segunda-feira, 17 de março de 2014

Mãe, mulher e complexidade

Madre, mère, mutter, mother, mãe. Nas variadas culturas, é essa a figura que dá as linhas centrais da existência, uma condição - mais que um instinto animal, responsável pela procriação - é uma das tantas instituições que balizam  o fazer-se humano. A maternidade é a caracterização  da feminilidade, mas que a nova ciência e o novo Direito deram uma outra dimensão e possibilidades. Quando Hilton Japiaçu, renomado psiquiatra, pensador paulista, assevera: a mãe é o pior mal da humanidade, leva sua platéia á contestação. Como pode esse homem falar desta forma da mãe, essa instituição cantada em verso e prosa? O que Japiaçu critica é a prática da mulher-mãe, a superproteção que segue  prejudicando a formação do indivíduo, mas que é reconhecida a importância. Aliás, o monoteísmo judaico do Deus-Pai - todo poderoso, só teve acesso ao ocidente quando se introduziu a figura da Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens. Na Grécia, se a política (coisa da polis) era tratada pelos homens na ágora, a casa cabia a meter (mãe), a verdadeira ecônoma dos helenos. Na Ásia Menor figurava Cibele, a Deusa-Mãe, aquela que fez o céu e a terra, já na América, os incas pediam proteção a Patcha-Mama, a Terra-Mãe. A complexidade em torno dessa figura, fica ainda maior se pensarmos com os pós-modernos: a união civil de homo-afetivos, a inseminação artificial, as possibilidades de barriga de aluguel e todas as novas estruturas familiares. Recentemente, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a sociedade necessita um ré-arranjo na condição materna de um modo geral Enfim, quando se diz que a instituição mãe é a grande responsável pelo fazer-se humano está se dando á figura da mulher a condição de traçar a estrutura moral de homens e mulheres. É esta mulher-mãe, ou qualquer um que ocupe essa posição, quem de fato repassa primeiro, e fortalece, as nossas vontades e os nossos anseios. 

Um comentário:

  1. A condição de mãe, difere exponencialmente da condição de pai, não porque ela gestou e sentiu as dores do parto, mas porque é na figura da mãe que se assenta a grande instituição, que é a família. Porém, não vejo esse ícone preso somente ao feminino. Nestes tempos de pós-modernidade, não cabe apenas à mulher desempenhar esse papel com maestria... muitos homens abrem mão da condição de pais, e são excelentes mães.

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