quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Sociedade e Planejamento Escolar

Alguns professores e burocratas, quando elaboram seus planos de ensino e decidem quais conteúdos devem ser lecionados no ano,  deixam de lado uma pergunta elementar: para que esse conteúdo? Os tópicos são postos ou porque sempre foram esses e não devem ser maculados, ou porque já se tem o material didático pronto, ou aulas já estão preparadas desde de o ano passado.   Para alguns professores é como se as suas disciplinas, lecionadas ano após ano, os seus conteúdos e o curso de um modo geral, fossem deixados por um grande deus ao fazer o mundo e não mais pudessem ser violados. Parece que esse grande deus - parafraseando aqui o conhecimento judaico-cristão - ao dizer "haja oceano", "haja animal de toda ordem", "haja árvore que dê frutos", disse também "haja tal disciplina, com tal conteúdo e tais questões"; e foi a tarde e a manhã e assim foi feito. Alguém argumentaria: há, mas as ementas postas devem ser seguidas, já que são acompanhadas pelo Ministério da Educação. Isso é verdade e muitos burocratas, a frente de setores importantes do ensino, nas três esferas do País, pouco ou nada sabem de educação. Entretanto, o ementário é apenas uma rápida exposição dos conteúdos pretendidos pela burocracia, pequenas frases que podem ser re-interpetadas de acordo com as necessidades do estudante, do curso e do meio, de um modo geral. Enfim, o que se deve ter em mente na elaboração de um conteúdo programático é que a escola - das séries iniciais a pós-graduação - existe para a sociedade, tanto quanto a sociedade existe para a escola. O que isto quer dizer? Não há sociedade digna sem uma escola que se pense como parte indissociável das necessidades de um povo; ou seja: a escola deve dar respostas a essas necessidades. Homens e mulheres a frente da educação devem ter em mente que a escola teve o surgimento e todo seu processo de transformação, acompanhando o que ocorreu com as sociedades: ora se aproximando das necessidades sociais e contribuindo para um processo libertador e ora, fazendo o papel inverso. Não se pode pensar essa instituição fora da história, de forma isolada das questões mais prementes  do seu povo.

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