segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O Empresário e o Estado Patriarcal

Que o brasileiro médio tem uma mentalidade patriarcal, dependente, bem pouco empreendedora, parece consenso nos debates calcados por idéias mais elaboradas: um dia fora o pai - ou o avô - depois, o estado.  E parece que as pessoas que estão a frente desse mesmo estado agem como únicos responsáveis pelos destinos de cada brasileiro: se auto-proclamam, o grande pai, o pai dos pobres, o pai dos descamisados e assim por diante. Essa é a grande diferença entre a estrutura capitalista que se faz acontecer no Brasil e aquelas de outras partes do mundo, principalmente as de países com uma economia mais forte. A força empresarial - no rigor da palavra - não existe por aqui; mesmo  se pensar aquelas pessoas que tecem críticas às ações do estado e discursam sobre a diminuição da força estatal, se dizendo liberais, pois fazem seus projetos de olho no amparo do grande pai, o estado. A palavra empresário/empreender procede etimologicamente do verbo latino "in prehendo-endi-ensum" que significa descobrir, ver, perceber ou dar-se a algo; assim como a expressão latina "in prehensa" que comporta claramente a ideia de ação, no sentido de levar algo até o fim ou agarrar. Parece que o sentido original daquele indivíduo que agarra um empreendimento, aposta seus bens, sua vida e sua saúde para que algo se concretize, está longe de acontecer por essas bandas. A cada nova empresa o grande pai é chamado para dar guarida; é preciso proteger os filhos (os mais próximos do pai) com todo o tipo de apoio. E se o negócio der certo, em menos de uma década o "empreendedor" se acha no direito de empatar algumas somas daquilo que lucrou  nos carros mais caros ou nas viagens mais longínquas.  Ao contrário, em certos países, o empreendedor é um homem destemido que se despoja de seus últimos recursos para que seu projeto siga em frente e, no início do projeto, se coloca ombro a ombro com os demais trabalhadores. Na história do Brasil, foi esse grande pai, o estado brasileiro, o grande empreendedor capitalista que estrategicamente criou a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Vale S.A., a Petrobras, a Embraer S.A. - além de outras. Enfim, fora as multinacionais estrangeiras - operando no território brasileiro, ou os empreendimentos que cresceram com verbas dos fundos internacionais, não há um grande projeto levado a cabo por um grande empreendedor verde e amarelo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário