segunda-feira, 16 de junho de 2014

Novamente, O Capital

Será que de novo um espectro ronda a Europa - ou, não só a Europa, mas o mundo como um todo? Depois de quase a metade do planeta já ter seguido as ideias socialistas, de ter acontecido duas guerras mundiais, de haver o recrudescimento  das antigas potências econômicas e um aprofundamento nos conflitos árabe-israelenses é hora de se fazer um balanço do império do capital. A quantas está a distribuição da renda pelo mundo a fora? A verdade é que  um novo livro, O Capital, é lançado na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos e agora no Brasil, com muita polêmica - próprio do tema. Não se trata de um relançamento do livro máximo de Karl Marx, Das Kapital, mas o livro do francês, Thomas Pickett, O Capital no Século 21, que no Brasil está sendo lançado pela editora Intrínseca. Num momento em que se grita louvores ao liberalismo - alguém chegou a anunciar o Fim da Historia - o livro de Pickett surge fazendo uma história econômica do último século. Mais o menos um levantamento da presença do capitalismo e suas falhas no trato das relações humanas: ao contrário do que se apregoa, houve um maior aprofundamento nas desigualdades sociais. Sempre se soube, a olho nu, que o sistema liberal aprofundou as diferenças entre ricos e pobres, solapou a educação, tirou proveito da saúde e aprofundou a violência nas cidades. O novo, com a recente publicação, é que este é um trabalho produzido apartir de métodos científicos e com credibilidade internacional.  Além do que, O Capital de Pickett trás a baila, a discussão sobre o trato com as desigualdades num momento importante em que países dão as costas aos problemas sociais e resolvem socorrer governos e seus bancos falidos. Esquecem que, com a distribuição da renda, ao mesmo passo que se investe na economia local, enfrenta-se problemas com a saúde, com a segurança e com a educação. Alguns liberais, assustados, saíram para o confronto, acusando Pickett de não ter usado adequadamente os números coletados, outros saíram em sua defesa, ressaltando que está certo sim. Mas os senhores das imensas fortunas não precisam temer um novo grande conflito entre o capital e o trabalho. Mesmo assim, uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde terão de entregar as alianças para não perderem os dedos.

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