segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Entre a Lógica e a Razão, o Amor
Uma palavra dotada de múltiplos significados, portanto dotada de imensa complexidade, essa palavra é amor: ela pode ser entendida como compaixão, afeição, misericórdia, atração, apetite sexual, benquerer, energia ou libido. E com tantas definições, o conceito permanece intocado, como algo distante da lógica, mas apenas experimentado e vivido. Assim, sem a luz da razão, o amante abre-se na total obscuridade da paixão e vive ações identificadas com a loucura.
O amante experimenta uma mistura de sensações que vai da dor, do medo e da angústia, ao prazer, à catarse e a felicidade. E assim, toda a cientificidade criada pelos humanos não quebra a barreira que se forma na mente do amante. Isso, porque a ciência não encontra uma linha teórica que dê luz ao amor, mas apenas tenta retratar o seu experimento. E nessas tentativas, a ciência escaneia o cérebro e conclui que se aproxima mesmo de uma doença mental. Seria o amor uma doença dos humanos?
Platão, em uma de suas alegorias, pela boca de Aristófanes, falou que os humanos, no início dos tempos, viviam em dupla, como um único gênero, grudados um ao outro. Seria essa a realidade que levaria a uma completude eterna? Nessa teogonia, a totalidade punha os humanos mais fortes, ameaçando os deuses e esses, num conluio olímpico, separaram-nos cada um dos gêneros, para seu enfraquecimento. Os humanos, desde então, passaram a viver a eterna busca da sua parte que lhe cabe, a sua outra metade.
Talvez a teogonia platônica possa explicar melhor essa ação de penetrar na obscuridade da paixão, num constante desafio a razão. Mas essa energia é inconclusa. Diria para nós o filósofo: quem ama quer sempre o melhor para o seu bem-querer. E aí, uma pergunta se faz necessária: o que é esse melhor para o outro?
Ora, se a razão não alcança a ideia do amor; busque-se então no lirismo e encontrar-se-á a definição no poema. Pois somente a catarse, somente o sentimento experimentada pelo amante e cantado pelo poeta, ascende a alma. Portanto, amor - o inigualável amor - pode se traduzir no poema de Vinícios de Moraes: “que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. E hoje, como ontem e como amanhã, o amor permanece eterno, aquilo que molda-se no peito, molda-se no absoluto.
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Maravilhoso...
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