Os movimentos sociais são um fenômeno próprio das relações humanas em sociedades baseadas em desigualdades de classes, de estamentos, de castas, ou de credo, de raças etc. Isso quer dizer: desde que os humanos deixaram de ser nômades e criaram as suas civilizações a história tem registrado conflitos calcados no descontentamento com a ordem estabelecida.
Aliás, boa parte dos crucificados na antiga Judeia eram pessoas que faziam enfrentamento contra os privilegiados, naqueles tempos de domínio romano: Jesus de Nazaré é um exemplo disso. Antes dele, Sócrates de Atenas foi condenado a morte acusado de blasfemar contra os deuses e corromper a juventude, ou seja: havia medo que, por liderar um grupo, ele pudesse disseminar ideias contrárias à ordem estabelecida.
Historiadores mostram ainda, na antiguidade, a figura de Spartacus, um escravo romano que se rebelou contra a condição estabelecida, reuniu milhares de escravos e durante meses enfrentou o poderoso exército dos generais de Roma. Da mesma forma na Idade Média, muito diferente do que se fala em obscuridade da época, em vários momentos - quando a opressão chegou a condições intragáveis - servos da gleba e trabalhadores livres se juntaram e fizeram os enfrentamentos necessários contra príncipes e reis.
O termo movimento social é complexo, bastante debatido por sociólogos, cientistas políticos, juristas e antropólogos, começou a ser usado a partir das lutas operárias do século 19. O conceito recentemente se define como a condição de membros da sociedade que se sentem prejudicados por algum motivo, juntam-se com aqueles que se sentem na mesma condição, se organizam e lutam pelos seus interesses.
Os movimentos sociais são, então, todos esses os grupos organizados e suas manifestações podem ser desde uma alegre passeata, uma paralisação, ou uma greve de fome, entre outras, podendo chegar a depredação de ambientes que se relacionem com o que se entende por opressor, ao enfrentamento às forças públicas e/ou à revolta com luta armada. Diferente do que se pode pensar, esses movimentos no mundo moderno existem como elementos catalisadores das grandes transformações: as leis que hoje amparam os trabalhadores são frutos de intensas batalhas; assim como os movimentos de afro-descendentes que conseguiram impor leis de participação em atividades antes resguardadas aos brancos e, de certa forma, impor respeito a sua condição; não foi diferente com as lutas das mulheres que levaram os países a adotarem leis para por fim ao subjugo diante dos indivíduos do gênero masculino; o mesmo ocorre com as pessoas que se identificam com o grupo LGBT, além de outros grupos.
Acontece que há uma legitimidade nas lutas sociais. As sociedades, que por hora se apresentam, são desiguais e, na desigualdade, alguém sempre se sentirá em prejuízo. Portanto, é natural que queira mudanças na estrutura. Não adianta pessoas com posições contrárias fazerem discursos falando dos malefícios - "direito de ir e vir", "liberdades individuais", "respeito aos que pensam contrário" - havendo desigualdades haverá movimento contrário ao sistema vigente. Isso quer dize: quanto mais igualitária uma sociedade for, menos lutas sociais haverá; isso porque o fenômeno chamado de movimento social nada mais é, por natureza, que um instrumento de luta contra as desigualdades.
Professor como sempre fazendo nós refletir sobre a atua situação da sociedade.Concordo com seu texto em que diz que so a movimento por causa da desigualdade social vigente.Parabéns Belini
ResponderExcluir