Hoje quando se fala muito em cidadania fala-se reforçando a ideia de um espírito republicano; alguns já nem falam mais em democracia, em justiça social, mas na construção dessa república na elevação de um pensamento que chamam de republicano. Isso soa como um retorno à 1789 na França, quando a lei e a ordem era destruir a monarquia, e sua nobreza, como única forma de se fazer justiça social e cidadania.
Nos tempos atuais, eu não sei porque relacionar república com justiça, com democracia e/ou cidadania; assim posto, parece que tais condições seriam impossíveis de existirem nas monarquias. Mas pelo contrário, algumas monarquias europeias são muito mais justas, mais cidadãs e mais democráticas que qualquer república latino-americana.
No Brasil, aliás, que já foi monarquia, parece que os brasileiros proclamaram a república: saíram da monarquia, mas a monarquia não saiu de suas cabeça. Mesmo 130 anos de pois, continuam a entronar aqueles que se destacaram em algumas atividades: o rei do futebol, o rei Roberto, a rainha dos baixinhos e assim por diante; se o indivíduo for um homem muito bom, simpático, será um lorde.
Mas o mais interessante é a maneira histérica como a mídia nacional trata do tema e é partilhado pela população: os casamentos das famílias monárquicas europeias. Claro que aí está também uma imposição midiática, com suas atitudes sensacionalistas, mas quem faz essa mídia são também brasileiros e com o mesmo espírito.
Quando o filho mais velho da rainha da Inglaterra casou-se já foi uma histeria geral: jornais e revistas anunciavam em primeira página o "grande fato", revistas detalhavam o corte de cabelo da noiva e detalhes das roupas. Anos mais tarde, quando o primeiro e o segundo filhos do príncipe herdeiro da Inglaterra também casam: tudo outra vez. Jornais e revistas noticiam como se fosse fatos de extrema importância para a humanidade; uma emissora de televisão brasileiro transmitiu tudo ao vivo para todo o País.
Mais uma vez aí vai ao espírito monárquico brasileiro e, mais profundamente, aos tempos colonialistas. Um colonialismo que ficou impregnado no modo de ser: um modo de ser em que se dá as costas para seu povo, seus conflitos, suas injustiças e a frente para os europeus, para os estadunidenses.
Fala-se em espírito republicano não porque com isso se está preocupado com justiça, com democracia ou com cidadania - como querem deixar parecer - mas porque se está ouvindo os outros falarem: um sentido novo para a mesma coisas. E quando não se sabe o que é e o que quer, tanto faz ser monarquia ou república, não haverá cidadania, não haverá justiça social e não haverá democracia.
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