quinta-feira, 26 de junho de 2014

Seres da Paz e da Guerra

Ou a política é a arte da guerra em tempo de paz, ou a guerra é a arte da política em tempo de conflito, mas uma coisa é certa, uma pode ser a continuação da outra. Se os homens têm na política um modo de gerenciar seus interesses, têm na guerra o desfecho, quando os conflitos já não encontram um caminho nas negociações.  Os pensadores contratualistas, nos séculos 18 e 19, já retratavam tal espectro. Mostravam eles que vivemos em uma sociedade complexa, cercados de interesses de toda ordem, mas que tais interesses são amainados devido ao grande contrato social.  Ou seja: logo ao nascer o bebê é registrado de acordo com as leis postas pela sociedade ou mostrado na igreja, de acordo com o rito religioso: o novo membro é apresentado á sociedade, ele deverá observar as leis e ser contemplado pelas mesmas.  Todos os homens nascem livres, mas como forma de preservarem essa liberdade, vivem sob a égide de um estado social, distantes das condições selvagens. Neste caso, a condição da liberdade pode estar vinculada diretamente à vida em sociedade, á obediência às suas leis. Para exemplificar o estado em que vivem os homens, os contratualistas representaram um outro estágio, aquilo que eles chamaram de estado de natureza. Nesse estado, a sociedade viveria sem regras, sem estrutura governamental, sem polícia, portanto, sem ordem. Certamente que não havia consenso entre os pensadores; se para o francês Jean-Jacques Rousseau o homem é bom por natureza, mas o sistema é falho e isso o torna perigoso, conflituoso; para Hobbes, diferentemente, esse homem, enquanto natural, é "o lobo do homem". Neste caso, a estrutura estatal, com leis, força policial, presídio e escola é que o torna em condições de viver bem em sociedade. Mesmo divergindo quanto ao estado de natureza e o estado social, tanto um quanto outro, converge para uma mesma linha, vivemos em um eterno jogo de interesses. Assim, deduzimos que este grande jogo de interesses é formado por necessidades criadas arbitrariamente ou nao, donde necessitamos constantemente da arte de dirimir os conflitos: ou a política ou sua extensão, a guerra. Enfim, isso quer dizer: se o homem é por natureza social, é um animal político e um animal bélico. Somos da paz, tanto quanto somos da guerra

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