quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A Rosa e o Nome da Rosa

O pensamento de Platão através do bispo de Hipona, Santo Agostinho e o pensamento de Aristóteles através de Santo Tomaz de Aquino, o professor da Universidade de Paris, estão no centro da discussão sobre “o nome da Rosa” - um debate comum na Idade Média. Se os dois santos ditaram o pensamento medieval, o conflito entre eles pode ser resumido como “as coisas e o pensamento sobre as coisas”, ou: “o mundo das idéias e o mundo sensível”. Nesse caso, é possível pensar Deus, enquanto coisa em si, ou só é possível pensar o nome de Deus? Para Santo Agostinho, o espaço das existências está muito bem dividido entre o mundo terreno, dos homens em geral, das verdades e dos bens inferiores e o mundo celestial, onde reside aquele de quem todos são cópias imperfeitas. É nesse mundo celestial que todo o bem, o verdadeiro amor e toda a justiça plena residem. Sendo assim, se os homens da Igreja são aqueles que conhecem os caminhos que levam ao céu, o mundo da perfeição, nada mais justo que sejam esses os homens certos a ditarem as normas e as exercerem, sobre a população: um poder temporal. Na segunda metade da Idade Média surgiu a figura de Santo Tomaz de Aquino que buscou o outro grego, Aristóteles, passando a ver a fé cristã sob outro prisma: as coisas e as idéias das coisas acontecem nesse mesmo mundo. Se em tudo que existe há uma parcela daquele que fez e se os homens foram feitos por Deus, logo esse reside em todas as pessoas; ou ainda: se tudo que existe foi feito por outro e esse por mais outro e esse por ainda outro, em algum momento tem que ter um “motor inicial”. E o debate se dava: a verdadeira árvore está no mundo das idéias e as que vemos diariamente são suas cópias imperfeitas? A verdadeira justiça está no mundo das idéias - no céu, ou pode ser construída no mundo das coisas sensíveis, no mundo dos homens pecadores? E ainda mais, como poderia Deus ser pensado, como coisa em si – um ser concreto, material, ou apenas uma idéia e, nesse caso, não existiria de fato. Acontece que, para muitos medievais o próprio nome Deus não deveria ser pronunciado tamanha era a sua divindade; portanto, era comum nos círculos filosóficos chamarem-no apenas de “A Rosa”. O debate ficava entre a tentativa de entendimento se a Rosa de fato existe como coisa em si ou se existe apenas o nome da Rosa. Tanto Santo Agostinho, quanto Santo Tomaz de Aquino, chegaram a uma mesma conclusão: os homens percebem a sua existência, entendem o nome da Rosa, mas nem de perto os seus desígnios.

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