segunda-feira, 31 de março de 2014

Os Seres Falantes e Suas Aspas

A comunicação oral é um fator preponderante na constituição das sociedades humanas; ela surgiu de forma variada, a partir da formação dos primeiros grupos de pessoas, em todos as partes do planeta. Expressando sons de cliques ou sons produzidos pelas cordas vocais, somados aos gestos faciais e corporais, homens e mulheres se expressam uns aos outros e assim se relacionam.  Para melhor se entender e sedimentar as historias vividas e fatos contados, até então repassados de forma mnemônica, desenvolveu-se a escrita, um fenômeno historicamente acoplado a fala, surgido há quase seis mil anos e que nos dias de hoje é, cada vez mais, indispensável.  Uma linguagem é composta de símbolos arbitrários que retratam sons e estes, por sua vez, retratam palavras, mas que separados ou amparados por pontuações e acentos de toda a ordem, dão sentido ás falas e aos textos. Acontece que, há alguns anos, apresentadores de TV, com o intuito de jogarem as expressões comprometedoras na boca de suas personagens, expressadas no jornalismo, começaram a falar "abre aspas" e "fecha aspas". Não demorou muito, num pais em que a televisão  dita as regras, o modelo se propagou como pólvora e passou a ter uso geral, do magistrado ao parlamentar e ao professor. Alias, com isso, o cidadão comum ainda acrescentou um reforço ás tais aspas, passou a gesticular com os dedos, indicadores e médios, de cada mão, representando as mesmas. Ora, quem estuda expressão oral, sabe que um texto, ao ser lido, pronunciam-se as falas expostas; os ascentos e pontuações fazem parte estrutura da oração, mas não fazem parte da fala. Servem para modular o discurso e dar o tempo certo para a fala e é preciso usá-lo adequadamente para que o falante alcance uma entonação adequada. Quando afirmo: "o fulano falou", devo usar uma entonação tal que diga ao meu interlocutor  a existência das aspas na frase. Do jeito que está sendo posto, poderíamos falar, alem das palavras - tambem as pontuações, o acento, o til, ou a cedilha. Seria algo assim: João - til no a -virgula - irmão - til no a - de Jose - acento agudo no e - virgula - falou - dois pontos e abre aspas - como isso funciona - fecha aspas e ponto de interrogação - Jose - acento no e - respondeu - dois pontos - abre aspas - preciso aprender - fecha aspas ponto final  Ou: João, irmão de José, perguntou: "como funciona?" José respondeu: "preciso aprender".

quinta-feira, 27 de março de 2014

Economia das Palavras

A língua falada, o idioma, pertence ao povo que fala e não ao livro que o expõe e mostra as suas regras. Entretanto, é preciso que o mínimo de regras seja observado, tendo em vista que a comunicação só acontecerá caso os interlocutores conheçam as regras da tal linguagem. Algumas línguas já foram importantes e hoje são ditas mortas, como é o caso do Latim e do Sanscrito; outras, são as inúmeras línguas faladas na nossa época. No entanto, as ditas línguas vivas sofrem a ação da história numa constante mutação, enviando e recebendo influencias de outras línguas, a partir das relações entre os povos. É o caso do Brasil que trouxe para cá o Português, uma língua latina, cheia de influências gregas e árabes e que aqui acrescentou expressões indígenas e africanas. Mas tempos mais recentes ainda recebeu influencias do idioma Francês e atualmente recebe do Inglês. Se por um lado há as influências de um idioma ao outro - internamente, o próprio falante tambem vai alterando o seu falar na rapidez das suas pronuncias; um dia vossa mercê foi falada, mas que então, virou vós mecê e que posteriormente virou você. Ora, se fizermos um estudo etimológico, veremos que na sua origem, muitas palavras surgiram destas constantes adaptações do falar. Por outro lado, a existência viva da palavra nada tem a ver com os chamados, vícios de linguagem; com eles não é o caso de serem ou não absorvidos pelo idioma. Esse caso é de retratarem a origem e a instrução do falante: os excessos de "né", de  "pois então", de "a nível de". Não que essas palavras não possam ou não devam ser faladas, mas é preciso que se faça um pouco daquilo que Graciliano Ramos bem ensinava, os excessos devem ser eliminados; deve haver a economia das palavras.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Unificações e separações, lutas políticas e economicas

Nos tempos atuais, quando se fala em pós-guerra fria e os seus desdobramentos, parece que o separatismo anda solto pelo mundo a fora. Há alguns anos houve o desmembramento da URSS (União das Republicas Socialistas Soviéticas) e, a partir daí, surgiram varias unificações e separações. A antiga Iugoslávia se despedaçou por inteira; os povos que a compunham formaram novos países: Kosovo, Montenegro, Eslovénia, Croácia, Bósnia, Servia e Macedónia.   Nas ultimas semanas a mídia dá conta da separação da Crimeia com relação a  Ucrânia, apoiada pela Russia; quase 96% da população optou por sua autonomia. Certamente, sabe-se que ali a situação é milenar. Afinal, a Crimeia já pertenceu ao antigo Império Russo, ainda nos tempos czaristas, depois - durante todo o período de vigência da URSS e, mas recente, pertenceu (ou pertence) à Ucrania. Na Espanha, unificada no inicio da era moderna, voltam-se agora ás linguas regionais, como o catalão e o castelhano, devido ao crescente sentimento separatista; sem contar com a eterna luta dos vascos (ou bascos) pela criação de seu pais. Agora, foi a vez da população de Veneza, vai ás urnas para decidir a separação da Itália e a formação da Republica da Sereníssima Veneza. Alias, na Itália sabe-se, há muito tempo, da existencia da Liga Norte, um grupo radical de direita que considera italianos apenas os nascidos entre Roma e o norte do País. Nesse rastro, há alguns anos, um grupo de sulistas brasileiros também proclamaram um movimento chamado, O Sul é Meu Pais; a ideia seria a unificação dos três estados do Sul, mas que foi um movimento natimorto. O problema é que esse pretenso pais seria um Brasil em miniatura e com as mesmas falhas que levaram ao pensamento separatista, a concentração de poder em uma dada região.   As separações e as unificações acontecem, não por serem representadas por grupos do bem ou do mal, mas por fazerem parte dos interesses dos envolvidos. Esse fenômeno, com a formação de novos países, com uma delimitação territorial e o estabelecimento de um estado soberano, é um processo natural desde o inicio dos tempos. Entretanto, pode-se dizer que suas raízes são - ao mesmo tempo - políticas e econômicas e acontecem em momentos específicos: primeiro - quando se vislumbra um crescimento econômico, a tendência é o agrupamento; quando há uma queda nas perspectivas, o contrario, a separação.

sábado, 22 de março de 2014

Amigo é para sempre

Certa vez, ouvi uma frase forte que me chamou a atenção: "um amigo verdadeiro esconde um cadáver pelo outro". Durante algum tempo fiquei a raciocinar sobre a essência de uma amizade: um sentimento de amor pelo outro, um estar para o outro de forma desinteressada. Então a pergunta: o que é necessário que haja na relação social, para que alguém seja chamado de amigo? Ou, o que é amigo? Certamente que a palavra mais difícil de discernir no idioma Português é, sem duvida, amor. Mas isso ainda nao é exatamente, amizade. Amor pode ser usado para designar o sentimento existente numa relação entre pai e filho, na paixão entre pessoas de um modo geral, ou na relação sexual; alias, sexo e amor podem ser sinônimos.  A amizade, esse correlato do amor, para alguns, teve origem no instinto de sobrevivência da espécie humana; seria uma necessidade natural de proteção para si e por outros seres. Entretanto, esse correlato, a amizade, é o que existe de mais elevado numa relação, já que é um sentimento baseado numa proximidade, em cooperação e em cumplicidade, entre homens e mulheres. Amigo é aquele que mantém com outro uma relação de conhecimento mutuo, afeto e lealdade. O indivíduo para receber o adjetivo de amigo deve ser alguém que critica o outro, cobra, exige do outro o que considera correto, mas também o apóia de forma incondicional. Não se pode dizer que haja falsos ou verdadeiros amigos. O que se poderia chamar de falsos, se o é, simplesmente nao existe; só restam os verdadeiros, que simplesmente são amigos. Estes se conhecem, muitas vezes, mais que os próprios familiares,  atuando - quando necessário - como confidentes e leais apoiadores. Sim, se ser amigo de alguém é assumir compromissos, é assumir as dores do outro, é fazer a sua defesa e isso gera desconforto. Neste caso, uma amizade nunca acaba, só acaba a relação que nunca foi amizade. Já os falsos, os não amigos, são os egoístas, os aproveitadores; são aqueles que se aproximam de alguém, em busca de um retorno material possível, ou são aqueles que estão em busca de uma posição social confortável. Esses, se dizem amigos até o surgimento da primeira dificuldade, dali em diante se afastam e deixam o outro sozinho, mesmo que este esteja precisando demasiadamente.

quinta-feira, 20 de março de 2014

O que é investir em Educacao?

    No Brasil permanece o debate sobre a necessidade de mais investimentos públicos em educação, algo que foi tomado pelo senso comum e que agora é repetido aos quatro cantos. Sim, uma necessidade que nao precisa ser catedrático nas ciências das  humanidades para se constatar. E assim, de forma uníssona, se clama por educacao por todos os lados, das maiores instituições jornalísticas do país, ao Facebook.     Ora, o que nao se tem falado, e aí reside a fragilidade de tal debate, são as impertinentes perguntas necessárias: o que significa investir em educação? Esse investimento seria de mais salas de aulas? O implemento de tecnologia na didática? Ou seria, aumentar o número de alunos em cada sala de aula? Quem sabe, seria melhorar o salário dos professores? Enfim, há uma infinidade de outras perguntas que suas exposições só aumentaria em demasia essa nossa fala.     Mas nessa totalidade, uma pergunta vem necessariamente a tona: qual é a participação dos brasileiros na vida escolar de seus filhos? Sim, esses mesmos, os que clamam por melhor educação. Quando que esses homens e mulheres foram a escola e se dispuseram a colaborar com a instituição, ou acompanham o dia a dia escolar de seus filhos?     Ora, aqui no Brasil os mais pobres participam pouco, tendo em vista a sua luta pela sobrevivência; nesse caso, as crianças são representadas pelos irmãos, pelos avos, tios ou vizinhos. Os mais ricos tambem não têm tempo para isso; e, nas suas lutas pelo enriquecimento, as reuniões de pais são representados pelas babás. Alias, os filhos desses últimos, estão sempre cheios de peças tecnológicas, como se isso substituísse a paternidade.     Certamente que é preciso escolher qual caminho a sociedade deve tomar, se quer mais presídios ou mais escolas. Certamente que os programas governamentais precisam privilegiar investimentos em educação; entretanto os legisladores, os magistrados e o promotores devem dar a devida atenção de seus setores. Assim como a sociedade civil, de um modo geral, precisa tomar posição - fazendo a sua parte: as empresas, o que fazem pela educação, sem esperar retorno financeiro? Ou a imprensa, quando vai começar a noticiar as inovações e os grandes trabalhos praticados pelas escolas, em vez de só destacar as desgraças, ou o que ocorre de ruim?

segunda-feira, 17 de março de 2014

Mãe, mulher e complexidade

Madre, mère, mutter, mother, mãe. Nas variadas culturas, é essa a figura que dá as linhas centrais da existência, uma condição - mais que um instinto animal, responsável pela procriação - é uma das tantas instituições que balizam  o fazer-se humano. A maternidade é a caracterização  da feminilidade, mas que a nova ciência e o novo Direito deram uma outra dimensão e possibilidades. Quando Hilton Japiaçu, renomado psiquiatra, pensador paulista, assevera: a mãe é o pior mal da humanidade, leva sua platéia á contestação. Como pode esse homem falar desta forma da mãe, essa instituição cantada em verso e prosa? O que Japiaçu critica é a prática da mulher-mãe, a superproteção que segue  prejudicando a formação do indivíduo, mas que é reconhecida a importância. Aliás, o monoteísmo judaico do Deus-Pai - todo poderoso, só teve acesso ao ocidente quando se introduziu a figura da Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens. Na Grécia, se a política (coisa da polis) era tratada pelos homens na ágora, a casa cabia a meter (mãe), a verdadeira ecônoma dos helenos. Na Ásia Menor figurava Cibele, a Deusa-Mãe, aquela que fez o céu e a terra, já na América, os incas pediam proteção a Patcha-Mama, a Terra-Mãe. A complexidade em torno dessa figura, fica ainda maior se pensarmos com os pós-modernos: a união civil de homo-afetivos, a inseminação artificial, as possibilidades de barriga de aluguel e todas as novas estruturas familiares. Recentemente, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a sociedade necessita um ré-arranjo na condição materna de um modo geral Enfim, quando se diz que a instituição mãe é a grande responsável pelo fazer-se humano está se dando á figura da mulher a condição de traçar a estrutura moral de homens e mulheres. É esta mulher-mãe, ou qualquer um que ocupe essa posição, quem de fato repassa primeiro, e fortalece, as nossas vontades e os nossos anseios. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Burocracia, o que é isso?

Etmologicamente, burocracia é buro mais cracia - ou escritório mais governo/administração. A expressão vem do Francês bureau (escritório) que por sua vez surgiu de um pano grosseiro, marrom avermelhado, chamado burel que, em épocas passadas, fora usado para confeccionar a vestimenta dos monges e penitentes, bem como para cobrir a mesa, onde se faziam cálculos. Posteriormente, a expressão buro passou a ser de todo o espaço administrativo. Acontece que com a modernidade surgiram as grandes corporações empresariais e isso levou ao crescimento de uma complexidade administrativa que só fora resolvida com a racionalização dos processos. Da mesma forma isso aconteceu com o funcionamento dos estados que, com o aumento de suas atribuições, sentiu a  necessidade de repensar também as estruturas governamentais, dando origem ao que conhecemos como burocracia. Na era moderna, com o desenvolvimento das duas ciências - a Sociologia e a Administração de Empresas - começou-se a dar uma maior atenção a esse intrincado fenômeno, estabelecendo uma cientificidade. Sua definição, por excelência, muito longe daquilo que ficou estabelecido pelo senso comum, é uma estrutura organizativa com regras e procedimentos, divisão de responsabilidades, especialização do trabalho e obediência a hierarquias. Mas se a burocrata é a racionalização dos processos, é preciso - a principio - que se estabeleça o conceito de razão. Qual seja: a capacidade de agir sob medida, ou numa relação direta entre os fins aos meios; nesse caso, seria um agir, tirando toda a possibilidade de paixão, toda a possibilidade mística ou ritualística. Enfim, quando se diz que burocracia é a racionalização de uma administração, se afirma que esses processos devem acontecer sem vontades ou interesses pessoais. O cidadão comum tem na burocracia um termo pejorativo, de excesso de papeis, carimbos e protocolos; entretanto, isso nao é a burocracia, mas pode ser a irracionalidade de tais processos e por isso, formam-se discursos errôneos.  O sociólogo alemão, Max Weber, que foi o maior estudioso do fenômeno, estabeleceu que a burocracia como sendo uma organização eficiente e eficaz, garante a rapidez, a racionalidade e a homogeneidade na observação das normas; bem como a redução de discriminações - decisões iguais para situações iguais.

terça-feira, 11 de março de 2014

Violência e Sociedade

Difícil de destrinchar porque é um conceito complexo. A violência, está sendo tema de debate nas academias, tirando o sono dos governantes e atormentado a população em geral no seu dia a dia. A complexidade do tema se deve ao fato de que é este um fenômeno que possui os mais variados fatores e nuances; e pior, as soluções momentaneamente nao se vislumbra. Nas academias o tema é visto com desconfiança, medo e até descaso. Primeiro porque não há valorização de pesquisas sociais, políticas e econômicas - não há retorno financeiro para a universidade (alem do que a segurança pública é tratada por um sistema político-militar intransponível - nao há espaço para ingerência acadêmica); segundo, porque há um domínio do senso comum em alguns pontos (idade penal, pena de morte, sistema prisional, divisão de renda) e que necessita algum despreendimento. Por outro lado, tira o sono dos governantes porque o homem público tem em suas mãos uma população carcerária altamente dispendiosa, insubmissa e, nas ruas, uma população delinqüente agindo cruelmente. Se por um lado não há verba suficiente para ações afirmativas, eficientes, por outro, as leis são inadequadas e há falta de um plano de carreira descente para o funcionalismo; tudo isso prejudica a situação quando se pensa na busca de soluções. Resta ao cidadão comum - aquele que tenta cumprir os rigores da Lei - viver atônito, amedrontado, pedindo socorro. Quando falo de cidadão comum, quero dizer a classe média baixa, pois as altas classes da sociedade trancam-se em condomínios eletrificados, guarnecidos dia e noite e desfrutam de seus automóveis blindados.  Cabe ao cidadão comum, aquele que verdadeiramente é o trabalhador, o assalariado, o pequeno empresário, o professor, o profissional liberal, segurar as consequências. É esse cidadão que - muito além da violência nas ruas - já tem que agüentar a morosidade e o descaso da burocracia pública.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Meus Pêsames Zé Ramalho

De tanto apreciar as musicas, as ideias e os textos de Chico Buarque, um dia desejei a sua morte e ao falar isso à pessoas mais próximas, fui censurado de imediato; um contra-senso, não havia o menor sentido. Mas em seguida expliquei, Chico Buarque é um grande compositor, um grande poeta, um grande intelectual, eu tinha medo que um dia ele fizesse alguma declaração infeliz e que se desfizesse a imagem dele, tão bela, construída em minha mente. Ate hoje, o compositor de A Banda e que pediu ao Pai que lhe afastasse o "cale-se/cálice", não decepcionou. Mas a todo instante lê-se os maiores cacos de artistas que ate pouco tempo faziam um discurso com preocupações sociais e humanísticas, eram aquilo que Antônio Gramsci chamaria-os de "intelectuais orgânicos". Sim, cantores decadentes, cineastas que não deram certo, mas também professor de sucesso e aí por diante, desdizendo na mídia, tudo o que falaram um dia Hoje leio nos blogues a entrevista que Zé Ramalho deu ao Estadão, falando as maiores barbaridades, mostrando-se preconceituoso, elitista e pior, mostrando o quanto não conhece de política. Entre outras, ele se diz descontente, pois tem que "andar de avião com todas as cadeiras chapadas, não há mais primeira classe, executiva, é pra tudo ser igual”. Diz ainda, que agora tudo está sendo igual e nos aviões estão tendo que se contentar com um "kit Bauduco". Não apreciar o governo instalado e fazer-lhe oposição, é um direito legitimo, cidadão. Agora dizer que estão fazendo tudo igual e isso é chato? E mais, ele se contra-diz,  porque - ao mesmo passo que condena o governo Dilma, se opõe aos que protestam contra a Copa. Alem disso, fala em Social-Comunismo. Alguém saberia dizer o que isso significa?  Quem estuda Ciência Política sabe da existência da social-democracia, do socialismo ou do comunismo. Alias, comunismo nunca foi implantado - pois, assim como o anarquismo, este nao admite a existência de qualquer governo. Para alguem que compos Admiravel Gado Novo, que cantou o amor, falar o que falou, só há algumas possibilidades: 1) o repórter inverteu as suas afirmações; 2) estava sob efeito de drogas; 3) bateu com a cabeça; 4) sempre foi um grande mentiroso e forçou uma preocupação social visando a venda de discos. Será que gravou Cidadão, música de Lucio Barbosa,  sem prestar atenção na letra? Só pelo sucesso? "Tá vendo aquele edifício, moço? /Ajudei a levantar / Foi um tempo de aflição / Eram quatro condução / Duas pra ir, duas pra voltar..." Vida longa ao Chico!

terça-feira, 4 de março de 2014

Ucrania - Leste e Oeste, tudo outra vez

     Em 1914 o arquiduque autríaco era assassinado em Saraievo, explodindo a Grande Guerra Mundial que desembocaria na Segunda Guerra e, consequentemente, naquilo que ficou conhecida como Guerra Fria. Hoje, cem anos depois, acompanhamos algo de muito parecido que volta acontecer e não muito distante dali, movimento oposicionista na Ucrânia depõem o presidente eleito.     Quando vemos o tabuleiro posto e as pedras se mexendo, pensamos se tudo está-se repetindo, num confronto entre Leste e Oeste. Mas aí lembramos da frase do jovem Marx, afirmando que a Historia se repete duas vezes, a primeira como tragédia e a segunda como farsa. A verdade é que as personagens são as mesmas e o contexto se repetindo, parece um filme sendo reprisado.      Sim, a Russia tem seus interesses históricos sobre toda a região, desde os tempos do grande Império Russo com czar Pedro, o Grande ou a czarina Catarina, até sua aglutinação na União das Republicas Socialistas Soviéticas. Entretanto a Europa, comandada pelos Estados Unidos da América, resolve dissolver governos nao alinhados com o Ocidente, provocando a pronta intervenção russa.     Fala-se em um plano de boicote contra a Republica da Russia, mas Vladimir Putin afirma que um boicote econômico seria trágico para todos. Nem Estados Unidos, nem Europa estão com folga econômica para tal capricho. Por outro lado a China capitalizada esta bastante interessada no conflito e já mostra a que tomara partido junto a Russia. Alem do que pode-se adivinhar que o Iran, boa parte do mundo árabe e todas as nações descontentes com o intervencionismo estadunidense, se juntarão.      O momento é de expectativa. O rio Dnieper divide a Ucrania em duas regiões, alem da Crimeia - todos são eslavos, tanto quanto os russos, mas de um lado estão os pro-ocidente e do outro os pro-oriente. Mas o certo é precisam de 35 bilhões de dólares para restaurar suas economias, os Estados Unidos oferecem um bilhão. A pergunta fica, de onde sairão os outros 34? Enfim, mais um item, a qualquer momento os russos podem fechar as torneiras de gás para a Europa.     Se o que se inicia é uma primeira repetição, e o jovem Marx estiver certo, o que temos pela frente será uma tragédia. As proporções? Quem vai e quem fica? Difícil de saber.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Um dia foi a republica de Weimar

Quando terminou a Primeira Grande Guerra o reino alemão estava destroçado jurídica, política e economicamente e um novo estado deveria ser montado. Formou-se então aquilo que na Política ficou conhecida como a República de Weimar. Na feitura dessa nova  carta alemã, contaram com grandes juristas, parlamentares democratas e socialistas e mesmo de sociólogos da envergadura de um Max Weber, por exemplo. O novo estado fora criado com força democrática e grandes interesses sociais, mas com profunda fragilidade nos seus mecanismos eleitorais e políticos. Fragilidade tal que, já nos primeiros anos, a pequena burguesia pós-se, descontente com o crescimento da inflação, com o destino dos investimentos da economia e com as denúncias de toda ordem, a fazer manifestações pelas ruas das principais cidades, acusando os parlamentares e homens do governo, de inaptos e corruptos. A esse sentimento delicado, a essa política insustentável,  se associou a insuflação de um profundo nacionalismo de forma a se enaltecer tudo que fosse germânico. Tinha origem aí, nessa Alemanha descontrolada, um nacionalismo que foi além de uma profunda valorização da cultura nacional, mas que descambou para o que os antropólogos e cientistas políticos chamam de xenofobia, o ódio ao estrangeiro. Enfim, com o descrédito popular nos partidos políticos houve um vácuo de poder e, no vácuo, surgiu um novo partido, mesmo se pretendendo um não-partido. Essa nova agremiação política chamava-se, Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Munidos de bandeiras nacionais os membros da nova agremiação gritavam nas ruas das cidades que o caminho não deveria ser pela direita ou pela esquerda, mas por cima. O Nazo, como tal agremiação política ficou conhecida, percebendo o descontentamento popular e, com ele, o descuido político do SPD (Partido Social-Democrata Alemão) a maior bancada, fez subir ao poder um novo chanceler, Adolf Hitler. De repente tudo se transformara na Alemanha. O novo governo calou o Judiciário, cerrou as atividades do Parlamento e atuou com mão de ferro, controlando cada  setor da sociedade. Todos. Bom, o resto da história todo mundo sabe.