segunda-feira, 7 de abril de 2014

A Mudança e o Discurso da Mudança

De tanto ouvir falar que é preciso inventar e tentar fazer algo diferente, tem muita gente fazendo o que não deveria fazer ou, pelo menos, estão sendo prejudicadas nos seus afazeres diarios. As mudanças são necessárias sempre, já que há uma dinamicidade na existência humana, o que não se pode é querer fazer diferente sem uma analise criteriosa do que se pode ou  se deve fazer. O discurso da necessidade de mudança remonta ainda a Idade Media, quando se pensou que o mundo não era exatamente aquilo que os europeus, até então, pensaram: a terra era redonda, girava em torno do sol, os povos ameríndios andavam nus - não eram cristãos e pareciam ser felizes. Era preciso mudar o pensamento dos dirigentes daquela sociedade medieval, era preciso tirar o poder político das mãos dos homens da Igreja. Essa discurso da necessidade de mudanças entrou na modernidade com os pensadores expondo as formas de organizações sociais, a importância - ou não - do estado e os resquícios da medievalidade precisavam ser extirpados. Para alguns, algo poderia ser feito radicalmente diferente na sociedade; porque temos de morrer primeiro para depois herdar o céu? não, façamos um céu na terra e temos racionalidade suficiente para isso. Alias, a construção do pensamento socialista foi calcado na possibilidade de alterações profundas no seio da sociedade, no caminho da construção de uma sociedade melhor, Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc e Robert Owen. Karl Marx elevou as tais necessidades de mudanças à categoria de revolução; a sociedade posta estava estruturada para servir apenas à nova classe social em ascensão, a burguesia. A partir daí, vários pensadores e artistas tiveram como linha mestra de seus trabalhos, criticas ao sistema político, econômico e social, propondo mudanças. Foi assim com filósofos como Jacques Derrida, Gilles Deleuse e outros, no campo da arte, Charlie Chaplin ou Bertold Brecht. No Brasil, dois nomes também devem ser postos nesse panteão dos grandes revolucionários sociais, como o pedagogo Paulo Freire e o teatrólogo Augusto Boal. O problema é quando o discurso da necessidade de mudanças entra no senso comum, passa a ser falado até pelos mais reacionários e assim, muitos pensam que é preciso mudar por mudar. Sim, devemos ser agentes das transformações sociais, devemos lutar por uma sociedade menos desigual, mais democrática, com mais educação e direitos sendo respeitados. Não devemos é pensar em mudar apenas pela mudança, devemos mudar, mas para alcançar aquilo que entendemos como algo bom para nós e para a nossa sociedade.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente!! Nos dia de hoje,o mudar por mudar, só para"ir contra" é ridículo!! O senso comum é muito perigoso...

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  2. Sim, esse é o problema: mudar sem saber o que e por que...

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  3. É, realmente muitas pessoas querem, buscam e fazem coisas absurdas para uma mudança que não irá, no fim ter reflexo algum. O que se deve fazer, é refletir, para que de maneira consciente haja a devida mudança !

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