A riqueza está formada e acumulada nas mãos de alguns poucos, mas a ideia de trabalho como sendo uma forma de elevação da dignidade humana e até de ascese religiosa saiu de cena para dar lugar a uma voracidade do enriquecimento pelo enriquecimento: rápido e inconsequente. Jovens miram-se nos grandes exemplos daqueles que conseguiram fazer fortunas, tentam repetir o feito e dão-se ao empreendimento de comprar e vender mercadorias, mas o fazem burlando leis de mercado, não cumprindo normas do estado e negando informações ao fisco. Perdeu-se assim o caminho, mas o destino continua o mesmo.
Se tudo que existe um dia não existiu e um dia não mais vai existir, o capitalismo um dia não existiu e, portanto, um dia não mais vai existir. Um dia foi o metalismo mercantilista e corsário dos reinos a disputarem os comércios pelo mundo a fora; depois foi o industrialismo protestante da dedicação ao trabalho, o que acarretou na busca de mais matéria prima e mais mercado consumidor. Acontece que o que se pregara como livre comércio em um capitalismo concorrencial desembocou em duas grandes guerras mundiais, atrocidades políticas e um reajuste econômico estabelecendo uma nova ordem.
O que se pensara inicialmente como liberdade econômica em um capitalismo concorrencial, da valorização do trabalho como dignidade humana, deu-se lugar a uma disputa acéfala e quase autofágica. O fim é o enriquecimento e o caminho "para se chegar lá" e isso pode ser pelas regras do mercado, como pode ser também através de qualquer forma de adulteração de produtos, de sonegação fiscal, de desrespeito às leis trabalhistas etc.
Se isso são sinais de decadência do sistema só o tempo dirá. Da mesma forma só o temp dirá se outro sistema há de vir, ou que sistema será esse outro, mas a verdade é que os tempos não são mais os mesmos e o capitalismo não é mais aquele. Com a capacidade do regime se reinventar, talvez mesmo algo já esteja sendo alterado com vistas a sobrevivência, mas o que parece é seu fim mesmo.
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