segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A Corrupção e a Perversão Humana

A preocupação dos indivíduos com a corrupção é legítima e, portanto, precisa-se que todos lutem contra ações que se possam identificar com essa natureza. Cada pessoa que se sinta cidadão, cônscio de seus deveres e de suas responsabilidades, deve perceber que os desvios de verbas, o "jeitinho", a sonegação de impostos, os "desfrutes" das coisas públicas e determinados favorecimentos precisam ser execrados em todos os niveis da sociedade. O problema é que a prática da corrupção é uma perversão inerente a alma humana (na natureza só os humanos são corruptos) e a história comprova isso; varios textos históricos mostram que a realidade das trocas de favores, do enriquecimento ilícito ou da indicação de amigos para cargos públicos por fora da lei é grande ao longo dos tempos. Um exemplo disso foi a Carta de Pero Vaz de Caminha que depois de descrever a nova terra adquirida à coroa portuguesa, termina fazendo pedidos de favorecimentos; ou, os comentários de Napoleão Bonaparte ao livro O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, descrevendo as trocas de favores e toda a sorte de corrupção na política francesa. O combate a essa prática deve acontecer, mas para isso é preciso que se leve em conta alguns pontos, no mínimo, coerentes: em primeiro lugar, esse fenômeno pode estar incrustado em todas as esferas da vida em sociedade (na sala de aula, nas relações familiares, nas práticas políticas, no desempenho dos empresários, nas decisões do magistrado ou na investigação do ministério público); em segundo, se é algo inerente a vida humana nunca será erradicado por completo, mas amenizado; em terceiro, não será com propaganda televisiva - pessoas dizendo "não para a corrupção" - que se poderá combatê-la; e, em quarto, esse fenômeno pode ser vantajoso a alguns quando se distorce fatos para incriminar desafetos, políticos, empresariais, jurídicos etc. A corrupção somente será efetivamente combatida no momento em que cada cidadão aja como tal, como membro responsavel de uma sociedade, mas isso só acontecerá com urbanidade, que por sua vez so virá com aquilo que ja virou clichê (mesmo que mal compreendida), a educação. Acontece que a corrupção precisa ser entendida como um fenômeno residente na mesma esfera de todos os preconceitos e mistificações da vida humana, algo praticado em larga escala por egoismo e ignorância social. Ora, urbanidade significa entendimento de que o bom desempenho do grupo só acontecerá com o desempenho correto de cada membro, com respeito ao grupo. O combate às praticas corruptas não podem acontecer por decisoes de governantais, ou por iniciativas de burocratas - franco-atiradores que se acreditam salvadores da pátria, mas pelos exemplos de suas ações. Afinal, combate à corrupção nao será efetivada apenas com a confecção de mais leis, mas na vontade subjetiva de cada indivíduo.

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