quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Brasileiros Em Guerra

A tão propalada vocação pacifista brasileira – há 150 anos não se envolve em nenhuma guerra com os seus vizinhos – não é real, ela reflete apenas uma vontade popular formada pelo desconhecimento da realidade social do País. Quando se faz essa afirmação está-se levando em conta somente a relação com os demais países latino-americanos ou sobre a rápida participação no grande evento da segunda guerra mundial. Os povos em geral são violentos contra outros povos que possuem ideologias politicas, pensamentos religiosos, economias diferentes, ou por conta de tudo isso. Os brasileiros não são violentos contra outra sociedade, não há internamente o pensamento de que algum povo deva ser invadido e subjugado, pelo contrario há uma atração ao que não é da terra; a arte, a língua e os costumes de outros povos podem ser admitidos como melhores ou mais bonitos. Os homens e mulheres estrangeiros, mal vistos pelos brasileiros, não o são por serem estrangeiros, mas parecerem como os pobres do País (em geral pessoas vindas de países latino-americanos, caribenhos ou africanos). Ou seja: se analise do debate for direcionada para o campo interno perceber-se-á que a guerra brasileira se dá entre brasileiros e brasileiros. Não é porque o País não entra em guerra contra os seus vizinhos há 150 anos que se pode alardear como pacifista. A base do conflito no Brasil é social e essa tem sua origem econômica. Ora, os brasileiros vivem uma grande guerra civil entre os possuidores de muitos bens e os despossuídos. Não que as pessoas da classe alta o façam algo diretamente contra os povos mais pobres; não, elas estão muito ocupadas com suas grandes empresas e seus filhos estudando no exterior. A guerra é travada por burocratas, profissionais liberais e jornalistas; aqueles que em geral vislumbram sempre alguma possibilidade de trocarem de carro, de realizarem viagens para o exterior, de comprar um sitio e toda a possibilidade de ostentação. No Brasil vive-se em paz com o estrangeiro quando em seu sotaque vem a marca registrada de que se é europeu ou estadunidense, caso contrario – será encarado como mais um pobre e expulso dos restaurantes e/ou escravizados nos porões das fábricas. Enfim, a guerra só acontece quando se limita o acesso a justiça, quando não se dá condições adequadas de transporte público, de moradia, de educação; a guerra se dá quando se matam nas periferias indiscriminadamente putas, negros e brancos pobres. gue

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sociedade, Tecnologia e Insegurança

Nesse inicio do terceiro milênio da era cristã a humanidade vive o resultado das suas relações sociais, econômicas e politicas e essas a partir das suas construções tecnológicas. Vive-se por essa época uma loucura de medo, cercado de chaves de segurança, olho vivo, cerca elétrica, escolta armada, policiais de vários tipos, guardas municipais, além das guarnições privadas. Em nome da segurança números e siglas identificam cada membro da sociedade e punido ou descartado todo e qualquer individuo não possuidor dos tais números de RG (Registro Geral), de CPF (Cadastro de Pessoa Física), e de CNH (Carteira Nacional de Habilitação), além de outros. Cada vez mais se criam leituras biométricas, senhas de acesso a sítios dos órgãos governamentais e de sistemas bancários. Isso que se pretende como um ordenamento de segurança dos dias atuais é mesmo uma parafernália de códigos, números de telefones e e-mails que limitam o homem moderno e tolhem as suas possibilidades de ação. Acontece que é impossível um grande poeta que entra de cabeça no mundo das letras, ou um medico atarefado e solicitado a todo instante, ou um grande arquiteto, ou um grande jurista traga de cabeça esses tantas códigos. Talvez isso explique a escassez atual de grandes poetas, grandes médicos, grandes arquitetos e grandes juristas. Isso porque as pessoas - juntamente com seus conhecimentos artísticos, filosóficos e científicos – precisam desesperadamente ganhar a vida, atender aos apelos do mercado e ainda guardar na mente uma serie de códigos e senhas. É quase um “ou a senha, ou a vida”. Sim porque caso a sua mente confunda os códigos e senhas, numa sopa de letras e números perderá seus escritos, seus contatos com mais números de telefones e mais e-mails e mais códigos e mais senhas. O medo que provoca é que com tantas chaves, tantos números e tantas letras esse tal conceito de segurança não é atingido provocando entre os especialistas o pensamento de que a solução é ainda mais senhas e mais códigos. O resultado é que quanto mais se fala em liberdade, isso é o que menos se tem. Os conceitos de liberdade e de segurança estão intimamente ligados e a sociedade que se construiu nas ultimas décadas, por mais que traga em seus discursos tais palavras e suas derivações é o que menos se tem. Com suas senhas e códigos e em nome de liberdade e segurança, a humanidade constrói a cada dia as suas prisões e inseguranças. (0bs. 0s artigos publicados sempre nas segundas e quintas).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Bruxas, Garrafadas e Preconceitos

Bruxarias, feitiços e magia negra são conceitos que sobreviveram na cultura ocidental desde os tempos medievais mesmo após as grandes revoluções políticas e científicas. Sobreviveram de formas diferentes. Por um lado, um preconceito se manteve na crença de que algumas pessoas podem estar possuídas por espíritos malignos, vítimas das tais bruxarias; por outro, a literatura e o cinema exploram violentamente um nicho de mercado povoado de bruxos e bruxas; e ainda, por outro, pessoas que - querendo estar fora do atual sistema político-religioso - se dizem bruxos e bruxas e fazem as mais estranhas convenções com orações, gestos e cânticos, acreditando imitar os antigos druidas. Essas pessoas esquecem os verdadeiros bruxos e bruxas, que eles se encontram nos pequenos vilarejos do interior do País e nas periferias das grandes cidades com seus benzimentos, rezas e seus chás (conhecidos como garrafadas), as benzedeiras e os benzedeiros. Isso porque suas origens remontam os sacerdotes e sacerdotisas - celtas, saxões, vikings, alamanos etc, medievais - do período pre-cristão. Acontece que com a imposição do cristianismo aos povos europeus no início da era medieval, os seus antigos sacerdotes foram sendo rechaçados pelo pensamento vigente como pessoas que encarnavam o próprio mal e que existiriam apenas para espalhar desgraças. Ao contrário, essas religiões europeias pre-cristãs eram nas suas origens integradas diretamente aos fenômenos da natureza de modo que os sacerdotes sabiam as influências da lua, das estrelas, dos ventos e faziam, a base de ervas, as mais variadas poções para todos os males. A velha desdentada, maltrapilha, gargalhando em um casebre no meio da floresta, com um caldeirão, era apenas uma pobre senhora, uma sacerdotisa abandonada por uns e perseguida por outros a fazer chás a todos que a procurassem. Quanta às gargalhadas, nada mais eram que uma demonstração de sabedoria sarcástica diante das tolices preconceituosas dos seus perseguidores. Dai em diante foi a literatura moderna que se encarregou de construir o imaginário sobrevivente até os dias de hoje. Na tentativa de fugirem das perseguição esses sacerdotes incorporaram, cada vez mais, às suas atividades médico-religiosas, as orações da nova fé e que sobreviveriam aos dias atuais. No Brasil essas práticas receberam ainda uma forte contribuição das religiões de matrizes africanas e indígenas, no que dera origem aos atuais benzedeiros e benzedeiras, curandeiros e curandeiras. (Obs. artigos publicados sempre nas segundas e quintas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Povos, Origens e Migrações

Algo muito comum de se ouvir é que "os alemães não fundaram Joinville", ou que "os portugueses não descobriram o Brasil". No primeiro caso, a afirmação é porque índios já existiam na região e o território colonizado fazia fundo com algumas sesmarias de famílias de São Francisco do Sul; no segundo, porque em Portugal já se sabia da existência de um vasto território no além-mar. Tais questões são inócuos na compreensão histórica e só expõem um desconhecimento no estabelecimento das instituições por aquele que faz tais afirmações, bem como um preconceito com relação às migrações pelo globo terrestre. Não se pode discutir história sem o mínimo de conhecimento de Geo-humana - a estrutura e o estabelecimento dos povos pela extensão dos continentes, ocorridos por invasões bélicas ou pacíficas. Alias, em todo o globo, os povos só surgiram a partir das migrações. Os europeus surgiram com os deslocamentos dos povos arianos que ao longo dos tempos migraram para lá, da mesma forma a população asiática recebeu levas de povos africanos que se deslocaram pelo Mar Vermelho e Península Arábica; assim como os povos asiáticos que se deslocam pelo estreito de Behring ou através da ilhas do Pacífico e deram origem aos ameríndios. Ora, se a origem humana foi na África ninguém é dono exclusivo da terra onde as populações se firmaram e criaram as suas culturas. Por outro lado, a discussão se o Brasil foi achado, descoberto, encontrado, conquistado ou roubado só serve para legitimar uma dada forma de pensamento, não altera o modo ou a forma como os povos se organizam. O que precisam ser entendidas são as formas de organizações sociais; ou seja: a criação e a manutenção das relações que perduram até hoje. A realidade é que existe uma instituição chamada Brasil, que teve sua semente originada na chegada dos portugueses, que entraram em conflito com os povos nativos - que por sua vez já migravam por essas bandas - que trouxeram forçadamente povos africanos e receberam outros grupos que chegaram. Da mesma forma o município de Joinville, uma instituição fundada a partir dos povos germânicos - simplificadamente chamados de alemães - por essas terras chegados. Enfim, quando os primeiros açoreanos chegaram nas praias de Santa Catarina os carijós já viviam por essas bandas; então, na chegada dos alemães os outros dois já existiam; na chegada dos italianos, os outros três já haviam chegado e assim por diante; e o mesmo aconteceu com a chegada dos bandeirantes no planalto ou com os rio-grandenses ao chegarem no Oeste catarinense. Então, a afirmação de que uma cidade, uma província ou um país fora fundado por um dado grupo de pessoas não exclui a presença ou até a importância dos outros que chegaram a posteriori. (OBs, esse bloco pública todas as segundas e quintas).

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Tecnologia, Redes Sociais, Mentiras e Democracia

Quando alguém fala em evolução deve tomar alguns cuidados já que o conceito sugere mais que uma mudança apenas, mas uma mudança de um estágio inferior para outro superior. O que confunde tudo é que nos tempos atuais convencionou-se a afirmar que o mundo está mais evoluído que aquele dos tempos da antiguidade ou do medievo; aliás, a modernidade foi construída encima de um sentimento de evolução em relação a era passada. Ora, não necessariamente isso é verdade. Os tempos de hoje são marcados pelos avanços tecnológicos nas mais diversas áreas, mas somente a esses avanços pode ser creditado que se está vivendo uma evolução. Se hoje é possível utilizar engenhos de alta tecnologia, o mesmo não se pode dizer dos comportamentos das pessoas em relação a essa mesma tecnologia, bem como em relação a si próprios e em relação aos seus círculos sociais. O que se quer dizer é que, com um pequeno aparelho é possível conversar - olhando cara a cara - com o filho que mora em outro continente, reproduzir textos, sons, objetos materiais e até mesmo assistir ao espetáculo de uma guerra em tempo real. Mas a isso não se pode afirmar ser uma evolução se aquilo que se faz com toda a tecnologia não for de respeito às pessoas com quem se relaciona. Se as chamadas redes sociais (facebook, twitter, instagram, whatsapp e tantas outras) aproximam as pessoas - os amigos distantes, divulga fotos, músicas, aulas, discursos etc, mas também publica-se materiais racistas e homofóbicas, incita-se ao ódio, provoca-se o medo, além de se construir "fakes" divulgando mentiras com o intuito de macular a pessoa dos desafetos. Por outro lado, não se pode negar que as novas tecnologias de informação revolucionaram as comunicações em todo os cantos do planeta e até possibilitaram o fortalecimento da democracia já que as informações não são mais hoje algo restrito a uma elite que as usa como instrumento de dominação. Mas a democracia é frágil e pode facilmente ser manipulada e distorcida; ou seja: o uso dessa nova tecnologia de informação necessita que os usuários tenham instrução e ética; em uma palavra, responsabilidade - capacidade de medir as conseqüências. Enfim, só se poderá dizer que há evolução se a humanidade sair do inferior para o superior no que tange as suas relações sociais, no que tange à responsabilidade das ações, não na criação de novos equipamentos de comunicação usados como armas contra desafetos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A Humanidade e Um Grande Conflito Mundial Possível

Nos tempos atuais, se os interesses das grandes potências entram em conflito, se a exploração das riquezas minerais levam a uma sucessão de acidentes ambientais, se os jogos políticos se conflitam entre si, isso não é tão forte quanto o que ocorre no Oriente Médio. A verdade é que essa sucessão de fatos, ocorrendo pelo mundo a fora, leva a grandes preocupações tendo em vista as possíveis ocorrências por ela desencadeada. Os conflitos oriundos do mundo árabe, originados na distribuição do petróleo, na divisão dos grupos religiosos, na ingerência por parte dos interesses ocidentais, na presença judaica em território palestino ou na força do fundamentalismo islâmico são os ingredientes importantes na teia política internacional dos últimos dias. De um lado países ocidentais optam por apoiar a Arábia Saudita, Israel, Turquia etc, de outro, países como Irã, Síria e outros, são apoiados pela Rússia e o estopim está armado para desembocar naquilo que pode vir a ser um grande conflito mundial. Além disso, os interesses políticos e econômicos locais também entram como ingredientes importantes na conjuntura formada. Há dois de janeiro desse ano - o xeque Nimr al-Nimr - xiita e defensor dos protestos contra o governo saudita (na Arábia Saudita a maioria da população é sunita), foi condenado à morte e executado, juntamente com mais 46 oposicionistas. A atitude da monarquia saudita foi de imediato condenada pelo Irã (país de maioria xiita). Por outro lado, o Hezbollah, um dos principais grupos armados, defensor de um fundamentalismo islâmico de linha xiita, por sua vez, condenou a execução chamando-a de assassinato e criticou Estados Unidos e os demais países de sua influência. Por outro lado, o norte da Síria, um grupo armado conhecido como Jihadista (guerrilheiros religiosos) lutam contra o governo de Bashar Al-Assad (que tem apoio russo) na tentativa de implantar um Estado Islâmico, um sultanato (sistema de governo baseado fundamentalmente no Al-Corão). Se isso não bastasse, na região os israelenses invadem os territórios palestinos e matam a população a todo instante. E o resultado disso é a pratica do terrorismo, principalmente contra os países de cultura ocidental e que por sua vez se defendem com ainda mais agressão e descaso. Enfim, é claro não existe profecia, ninguém consegue predizer os fatos vindouros, mas uma coisa é certa: os fatos são por demais parecidos com aqueles que antecederam os dois primeiros grande conflitos mundiais.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Brasil, o Mundo e a Crise

Atualmente no Brasil está-se falando em crise por todos os lados, mas de forma isolada, como se o fenômeno fosse algo fechado, resultado unicamente das decisões governamentais. O pensamento é: se a economia caminhar a contento dá-se todo o crédito aos homens do governo, da mesma forma o seu inverso, qualquer percepção de inflação ou de desemprego o crédito vai também para mesmos. O certo é que para discutir economia é preciso se levar em conta uma série de fatores de caráter endógeno e exógeno no que se refere às decisões políticas, ações sociais e tipos culturais de cada sociedade. A grande falha nas decisões dos governantes é sim de tentarem resolver as suas situações econômicas com decisões pontuais, sem levar em conta o que ocorre e o que pode ocorrer ao redor do mundo. Ora, historicamente grandes e economistas já tentaram explicar, por inúmeras vezes, as crises recorrentes: num momento a oferta de mão de obra cresce e em outra desce, num momento o poder de compra se eleva fazendo encolher as massas de miseráveis e, em outro, cai gerando mais e mais pobrezas. O economista russo Nikolai Dimitrievich Kondratiev explicou tais situações com um conceito que ficara conhecido como Ciclos de Kondratiev; posteriormente fora repudiado por parte de teóricos socialistas e capitalistas, mas a sua contribuição permaneceu. Acontece que o russo via o ciclo econômico - os altos e baixos - sob o ponto de vista de uma longa duração; para ele, as economias europeias e americanas, a cada quarenta, cinquenta ou sessenta anos, se elevavam ou desciam de acordo com fatores estruturais e conjunturais pelo mundo a fora. Talvez o pensar a economia se alterando em muitas décadas, seja o grande engano de Kondratiev, mas não a existência de ciclos econômicos aos quais as sociedades estejam completamente ligadas. Principalmente nos tempos atuais quando as economias pelo mundo a fora tornam-se cada vez mais dependentes entre si. Quer dizer: se a máquina chinesa dá sinais de fraqueza, se os Estados Unidos já não importam como antes ou se os europeus se endividam uns com os outros, países como Brasil, Argentina, Rússia, Índia etc, entram - de imediato - na mesma ciranda e suas populações são as que mais sentem. Nos últimos anos o mundo vive um período de saturação econômica e os países desenvolvidos, os grandes produtores sofrem uma profunda queda no seu poder de investimento levando de imediato a um desaquecimento das economias em geral. Nesse caso os governantes periféricos - sentindo a pressão externa - erram por não tomarem as decisões adequadas para enfrentarem tais crises e as oposições erram por torcerem pelo quanto pior melhor.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Jornalismo: Nascimento, Vida e Morte

Um fruto genuíno da modernidade que esteve à frente de todos os grandes eventos políticos, religiosos e culturais desse período, a Imprensa, nos dias de hoje dá uma clara demonstração de cansaço e sua decadência parece iminente. Se os protestantes se utilizaram desse veículo para divulgar ideias reformistas, também fizeram os liberais ingleses, os revolucionários franceses e mesmo os socialistas por todo o mundo, até que foi admitido sob o ponto de viste de uma indústria levando informações diárias a um grande público heterogêneo. Por mais que a comunidade jornalística identifique a atividade como já existente entre os escribas egípcios ou entre os emissários medievais, esses nada mais foram que funcionários públicos desempenhando suas funções burocráticas. De fato o jornalismo é mesmo um fenômeno moderno e o seu surgimento aconteceu com a invenção da imprensa pelo alemão Johannes Guttemberg nos últimos anos da Idade Média. É um tema de alta complexidade e por isso requer alguns cuidados na análise ja que a sua extinção se deve a uma série de fatores - de ordem cultural, social e política, mas fundamentalmente, econômica. A partir do momento que a atividade passou a ser um produto sensível a todos os conceitos meramente mercadológicos (oferta e procura, concorrência, clientela etc) perdeu sua originalidade, a informação. Por outro lado, se não é mais um instrumento de informação é sim um instrumento de manutenção de uma estrutura, um controle social: um instrumento político. Com isso, os grandes proprietários dos veículos jornalísticos dão as coordenadas políticas, os editores e diretores de redação seguram as rédeas nas reuniões de pauta e fechamento das matérias e um exército de trabalhadores produzem as informações determinadas. Acontece que o jornalismo é uma mídia - quer dizer médio - está no meio, entre o indivíduo comum e o fato ocorrido. Ora, o próprio sistema econômico capitalista ampliou o número de veículos concorrentes e as pessoas, com mais instrução reconhecem sua condição cidadã e passam a querer informações coerentes. O tema é complexo porque isso não é linha geral, enquanto alguns profissionais sofrem demissões por tentarem subsistir com um profissionalismo livres e imparciais, outros são favorecidos por serem ainda mais patronais que os patrões. Seria possível um sobrevida se a ordem fosse de autonomia e autenticidade na produção de toda e qualquer matéria, mas pelo visto está longe de acontecer e é por isso o fenômeno do jornalismo está mesmo em queda.