade". Diz ele que naqueles dias de sofrimento, muitas vezes dormiu nas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro, quando cantou em cabarés, teatros, escolas, hospitais e presídios, sempre retratando uma preocupação com a própria sobrevivência e sua perspicaz observação das relações sociais. Suas musicas são lembradas pelo público em geral nas vozes de vários intérpretes da música popular brasileira - de Elis Regina, a Jair Rodrigues e Engenheiros do Hawai, entre outros - mas poucas são as pessoas que lembram das músicas gravadas pelo próprio autor. Alias, poucas são as pessoas que conhecem as letras das suas canções ou as identificam como de sua autoria; mesmo os cantores de bares, em geral, não conhecem suas letras na íntegra. Sem o pedantismo de alguns eruditos, Belchior constrói suas letras demonstrando um profundo entendimento da sobrevida humana, a partir das contradições modernas, sob a ótica dos conflitos sociais. Ele evidencia não só as contradições sociais, mas também as lutas pela sobrevivência, os amores, os anseios, os medos e as frustrações de homens e mulheres. Assim também ele afirma o papel da música, e da arte de um modo geral, nessa luta dos deserdados pelo regime econômico vigente. "Eu não estou interessado em nenhuma teoria / nessas coisas do oriente, romances astrais / Minha alucinação é suportar o dia-a-dia / meu delírio é a experiência com coisas reais", escreve ele em Alucinação, demonstrando a sua intensa veia poética em uma profundidade filosófica. Ou em Como Nossos Pais, quando canta: "Minha dor é perceber / que apesar de termos / feito tudo, tudo, tudo / tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos - e vivemos / ainda somos os mesmos / e vivemos / como os nossos pais".

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Novas Tecnologias e o Reino da Imbecilidade

Muita gente está se perguntando, qual o impacto das novas tecnologias de informação na vida das pessoas? Ou, qual a influência das redes sociais em uma nova configuração da sociedade? Que as sociedades ocidentais vivem uma era digital em que, com a ponta dos dedos, as pessoas têm acesso a informações importantes, precisas, de lugares longínquos - todos entendem. A questão é saber quais os pontos cruciais que essas condições interativas das novas tecnologias nos trazem. Se por um lado houve uma maior democracia nas informações, em uma consequente decadência das mídias tradicionais, por outro, houve a possibilidade desmesurada de exposição de ideias sem qualquer base que lhe dê sustentação. Em outras eras o descontentamento político, econômico e social ficava restrito às áreas das convivências íntimas, aos grupos de amigos, aos clubes, às igrejas, às salas de aula etc. Para a divulgação de uma ideia era preciso escrever um texto, mostrá-lo a outras pessoas pedindo-lhes a opinião para possíveis alterações, e só então enviá-lo para publicação em um jornal - seja ele da tiragem que for. Ou, poderia ser convidado para dar uma entrevista em que o indivíduo se prepararia, verificaria as questões a serem tratadas e no dia e hora marcada; fato esse que seria acompanhado por seus conhecidos mais próximos. Entre tantas mudanças ocorridas com o surgimento da interatividade do mundo digital está a possibilidade de divulgar ideias não elaboradas, não refletidas - tanto sobre a consistência do que se afirma, quanto na interferência sobre a vida de alguém ou de um grupo de pessoas. E outro dado interessante é que com a mesma voracidade com que se publicam coisas, sem qualquer consistência, também se aceitam e se consomem esse tipo de informações. Alguns usuários das redes sociais acreditam piamente que certos deputados estão querendo alterar parte da Bíblia pelo fato de, em algumas passagens, mostrar pontos contra a a homosexualidade. E mais, isso seria feito através do legislativo brasileiro; as pessoas não sabem dizer se isso seria através de um projeto de lei ou uma ou uma emenda constitucional. Isso tudo porque, sabendo do modo como as mídias sociais são usadas e acreditadas pela maioria dos usuários, alguns vivaldinos as utilizam tanto na defesa de suas ideias políticas, econômicas e religiosas, como para implantar inverdades sobre a condição e afirmações de seus oponentes. Acuados, sentindo-se feridos na segurança de suas noções de verdade, pessoas reagem replicando o que acabaram de ler e publicando mais e mais afirmações - sem qualquer nexo possível. Enfim, parece o início de uma nova era, o reino da imbecilidade.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O Congresso Conservador e o Desespero da Mídia

Durante décadas não se pode pensar o dia a dia da sociedade brasileira, sem levar em conta o sistema midiático com todo o seu poder de influência sobre a população. Influência essa, de ordem econômica, política e cultural. Os dirigente das empresas de comunicação sempre souberam dessa influência, assim como sabem hoje que o sistema atual está em perigo tendo em vista o surgimento de duas situações cruciais: por um lado a internet - um sistema que inclui todas as mídias de uma só vez - por outro, a invasão no Congresso Nacional de uma força religioso/fascista extremamente conservadora. Acontece que empresários, jornalistas, atores, escritores e "marketeiros", através das mídias mais comuns - da televisão ao cinema, aos jornais, ao rádio e às revistas - ditaram o modo de vida das pessoas. Sim, houve momentos em que os meios de comunicação de massa ditaram desde os costumes, como hábitos alimentares, vestuários e linguagem oral da população, ao mesmo tempo que ditaram eleições presidenciais, votações no Congresso Nacional e decisões no Supremo Tribunal Federal. Entretanto, desde a última década, uma nova ameaça paira sobre o sistema de comunicação social brasileiro: um conservadorismo político/religioso no Legislativo forçando votações importantes para a sociedade. Para um melhor entendimento da situação é preciso que se perceba que qualquer sociedade que se pretenda democrática, com suas liberdades individuais respeitadas, o Legislativo torna-se o ponto fundamental da estrutura pública. Isso porque, se esse poder estiver formado por pessoas de bem (honestas, com boa instrução, ligadas aos anseios da sociedade, com tendências políticas libertárias etc) a democracia estará preservada. Interessante que num primeiro momento, o pensamento reacionário de boa parte dos congressistas alimentou a esperança midiática de confronto contra o governo social-democrata, por hora instalado - para alguns, "um perigo socialista". Para esses senhores, controladores dos meios de comunicação, os parlamentares com tendências conservadoras fariam uma oposição necessária ao governo instalado; o que não se pensou é que o conservadorismo chegaria aos patamares que chegaram. O resultado foi que o confronto político-ideológico não seguiu apenas contra o governo instalado, mas cambou para o lado de cerceamento dos direitos humanos e das liberdades individuais. Para esses meios de comunicação só resta hoje uma saída: fazer oposição contra esses senhores congressistas conservadores, antes que suas decisões sejam a de cercear a própria liberdade de imprensa. O cerceamento poderia vir como um ataque final a comunicação brasileira.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Classes Sociais e Complexidade

No trato efetivo das relações sociais há uma complexidade muito maior do que se poderia pensar; isso porque não basta que se afirme superficialmente a existência de classes como a alta, a média e a baixa ou, completando, que se defina uma ou a outra. Aliás, o complicador reside na existência de um número imenso de pontos a serem levados em conta; tanto é que, na escala do idealizador da sociologia, o positivista Augusto Comte, a complexidade dessa ciência se posiciona acima de todas as outras. Certamente que não basta, para definir classes sociais, estabelece-las apenas a partir de suas características, próprias do regime econômico capitalista, interpretando-as a partir da posse de determinados bens pessoais ou de certos laços nas relações sociais etc. Antes de tudo é preciso saber que no sistema moderno de divisão de classes esta é apenas uma a mais na totalidade das divisões, em um regime calcado na posse do capital; ou seja: a condição social começa a se definir na riqueza acumulada. Em outros regimes econômicos orientais ou na antiguidade ocidental, a sociedade se dividiu de forma diferente: em um momento foram escravos e senhores, em outros, nobres e servos ou, no esquema de castas, vividos na Índia ainda nos dias de hoje. Pode-se acrescentar também os funcionários dos diversos setores burocráticos nos regimes socialistas, pertencentes, ou não, à Nomenclatura, trabalhadores da agricultura e operários etc. No modo capitalista de produção, para além da divisão proposta por Marx - burguês e proletário - os sociólogos costumam interpretar a sociedade como fora descrito acima, em alta, média e baixa, mas a média, por sua vez, dividida em mais duas. Todas essas classificações sobrevivem e se fortalecem a partir da promessa de uma mobilidade social, característica diferente das outras divisões sociais; de acordo com o acúmulo de riqueza o indivíduo pode subir ou descer na escala social. As classes alta e baixa têm pouco a serem estudadas, tendo em vista que são parecidas e ambas possuem uma autenticidade: se o rico usar uma camisa amassada será visto como alguém despojado, acima das preocupações pequenas, se o pobre aparecer com a camisa também amassada será perdoado tendo em vista as suas dificuldades na luta pela vida. A grande complexidade a ser estudada é a classe média e suas subdivisões; se alguém dessa classe aparecer da mesma forma com a camisa amassada será visto, de forma imperdoável, como alguém desleixado, que não se valoriza como pessoa e que não investe em seu marketing pessoal.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Corpo, a Máquina e a Burocracia

Quando pessoas responsáveis pelo comando de parte do estado agem de forma que traz prejuízo ao funcionamento a um outro setor público, o fazem por dois motivos: ou são ignorantes sobre o funcionamento do próprio estado, ou são conhecedoras do funcionamento, mas trazem consigo más intenções sobre o que fazem. Há muito o que discutir sobre as más intenções, mas esse tema diz respeito à ética e não é o propósito deste texto; entretanto, a ignorância com relação ao funcionamento do estado é algo com o qual está-se propondo no momento. Ora, o estado precisa ser pensado como a totalidade de uma máquina burocrática, cuja eficiência final depende da execução adequada das partes, da mesma forma que cada pistão, o virabrequim, as velas, a fiação, as arruelas e os parafusos possuem funções necessárias no desempenho final da máquina. Assim, a eficiência final na burocracia estatal depende de cada setor: do executivo, com seus ministérios, secretarias, empresas públicas e autarquias; também cada setor do legislativo - a câmara dos deputados e o senado federal, com suas comissões e bancadas; assim como cada setor do judiciário, com suas diferentes cortes, ministério público e outros setores afins. Quando se fala em ignorância se quer fazer referencia a alguém que, mesmo estando no desempenho de uma função, o faz com desconhecimento da totalidade, como se a parte - a qual está lotado - tenha sentido por si só. Muitas vezes isso ocorre com forte defesa de um dado setor, com um sentimento egoísta de corporação, dificultando o desempenho da estrutura como um todo. Ora, o câncer que nasce no pé de um indivíduo é câncer que está no corpo como um todo; é o corpo que está padecendo; doença acometida na cabeça de alguém é doença de um todo. Se o corpo não se preocupar com cada parte acometida, logo a doença tal crescerá, tomando todo o corpo, atingindo assim cada parte. Enfim, pode-se pensar como máquina, como corpo humano ou como estrutura burocrática; a verdade é que o estado precisa de cada setor funcionando como um sistema de cooperação. Se todos os setores funcionarem dentro daquilo que foram estabelecidos como propósito, com um pensamento de que existem como continuação do outro, para dar sustentação ao outro, cada parte da estrutura será recompensada e a sociedade receberá um trabalho adequado dos seus servidores.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A História e a Condição Humana

A ação do homem sobre tudo que está a volta, com suas manifestações culturais, com suas lutas e seu trabalho, inserido em um determinado tempo e um espaço, faz acontecer aquilo que desde os tempos da antiguidade clássica fora chamado de história. Isso quer dizer que é no fazer da sua história que o homem age na sociedade - relacionando-se com seus pares, luta pela vida, transforma a natureza e ao fazer isso, também se transforma. Aliás, se por ventura fosse possível tirar o homem do seu tempo e do seu espaço geográfico, nada mais lhe restaria de humanidade. No entanto, para formar-lhe na condição humana esse animal necessita mais que estar no seu próprio tempo e no seu próprio espaço, necessita ter a consciência da sua existência, da existência do outro e da história na qual está inserido. A obrigatoriedade da consciência da inserção no tempo e no espaço, se deve à necessidade de que se pense o homem como participe das ações de sua sociedade; caso contrário esse deverá ser associado ao gado - aquele ser que, pelo cabresto, é conduzido por outro. Portanto, na sua condição humana o ser deve estar inserido no desenrolar da sua história; ele deve ser um agente integrado e integrador da ação política de seu tempo e não apenas um ser a espera de um herói, de seu senhor. Em geral a história fora definida como o resultado dos registros feitos por esses seres chamados pelos antropólogos como homo-sapiens-sapiens na terra, desde que tais registros foram possíveis através da escrita. Nesse caso, se o homem se define como agente da história, esta é definida como a possibilidade dos humanos registrarem suas ações em sociedade. Mas a história é mais que registros gravados pelos eruditos no desenrolar dos tempos, assim como está para além dos grandes fatos vividos ou comandados por grandes personalidades como reis, generais, presidentes, escritores, artistas etc. A história é a existência da racionalidade na eterna luta pela vida, tanto a vivida pelas grandes personalidades, quanto a vivida pelos indivíduos que não frequentam as páginas da jornais: operário, agricultor, profissional liberal, funcionário público, ambulante etc. Assim, essa definição de homem como diretamente ligado ao fazer histórico, como fruto de seu tempo, traz uma outra indicação: não se pode estabelecer juízo de valor sobre um povo no desenrolar de sua história: a sociedade brasileira vive, à sua maneira, como a Índia vive a sua no seu tempo e nas suas condições. Por outro lado, cada pessoa é um indivíduo, um exemplar único; assim como não há um local para onde seguir, apenas é preciso seguir.