quarta-feira, 30 de maio de 2018

A Ignorância e o Senso Comum

Os debates sobre temas como sociedade, educação, política, cultura, entre outros, fazem parte do que se chama de ciências sociais ou, mais especificamente, ciências humanas: Sociologia, Antropologia, Política, Economia, Direito etc. Algumas dessas ciências, além da definição clara de seu objeto, enfrentam outros dois pontos relevantes: o senso comum e a cientificidade ou, a possibilidade (ou não) de comprovação científica.
Mas a cientificidade não é propriamente um problema já que as ciências, de um modo geral, nesses tempos pos-modernos, perderam o estatuto da verdade absoluta; se a própria Física que sempre se estabeleceu como exata com o aval da Matemática, hoje se aceita como relativa, ou dentro do que se chamou de teoria quântica, todas as áreas do conhecimento podem se arvorar como científicas, como resultado de pesquisas elaboradas, frutos de métodos rigorosos.
O grande problema, e inerente exclusivamente a essas ciências, é o senso comum. Como cultura, relações sociais, economia, justiça etc; são temas muito próximos das pessoas, alguns acreditam que dominam tais conteúdos, dão palpites e até tomam decisões importantes. Algumas pessoas ocupam altos cargos na administração pública e tomam decisões governamentais, políticas e jurídicas a partir de um senso comum, inexato, nebuloso, sem fundamento.
Por outro lado, pessoas comuns discutem esses temas como se autoridades fossem e pedem para aqueles que os questionam que lhe deixem em paz pois "a democracia dá direito a ter a própria opinião". Em geral, as falas são incoerentes, recortadas, portanto, sem fundamentos e o interlocutor demonstra completa falta de leituras em Política, em História, em Economia, em Direito etc.
Desconhecem, esses, que o próprio tema "democracia", assim como de "liberdades individuais", de "legitimidade", e outros, dão margem a muitos debates e contrariedades, tanto de ordem conceitual quanto de eficiência e prática política. Acontece que vivemos todas as ciências - a Física, a Química, a Medicina - elas vivem em nós, mas não damos conta; mas a nossa existência na sociedade, nossas ações políticas, nossas ações econômicas fazem com que tenhamos alguma consciência: temos um salário, somos pai, mãe, filho, temos conflitos judiciais e daí por diante. Assim, a experiência imediata que temos com temas da Sociologia, da Política, do Direito ou da Antropologia, não nos deixa perceber a complexidade dessas ciências e não percebemos a nossa ignorância e damos palpites, mesmo que sejam "furados".

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