O pensamento e as ações de Jesus de Nazaré, para além dos dogmas do Cristianismo, preceitos culturais e tradições religiosas, tem presente uma prática política: o combate ao domínio do Império Romano e as injustiças sociais naquela Judeia de 2.000 anos atrás. O homem foi preso, julgado e condenado a morte devido as exortações contra os desmandos das classes privilegiadas que levavam vantagem com o fato de ter seu próprio povo dominado por uma potência.
A dominação romana tinha uma prática peculiar, deixava que os povos continuassem suas tradições religiosas e até as monarquias com todas as pompas permaneciam se pagassem em dia os tributos que os governadores enviados a exigiam. Em troca davam-lhe uma contrapartida: a proteção contra outras possíveis invasões e mantinham a ordem interna interferindo contra qualquer possível rebeldia ao sistema vigente.
Nesse tempos de Judeia, duas instituições eram muito fortes: a Igreja e o Estado. As duas agiam com independências entre si, mas se mantinham interligadas de modo que uma dava sustentação às ações da outra: Herodes precisava do apoio dos sacerdotes, tanto quanto esses precisavam do monarca. Desse modo, havia um punhado de famílias ligadas ao Estado e/ou ligadas a Igreja, bem vividas, que obtinham vantagens com a dominação estrangeira.
Ocorre que uma rebeldia política, contrária ao sistema estabelecido, poderia interferir no modo de ser das famílias e isso precisava ser eliminado o quanto antes; a fala do chefe maior dos sacerdotes, quando se referiu ao nazareno, é esclarecedora: "é preciso que matemos esse homem, antes que tenhamos de matar a muitos". Em outras palavras, qualquer pessoa que dá atenção aos mais necessitados, que combate às injustiças, contraria os interesses de uma elite privilegiada e precisa ser condenada e, quem sabe, morta.
Jesus de Nazaré tinha o apoio de uma parcela considerável da população mais necessitada, pobres, doentes, prostituas, pescadores, funcionários públicos e ampliava mais a sua capacidade de penetração nesses grupos, mas acontece que se formaram a sua frente três grupos poderosos adversários, a monarquia judaica, a categoria dos sacerdotes e a governança romana. A sua opção pelos mais injustiçados era coerente com as exortações, mas estava fadada a um fracasso político, já que o povo, mesmo sendo em grande número, tinha apenas a força do número, o poder político - e consequentemente das armas - estava com os três grupos unidos em seu intento. E o resultado foi sua condenação e prisão, como sempre ocorre.
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