quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Direita, Volver!

A história tem ensinado que aqueles pensadores que um dia - quando jovens -militaram num partido de direita, mas que depois de um tempo - quando mais velhos - volveram  para uma militância à esquerda, tornaram-se pessoas altamente produtivas e sensatas. Entretanto, aqueles que fizeram o caminho inverso, tornaram-se altamente reacionários, maldosos e cruéis. Alguns exemplos mostram essas afirmações mais claramente; pode-se citar Norberto Bobbio e Jurgen Habbemas. O primeiro, quando jovem,  com sua família, pertenceu ao fachismo italiano, porém  mais tarde abandonou o totalitarismo de Mussolini e tonanou-se reconhecidamente, um socialista-liberal, defendendo igualdades de direitos e oportunidades para todos; o segundo, um dia pertenceu à Juventude Hitlerista, entranto - mais tarde, tornou-se um militante comunista, defendendo a erradicação total das desigualdades sociais. O diferente é que quem sai de um espectro político de esquerda e vai para um de direita, sai motivado por desacordos pessoais; em geral foram grandes estrelas, mas que não encontraram espaços pessoais e se rebelaram. O estranho é que com isso, todas as suas preocupações com transformações sociais, suas lutas por igualdade social e por um mundo melhor, são transformadas em uma frenética busca pela ascensão ao poder ou pela manutenção de privilégios pessoais. Essas pessoas que um dia militaram em agremiações populares e sociais, mas que depois mudaram o seu foco político e que, com isso, ascenderam a altura máxima do poder, viraram tiranos cruéis. A história tem sido clara - em vários momentos - mostrando governantes que outrora foram pessoas preocupadas com o bem estar social do seu povo, mas que se tornaram egoístas e totalitários. Dois grandes exemplo ressaltam isso decisivamente: Benito Mussolini e Adolf Hitler. O primeiro, nos primórdios de sua vida, fora um intelectual de esquerda, até que  deu meia volta e elaborou sua doutrina do Faccio, uma corrente política ultranacionalista e xenofóbica; o segundo, transformou aquele que era o Partido Socialista dos Trabalhadores Alemães, em Partido Nacional Socialista (Nazo). Para finalizar, o que foram ou o que fizeram  o ditador alemão e o ditador italiano, dispensa qualquer comentário.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Prazer, o Sentido da Vida

Alguns pregadores posicionam-se contrários ao pensamento hedonista, acusando-o de materialista ou afirmando que qualquer corrente filosófica, voltada para o prazer, é demoníaca, em desalinho às leis dos céus. O problema é que bem poucas pessoas sabem conceituar devidamente a palavra hedonismo; alguns sabem, mas de maneira distorcida, o que é ainda pior. Hedonismo é uma corrente filosófica, proposta pelo pensador antigo - Epicuro de Samos (341-270aC) - originada do radical grego, "hedon" que quer dizer prazer ou "hedonikos" que quer dizer prazeiroso. A idéia central dos pensadores enturmados como hedonistas, era que o sentido para a existência dos humanos seria a eterna busca pelo prazer. Mesmo aquele que se desapega das coisas boas, terrenas, estaria na busca por uma força prazeirosa em outra dimensão, em uma vida pós-morte, ou coisa parecida. Mas tambem aquele que se despe dos prazeres mundanos, ou vive a ajudar ao próximo, só o faz porque com isso encontra momentos de regozijo. Nesse caso, o sentido todo da existência humana seria sim, única e exclusivamente, a eterna busca daquilo que lhe é prazeiroso. Entretanto, ensinavam os hedonistas, deve-se buscar o prazer com sabedoria, para que este se manifeste de forma mais intensa e mais duradoura. Para isso, o indivíduo deveria buscar a sabedoria, conhecer a si próprio e àquilo que o cerca,  para assim - agir de acordo com suas possibilidades.  Comer dá prazer?Sim. Então deve-se comer, mas é preciso saber a quantia devida, pois em demasia não acarretará prazer, mas um grande mal-estar. Fazer sexo, dá prazer? Sim. Então deve-se fazer, mas para isso é preciso saber como, quando, com quem e em que condições, pois pode vir a ser um grande sofrimento. Assim, pode-se pensar desta forma com tudo o que nos cerca: a bebida, os estudos, o trabalho, as viagens etc. Da mesma forma nas relações pessoais: ser respeitado é bom? Dá prazer? Sim. Mas como se faz para ser respeitado? Respeitando os outros. Assim, Epicuro ensinava a se ter uma vida regrada, não por uma necessidade advinda de fora da existência, mas para se ter mais prazer, mais felicidade, pois esse é o único sentido da vida.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Um Dia, a Morte

Quando Hamlet, o príncipe da Dinamarca, ergue a caveira de Yorick, um falecido bobo da corte, exclama:  "Ser ou não ser, eis a questão!" Desta forma o dramaturgo inglês, Willian Sheakspeare - na peça homônima - tratou de um dos temas que mais assombra os humanos, o outro lado da vida: a morte; ou, como alguns preferem, o ser e o nada. A verdade é que algo abominável  os espreita a todo instante, em cada esquina das existências;  conscientes disso, os humanos não aceitam, mas tudo que existe, um dia nao existiu e um dia não vai mais existir - de forma que nem deveriam falar a palavra "somos", mas "estamos". Acontece que, a partir do momento que as pessoas tiveram consciência de suas existências e entenderam que suas mortes são inevitáveis, de que mais cedo ou mais tarde todos vão morrer, esses humanos passaram a segurar-se nas ciências ou nas religiões.   Todos aqueles que sabem que existem, lutam pela sua manutenção das suas existências e fazem isso quando suprem suas necessidades de alimento, de bebida, de sono ou de abrigo. Certamente que esses seres, quando humanos - por algum motivo, em algum instante - também podem não levar em conta suas existências, agindo então despreocupadamente, descontrolando suas ações e se aproximando de um momento final. Caminhamos dioturnamente em direção ao suspiro derradeiro, orientados para o fim da existência, para onde nada sabemos, a não ser as orientações religiosas. Aos crentes, o pós-morte é uma continuidade de bom ou de ruim, dependendo das ações dentro das suas existências; aos descrentes, ao contrário, o depois da passagem, da virada, nada mais resta: Jean-Paul Satre falava em "o ser e o nada". A verdade é que o que aconteceu de mais importante até hoje para todos os seres vivos, foi o nascimento e a segunda coisa mais importante que vai acontecer, será a morte; ou seja: cada segundo a mais que se vive, é um segundo a menos na existência  de cada ser. Era disso que Sheakspeare clamava por um entendimento: "Ser ou não ser, eis a questão". Sim, pode ser contraditório, mas é real: os seres nascem para morrer, tudo é pó e tudo ao pó tornará; mas a razão não é suficiente para fazer entender e é sabido que, se tudo tem um fim, até o pó findará. Nada é perene.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Direita e Esquerda, Tudo Outra Vez

Quando se volta a falar das posições políticas de direita e esquerda, parece se ouvir o título da música de Belchior, Tudo Outra Vez, ou o conceito  filosófico de Friedrich Nietzsche, o eterno retorno. Ora, a uma estrutura dada, parece natural que cidadãos se posicionem contra ou a favor; seria aquilo que os cientistas sociais chamam de política de direita ou de esquerda. Que um cidadão comum, alguém que nao tem um maior compromisso com um grande público, confunda os conceitos, se auto-declare de direita ou de esquerda e contradiga com suas afirmações,  vá lá! Afinal, Política é uma ciência complexa e ninguém é obrigado a dominar todas as áreas do conhecimento; as pessoas têm o direito de se confundirem. O que perturba são afirmações de pessoas responsáveis por um grande público, como professores, jornalistas, juristas e mais outros, se auto-declararem de direita ou de esquerda, completamente fora das suas preocupações políticas, completamente fora de seus discursos e de suas práticas. Outros, ainda pior, declararem que isso não existe mais, esses conceitos já estariam acabados. As pessoas podem se declararem de uma ou de outra posição, quem defende um sistema democrático deve aceitar isso, o que não podem é se auto-afirmarem de direita, mas nas suas falas expressarem desejos de mudanças no "statos quo". É inaceitável. Essas pessoas não são nem uma coisa, nem outra; assim como não são intelectuais, mas péssimos professores, péssimos juristas, péssimos jornalistas, ou outra coisa que o valha. Assim como não é aceitável que alguém se diga de esquerda e se posicione contrário a políticas de distribuição de renda ou políticas afirmativas contra os preconceitos de toda a ordem. Certamente, é mais um desorientado, sem a menor condição de desempenhar a função que ocupa, dando apenas palpites sobre isso ou sobre aquilo. Os que afirmam serem esses conceitos defasados, parecem serem eles verdadeiramente os de direita; sim, porque parecem saber exatamente o que é isso e se envergonham de suas posições, portanto afirmam a não existência.  Enfim, a estes últimos não se tem muito a dizer, a não ser que enquanto houver sociedade alguns serão sim a favor do sistema, enquanto outros serão contra. A Ciência Política  tem os conceitos de direita e de esquerda sim e eles traduzem a posição que o cidadão possui frente ao regime econômico, político e social vigente, mas para alguns parece que é necessário eternamente retornar ao ponto; tudo outra vez.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Viver Para Sofrer

Se tem uma experiência que é inerente aos humanos, que os acompanha por suas existências e que se manifesta voluntária ou involuntariamente, é o sofrimento. Os humanos vivem, portanto experimentam a felicidade, mas também sofrem; uma emoção negativa que se instala nas pessoas quando estas sentem as suas dores, assim como quando presenciam as dores das pessoas queridas ou quando são contrariadas naquilo que defendem para si ou para os outros O pensador alemão, Arthur Schopenhauer, já dizia que os humanos vivem para sofrer e que têm apenas alguns picos de felicidade, mas que ao conquistar o que almejam, ou ao suprirem suas necessidades, logo voltam ao estágio do sofrer. Esse sofrimento pode ser físico - a fadiga, a dor ou sustentação de um peso, e ou mental - a contrariedade de pensamento, os sentimentos de injustiça, de inferioridade e exposição pública de forma indevida de um modo geral. Entretanto, o sofrimento não é um mal por si só. Algumas seitas religiosas ensinam à resignação, como forma de elevação, na corrida da condição humana para um possível além, ou ensinam que o sofrimento é uma forma de provação divina e que depois virão as recompensas. O auto-flagelo em todas as suas formas, como o açoite ao próprio corpo, o jejum (a fome voluntária), o transporte de pedra sobre a cabeça ou a romaria (o ato de percorrer por longo caminho para chegar a um lugar sagrado) - para muitos podem ser uma formas de purificação. Se o sofrimento pode servir ao propósito de provar para si a capacidade de controle ao próprio corpo, a sua manifestação pode também servir para chamar a atenção daqueles que se posicionam em seu entorno. A chamada vitimização, por exemplo. De que forma? Algumas pessoas, ou grupo de pessoas, ou religiões, ou etnias inteiras, se mostram como vítimas sofredoras - pois assim, todos ficam condoídos e eles conseguem seus intentos. Enfim, o estoicismo já ensinava, na Grécia antiga, que uma maneira de elevar-se como pessoa seria suportando as variadas formas de dores; sim, alguns estóicos, provocavam em seus próprios corpos ferimentos para assim, suportarem e provarem para si mesmos suas forças. Para eles, a pessoa elevada é aquela que suporta, não só as suas dores físicas e mentais, mas também todas deliberações e necessidades, provenientes de seus instintos naturais.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Democracia e Complexidade

Democracia é aquele conceito complexo, requerido por todos, batido, realimentado, mas nunca definido satisfatoriamente. É requerido por todos porque é um conceito simpático; além do espaço político partidário, é comum que pessoas, das mais variadas funções, se digam e se pensem, como tal. Assim, alguns representantes do estado, escolhidos por um sistema meritocrático, também se arvoram e tomam determinadas decisões para assim parecerem democráticos. O conceito usado e tão valorizado na modernidade, é uma cópia feita aos antigos gregos, mas de uma forma inadequada. A democracia vingou em Atenas por um período, mas isso não significava participação popular geral. Somente homens, livres, cidadãos e maiores de 21 anos votavam e podiam ser votados; as mulheres, os não nascidos em Atenas, os escravos e os menores de 21 anos ficavam alheios ao processo. Mas mesmo os piores ditadores, comandantes de governos autoritários e totalitários, atraíram para si a pecha de democratas; e mandaram matar aqueles subversivos que ousaram dizer "vocês não são democráticos". Alberto Fujimori, há alguns anos, que fazia no Peru um governo de exceção, ao ser questionado por repórteres brasileiros "quando voltará a democracia ao seu país?", ficou irritado, disse que era um democrata e que tudo fazia pela democracia. Ou seja: todos os sistemas políticos se dizem democráticos. Os liberais conceituam da seguinte forma: quem quer fazer turismo nas ilhas gregas pode ir, a hora que quiser, mas para isso é preciso que tenha dinheiro - se não tem, não vai; os socialistas também, quem quiser passar semanas nas ilhas gregas pode ir, mas para isso precisa ter condições para todos irem, se não há, ninguém vai. Alguns resumem democracia á possibilidade de votar e ser votado, seja na condição que for, seja na forma em que a sociedade estiver. Essa conceituação é frágil; passa pelo voto sim, mas é mais que isso - afinal, pode haver eleição como forma de mascarar um sistema opressor. A democracia deve ser entendida como: moradia digna, educação de qualidade, segurança plena e emprego com renda digna, para todos - e só depois disso, lá no final, é que vem a eleição, o voto.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Eleição, Democracia e Debate Consciente

A cada dois anos o Brasil passa por um processo eleitoral: num momento elegem-se os representantes municipais - prefeitos, vices e vereadores, num outro, os estaduais e federais - deputados, senadores governadores, presidente e seus vices. Isso acontece há mais de 20 anos, as eleições são democráticas e se dão como um grande evento, mobilizando expressivo exercito de candidatos e seus simpatizantes, por todo o pais. O sistema eleitoral brasileiro ainda possui falhas a serem sanadas e, nos últimos tempos, discute-se intensamente no Congresso Nacional alguns pontos basilares, como o financiamento público (ou privado) de campanha, se os votos devem ser distritais ou por todo o colégio eleitoral. Outros pontos menos fortes - mas também importantes - se discutem, como a reeleição para os cargos do Executivo, a representação de cada partido político no Congresso, assim como os seus respectivos tempos de televisão na chamada propaganda eleitoral gratuita, entre outros. Sem duvida, há algumas diferenças básicas, entre a eleição municipal com suas particularidades e a eleição federal; se numa os conflitos gerais do País entram no debate, como os altos impostos, o salário mínimo, a distribuição de renda pelas classes sociais, a construção de mais portos ou mais rodovias etc; no outro, as questões são locais: o orçamento do município, o saneamento básico, a coleta de lixo, a violência urbana ou o transporte público etc. Só em Santa Catarina, nesse ano de 2014, um número de 4.776.435 eleitores vai escolher, além do presidente e do governador, um novo senador, 16 deputados federais e 40 estaduais. O senso comum já entendeu que o jogo político, de forma democrática, é importante e necessário e que toda a sociedade precisa participar ativamente. Aliás, virou discurso fácil dizer da importância de uma eleição como essa - para todos - quando o destino dos 200 milhões de pessoas será traçado. Entretanto, é preciso dizer que sim, a festa eleitoral democrática é linda, mas o que falta, e em quantidade, é o debate político consciente por de brasileiros e brasileiras. O que isso quer dizer? Falta um debate com conhecimento de causa, para além muito das tendências midiáticas. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Classe Média e Ostentação

Uma certa semelhança se percebe entre as duas divisões sociais contrárias, a classe alta e a classe baixa, ficando a classe média existindo como um singular jogo sociológico, na dinâmica das sociedades humanas. Isto porque, esta última tem se mostrado muito diferente das anteriores, de forma que os sociólogos a dividem ainda mais em outras partes. O que a diferencia das demais são suas necessidades, criadas como forma de ostentação, e a possibilidade de suprí-las ou não. O motivo das classes contrárias, alta e baixa, serem semelhantes é que, se por um lado o rico não  necessita da tal ostentação - afinal, seu nome, por si só, se faz aceito, é o seu cartão de visita, o pobre, não tendo poder aquisitivo para ostentar, não sente essa necessidade e, por vezes, nem sabe que isso existe. Por exemplo: se o rico usar uma roupa envelhecida será aceito socialmente, sendo visto como alguém de posse, porém simples - o pobre, por sua vez, se for visto com tal tipo de roupa, também será aceito, tendo em vista as suas devidas necessidades. Então, o grande diferencial nas sociedades modernas ocidentais é sim a chamada classe média que, se por um lado não tem nome de família, por outro, não chega a ser miserável, ou seja: tem algo a perder e algo a ganhar. Esse seguimento necessita desesperadamente ser aceito socialmente, portanto precisa ostentar  e o faz, usando jóias, mostrando o carro do ano, ou a casa nova, falando de bebidas caras ou das viagens que realizou; mesmo que isso lhe cause um caos financeiro e a privação de uma tranqüilidade mental. Ocorre que algumas pessoas de classe média adquirem objetos com preço, muito além das suas possibilidades, com financiamentos de vários anos, comprometendo o seu orçamento, mas que assim poderá ser admirado por seus pares. Esse mesmo segmento também entende que a instrução, a leitura, faz bem para  qualquer pessoa, mas não se dispõem a buscar uma literatura que acrescente um conhecimento com alguma complexidade, reduzindo-se a uma leitura de auto-ajuda ou coisa que o valha.  Enfim, se for um pequeno empresário, profissional liberal, ou um funcionário público, passará a maior parte de seus dias sonhando com melhores momentos ou reclamando contra as decisões governamentais. A maior parte nunca estará contente com a função que executa no momento e se manterá de olho em todo concurso público que encontrar, já que assim poderá ter, além de um possível prestígio, também uma almejada estabilidade.