quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Bruxas, Garrafadas e Preconceitos

Bruxarias, feitiços e magia negra são conceitos que sobreviveram na cultura ocidental desde os tempos medievais mesmo após as grandes revoluções políticas e científicas. Sobreviveram de formas diferentes. Por um lado, um preconceito se manteve na crença de que algumas pessoas podem estar possuídas por espíritos malignos, vítimas das tais bruxarias; por outro, a literatura e o cinema exploram violentamente um nicho de mercado povoado de bruxos e bruxas; e ainda, por outro, pessoas que - querendo estar fora do atual sistema político-religioso - se dizem bruxos e bruxas e fazem as mais estranhas convenções com orações, gestos e cânticos, acreditando imitar os antigos druidas. Essas pessoas esquecem os verdadeiros bruxos e bruxas, que eles se encontram nos pequenos vilarejos do interior do País e nas periferias das grandes cidades com seus benzimentos, rezas e seus chás (conhecidos como garrafadas), as benzedeiras e os benzedeiros. Isso porque suas origens remontam os sacerdotes e sacerdotisas - celtas, saxões, vikings, alamanos etc, medievais - do período pre-cristão. Acontece que com a imposição do cristianismo aos povos europeus no início da era medieval, os seus antigos sacerdotes foram sendo rechaçados pelo pensamento vigente como pessoas que encarnavam o próprio mal e que existiriam apenas para espalhar desgraças. Ao contrário, essas religiões europeias pre-cristãs eram nas suas origens integradas diretamente aos fenômenos da natureza de modo que os sacerdotes sabiam as influências da lua, das estrelas, dos ventos e faziam, a base de ervas, as mais variadas poções para todos os males. A velha desdentada, maltrapilha, gargalhando em um casebre no meio da floresta, com um caldeirão, era apenas uma pobre senhora, uma sacerdotisa abandonada por uns e perseguida por outros a fazer chás a todos que a procurassem. Quanta às gargalhadas, nada mais eram que uma demonstração de sabedoria sarcástica diante das tolices preconceituosas dos seus perseguidores. Dai em diante foi a literatura moderna que se encarregou de construir o imaginário sobrevivente até os dias de hoje. Na tentativa de fugirem das perseguição esses sacerdotes incorporaram, cada vez mais, às suas atividades médico-religiosas, as orações da nova fé e que sobreviveriam aos dias atuais. No Brasil essas práticas receberam ainda uma forte contribuição das religiões de matrizes africanas e indígenas, no que dera origem aos atuais benzedeiros e benzedeiras, curandeiros e curandeiras. (Obs. artigos publicados sempre nas segundas e quintas.

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