quinta-feira, 24 de abril de 2014
Platão, a Doxa e a Epsteme
O pensador ateniense Platão, quando quis apresentar o processo pelo qual se pode ou não fazer acontecer o conhecimento, estabeleceu uma diferença entre duas expressões gregas, doxa e epsteme. Interessante, para quem estuda o platonismo, é perceber que aí fica expresso também o dualismo, retratando - por um lado - o mundo sensível, dos saberes comuns e - por outro - o mundo das ideias, de um saber superior; o mundo onde residem as verdades eternas.
O primeiro conceito pode-se mostrar como sendo o conhecimento que perpassa às pessoas de um modo geral, sem a preocupação de qualquer cuidado na sua elaboração e, o segundo, como aquele conhecimento que necessitou - para a sua existência - de uma busca cuidadosa, preocupada com o rigor dos procedimentos. Para o entendimento do pensamento de Platão, esse ultimo é o conhecimento do filósofo, aquele indivíduo que se desprendeu dos saberes sensíveis e busca os conceitos eternos no mundo das ideias.
Assim, em outras palavras, nos tempos modernos, é comum que se interprete essas duas expressões - uma, como sendo o conhecimento meramente o opinativo (o nosso tal de eu acho) e - o outro, o conhecimento cientifico. Nesse ultimo caso, esta-se falando do conhecimento que foi o resultado de uma investigação apurada, com o rigor dos recursos metodológicos.
Daí vem, da sua derivação, uma disciplina muito importante para qualquer investigação cientifica ou filosófica, a Epistemologia, o estudo da validade dos conhecimentos, da logicidade de um método. Essa disciplina pode ser pensada como autônoma - ensinada como propedêutica em vários cursos de graduação - ou como parte da Gnoseologia, um setor fundamental da Filosofia do Conhecimento.
Entretanto, por mais que se exalte a cientificidade de um saber, é preciso que se entenda o fundamento daquilo que mostrou o ateniense. Quando Platão elaborou esses conceitos, ele pretendeu ressaltar sim a necessidade do rigor cientifico, mas não deixou de mostrar também que, por mais bem elaborado e profundo que este seja, partiu da simplicidade de uma opinião. Em fim, não poderá haver elaboração cientifica, se antes não houver alguma ideia inicial - por mais bruta que seja.
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