segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quando Uma Guerra Civil é Inevitável

Um ditado antigo dizia que a pior luta se dá entre irmãos; afinal, a convivência faz com que os adversários conheçam os pontos fracos e fortes de ambos e não sintam medo do seu opositor. Talvez por isso, tantas pessoas tenham pavor quando percebem, no encaminhamento histórico, uma realidade política pronta para desembocar em guerra civil, quando membros de uma mesma sociedade entram em conflito de interesses. Os conflitos em uma sociedade se dão primeiramente por motivo econômico, mas desembocam em contrariedades de interesses que vão das relações sociais, raciais, sexuais ou religiosas. Esses conflitos, quando não resolvidos politicamente, de forma democrática, no discurso e no voto, resolvem-se na luta armada, na guerra civil, irmão matando irmão. No mundo, alguns exemplos de guerra civil mostraram-se devastadores na história da humanidade: a França - 1789, os Estados Unidos - 1866, a Rússia - 1917, a Espanha - 1934 e tantas outras ocorridas pelo mundo a fora. Em todas elas milhares de pessoas morreram, confirmando um sistema de poder ou alterando completamente a estrutura implantada. Os conceitos de revolução, de guerra e de guerra civil se misturam, se confundem e dificultam a compreensão do fato histórico a ser analisado. Em geral quando o evento se dá entre uma e outra sociedade se chama de guerra simplesmente, acontece com data marcada e declaração de guerra, com o avanço de uma infantaria e o movimento de uma retaguarda. Já o conceito de revolução que pode estar ou não ligado a um conflito armado, retrata mais a transformação proporcionada. A guerra civil é um tanto diferente: não tem data marcada e nem declaração de guerra; o adversário pode ser o vizinho que mora ao lado, o cozinheiro que prepara a comida, o mecânico que concerta o automóvel, o policial que protege, ou o médico que cura e assim vai. Um grupo, na calada da noite, invade depósitos de armas, canais de televisão, sequestra familiares das autoridades, faz barricadas e as leis - até então instituídas - não mais são aceitas. Qualquer conflito armado não seria desejado por alguém cônscio de suas faculdades mentais, muito menos que aconteça um conflito entre filhos de uma mesma mãe. Entretanto, quando as confluências políticas são desenhadas pelos interesses e privilégios de pequenos grupos, quando burocratas se aferram a estrutura e não mais se vêm como trabalhadores públicos, como tira-los quando os discursos e os votos não mais solucionam? Só resta a guerra entre irmãos, a guerra civil.

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