quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Manifestações, Democracia e Conselhos Populares
Por mais que se queira explicar, por mais que se queira racionalizar, algumas coisas fogem da normalidade e dificultam qualquer pretensão de entendimento, principalmente quando se trata de questões referentes a política e às relações sociais. Num primeiro momento as pessoas vão pra rua em manifestações que exigem do estado ações concretas no trato da coisa pública, num outro reclamam contra um projeto governamental de criação dos conselhos populares.
Quando uma multidão vai paras ruas em manifestação política, vai com um projeto de sociedade bastante delineado, sabendo com clareza as proposições defendidas, ou estará fazendo o jogo de um dos lados do tabuleiro político. Em julho de 2013 o mundo voltou seus olhos para as manifestações brasileiras; por parte da "intelligentsia" mundial havia uma esperança de consciência política junto ao brasileiro médio.
As revoluções burguesas, as guerras por independências, bem como as revoluções socialistas, iniciaram sempre de um desconforto social em que o povo ganha as praças e as ruas em defesa dos interesses populares. Certamente que em meio aos tais movimentos sociais surgem lideranças populares e revolucionarias, assim como os grupos de vanguarda: foi assim com a Revolução Francesa, com a Revolução Russa, com a Guerra Civil Espanhola, com a Independência dos Estados Unidos etc.
Até aí, tudo é natural. O que fica sem nexo é quando um governo quer atender as exigências políticas surgidas das ruas, criando conselhos populares, abrindo espaço para o debate, setores da sociedade passam a fazer oposição sistemática ao projeto, fazendo afirmações irreais. Das duas uma, ou os grupos que foram pra rua, foram a serviços de partidos políticos - nao sabendo o que ocorre nas franjas da sociedade brasileira, ou é uma política menor do "sou contra por que sou contra".
A criação de conselhos populares é uma abertura política para o diálogo com cada setor da sociedade no molde das já existentes conferências de educação, de arte, de segurança, de saúde e tantas outras que ocorrem todos os anos. A incongruência reside em ir para as ruas fazendo exigências e depois rejeitar com veemência as propostas que vão ao encontro das tais exigências.
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