segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Um Rumo Para o Cristianismo

Por mais que as inúmeras denominações religiosas reivindiquem para si as práticas cristãs primitivas como suas, o cristianismo que se experimenta hoje está bastante distante do que já fora no seu início. Nos primeiros anos, após a morte do líder maior, os discípulos, e os convertidos de um modo geral, ficaram perdidos, atônitos, sem saber qual rumo seguirem. Tentaram pregar na grande festa de Pentecostes quando viram a chegada de judeus das várias regiões com idiomas diferentes; mas como, se para aos judeus, aquilo que o grande mestre ensinou não era exatamente a antiga lei judaica? A primeira grande guinada ocorreu com a adesão de Saulo, um intelectual cosmopolita da época que trocou o nome para Paulo e logo assumiu a liderança e organizou estrategicamente a linha ideológica do grupo. Para ele, o ensinamento do líder era claro: se para os judeus apenas os judeus seriam salvos, já que seriam filhos de Jaweh, agora na Nova Lei era preciso que se levasse a Boa Nova para todos; todo aquele que cresse nesses ensinamentos seria salvo. Mas não havia uma totalidade coesa. Vários pequenos grupos se originaram por discordarem do pensamento das lideranças centrais, como os nestorianos – seguidores de um sacerdote de nome Nestor, ou os coptas – um grupo egípcio, além de tantos outros. Todos eram grupos pequenos e sempre rechaçados como hereges pelo poder cristão central. Com a adesão de Constantino, então imperador romano, no ano de 313, a estrutura cristã se solidificou como poder religioso único, sob o comando do bispo romano e o grande número de sacerdotes teve a incumbência de por em prática a grande máxima: “levar o evangelho a toda à criatura; quem crer e for batizado será salvo”. O nome da instituição ficaria Igreja Católica Apostólica, fazendo referencia ao pensamento dos apóstolos e católica, já que em Grego significava Universal. Com a invasão dos povos bárbaros aos territórios romanos a estrutura política e administrativa da grande Roma foi destruída, mas o poder da Igreja ficou intacto. Se os bárbaros não conheciam ainda as letras, os sacerdotes da fé cristã conheciam-na muito bem e usaram-na a seu favor impondo seus pensamentos políticos e econômicos por todo o Ocidente. Em 1054 os bispos de Constantinopla, da Rússia e da Grécia romperam com o poder de Roma, dando origem ao que se convencionou chamar de Igreja Católica Apostólica Grega, Igreja Católica Apostólica Russa, Igreja Católica Apostólica Constantinopolitana – conhecidas como igrejas ortodoxas – e a Igreja Católica Apostólica Romana. Em 1517 o sacerdote católico romano alemão, Martinho Lutero, rompeu com a igreja do Ocidente, fracionando o poder romano, mas nem de perto destruindo a opulência a sua força central. Nos dias de hoje, todo fragmentado, o cristianismo está muito distante daquilo que se pensou inicialmente e luta contra duas forças, uma externa e outra interna: externamente vê aumentar o ateísmo por todos os lados e, internamente, vê surgir uma subcultura religiosa cristã que desvirtua suas linhas centrais. Na obscuridade em que se chegou, uma luz se projeta no fim do túnel, algumas lideranças cristãs começaram a conversar e a se darem as mãos

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