sexta-feira, 11 de maio de 2018

A Reinvenção da Esquerda

Já se disse que "é preciso reinventar a esquerda". A frase trás em si um paradoxo: como é possível inventar o que já foi inventado? A palavra reinventar é recente e trás consigo uma vontade de pensar sobre os rumos de algo e, quem sabe, dar novas diretrizes. Portanto, a esquerda não pode ser mais uma vez inventada porque já existe, já atuou em muitas batalhas, o que precisa é que seus militantes repensem as estratégias e táticas que tiveram até os tempos atuais.
O século 19, viu o surgimento das lutas políticas socialistas. O momento era de calcar em combates à exploração burguesa e à inoperância medieval da aristocracia: de um lado o estado a serviço do capital e de outro o estado absoluto. Esse era o período do capital nacional, sedento de regras protetivas para os seus ganhos; nesses tempos a esquerda tinha nomes e endereços de seus adversários. E os meios de comunicação ficavam por conta apenas dos jornais impressos, instrumentos que estavam ao alcance dos partidos para mostrar as contradições sociais resultantes do embate, capital versos trabalho.
Mas os tempos mudaram. Duas grandes guerras separam nossos tempos e o modo de realizar a exploração acontece hoje de forma diferente: não há mais estado absoluto e quase não há mais estado nacional. O controle se faz não mais pelo capital nacional, mas pelo capital das grandes corporações que transcendem as burocracias e as leis nacionais. Pelo contrário, os atuais estados nacionais, voluntariamente ou não, seguem os ditames do grande capital multinacional. Além do mais, as comunicações de hoje são feitas também por grandes empresas que por sua vez fazem parte dos grandes conglomerados econômicos.
Se a esquerda é um braço da sociedade que se opõem ao regime econômico político e social implantado, faz-se necessário que se repense o modo de ser desses organismos. Se a imprensa já não é mais a mesma, se a elite econômica já não é mais aquela, se a distribuição de riquezas já não ocorre do mesmo jeito que ocorrera no século 19, o estado nacional já não é mais o de outrora, portanto os instrumentos de combate devem ser outros.
Nesses tempos de mídias sociais, de velocidade na comunicação via internet, é preciso que se congregue as antigas lutas sindicais e partidárias dos tempos passados, com os movimentos contrários ao sistema vigente como os movimentos de combate à homofobia, os de combate ao racismo, os de defesa da mulher, os de defesa da educação. Mas essa congregação de lutas precisa ser feita por grupos de vanguarda a emitirem constantemente textos integradores a respeito, como se fossem casas editoriais a chamarem atenção para a unidade na luta.
Como isso pode ser feito? E difícil de prever já que o dia a dia de homens e mulheres é fruto da história; portanto, só o tempo pode dizer. Se isso é reinventar a esquerda, que seja, mas é preciso que temhamos conta da necessidade de um novo direcionamento.

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