A base teórica do pensamento de Marx é imensa. O conjunto dos temas tratados por ele vai da Economia Política, à Sociologia, ao Direito Constitucional, à História, à Antropologia Cultural, à Ciência Política e à Filosofia, entre outras. Interessante que os dados tratados seguem de uma disciplina para outra, mas pertencem a um conjunto de unidades coerentes entre si, fundamentando os aspectos econômicos, culturais e políticos das sociedades.
O grande revolucionário russo, Wladimir Lenin, em escreveu em 1913 um texto em que dividia o marxismo em três partes: as críticas ao idealismo alemão, o socialismo francês e a economia política inglesa. Com relação ao idealismo alemão, ressaltam-se as contribuições de Kant e Hegel que são absorvidas, mas criticadas e repensadas. Marx, como ele mesmo diz, vira Hegel de ponta-cabeça. Ao estudar o socialismo dos franceses o pensador alemão propõe métodos científicos e não pensamentos soltos e utópicos, como eram as afirmações de Fourrier, Proudhon, Saint-Simon e outros. Da economia política inglesa, por sua vez, ele comprova que é mesmo o trabalho que produz as riquezas das sociedades; afinal, o produto do trabalho tem um pouco do trabalhador nela.
Quanto ao materialismo que surge no pensamento de Marx, pode-se dizer que sua origem está no grupo de estudos, conhecido como Jovens Hegelianos. Nesses tempos de absolutismo prussiano, era preciso combater a instituição que mais apoiava o kaizer, a Igreja, dando origem às mais variadas críticas contra toda forma de espiritualismo.
O jovem Marx assevera que a estrutura da igreja é apenas parte do processo e que o materialismo deveria ser pensado a partir das lutas de classes oriundas do capitalismo vigente. Segundo ele, as pessoas vivem sem entendimentos filosóficos, sem crer em Deus e sem qualquer forma de ideologias, ou sistemas políticos; o que as pessoas concretamente necessitam, sem o qual morrem, são bases materiais: comida, água, roupa, remédio, um teto etc.
Mas há que se ressaltar aqui a sua tese de doutoramento, defendida na Universidade de Jena, em que ele, ainda na sua juventude, dá as linhas do que viria a ser seu passamento na totalidade. O título tese é As Diferenças da Natureza em Demócrito e Epicuro. Ele mostra que o primeiro, Demócrito, apresenta uma natureza comprometida, necessária, quase dirigida por um destino, enquanto Epicuro apresenta o indivíduo humano livre para satisfazer suas próprias necessidades. Por isso, na totalidade de seu pensamento, Marx mostra que os homens são frutos de sua própria história e também seus agentes.
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