quinta-feira, 11 de junho de 2015

Classes Sociais e Complexidade

No trato efetivo das relações sociais há uma complexidade muito maior do que se poderia pensar; isso porque não basta que se afirme superficialmente a existência de classes como a alta, a média e a baixa ou, completando, que se defina uma ou a outra. Aliás, o complicador reside na existência de um número imenso de pontos a serem levados em conta; tanto é que, na escala do idealizador da sociologia, o positivista Augusto Comte, a complexidade dessa ciência se posiciona acima de todas as outras. Certamente que não basta, para definir classes sociais, estabelece-las apenas a partir de suas características, próprias do regime econômico capitalista, interpretando-as a partir da posse de determinados bens pessoais ou de certos laços nas relações sociais etc. Antes de tudo é preciso saber que no sistema moderno de divisão de classes esta é apenas uma a mais na totalidade das divisões, em um regime calcado na posse do capital; ou seja: a condição social começa a se definir na riqueza acumulada. Em outros regimes econômicos orientais ou na antiguidade ocidental, a sociedade se dividiu de forma diferente: em um momento foram escravos e senhores, em outros, nobres e servos ou, no esquema de castas, vividos na Índia ainda nos dias de hoje. Pode-se acrescentar também os funcionários dos diversos setores burocráticos nos regimes socialistas, pertencentes, ou não, à Nomenclatura, trabalhadores da agricultura e operários etc. No modo capitalista de produção, para além da divisão proposta por Marx - burguês e proletário - os sociólogos costumam interpretar a sociedade como fora descrito acima, em alta, média e baixa, mas a média, por sua vez, dividida em mais duas. Todas essas classificações sobrevivem e se fortalecem a partir da promessa de uma mobilidade social, característica diferente das outras divisões sociais; de acordo com o acúmulo de riqueza o indivíduo pode subir ou descer na escala social. As classes alta e baixa têm pouco a serem estudadas, tendo em vista que são parecidas e ambas possuem uma autenticidade: se o rico usar uma camisa amassada será visto como alguém despojado, acima das preocupações pequenas, se o pobre aparecer com a camisa também amassada será perdoado tendo em vista as suas dificuldades na luta pela vida. A grande complexidade a ser estudada é a classe média e suas subdivisões; se alguém dessa classe aparecer da mesma forma com a camisa amassada será visto, de forma imperdoável, como alguém desleixado, que não se valoriza como pessoa e que não investe em seu marketing pessoal.

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