segunda-feira, 16 de março de 2015

Democracia, Golpe e Guerra Civil

Duas formas de trocar o mandatário de uma sociedade: através de um processo democrático - a maioria escolhe o novo candidato de sua preferência, através do voto - e a outra, fora dos padrões institucionais, por golpe palaciano, por golpe militar, guerra civil ou luta armada. No caso da democracia, essa é a implantação, nos tempos atuais, de uma política ateniense, pré-cristã; o golpe, por outro lado, sempre representou a ruptura de um determinado encaminhamento político para a implantação de um outro.  Quem estuda ciência política está acostumado a ouvir sobre intrigas palacianas, conflitos políticos, apoio ou contrariedade das forças militares, confrontos com o legislativo e, nos últimos tempos, sobre o mando (ou desmando) do poder dos meios de comunicação social. Entretanto, se o que se quer é a preservação da democracia, em algum momento os dois lados precisam conversar e encaminhar as suas pautas traçadas no conflito. As oposições podem ser mais aguerridas e organizadas - enraizadas em movimentos sociais - ou mais complacentes, desarticuladas, sem muita representatividade. Isso se deve às características culturais, políticas e sociais de cada povo, bem como o nível de instrução, a renda e até mesmo o nível de sedimentação das instituições. As forças políticas em desalinho demonstram suas contrariedades expressando-as através de discursos no parlamento, em passeatas, comícios, em textos jornalísticos, em panfletos distribuídos etc. Dentro de uma preocupação democrática, as oposições ficam apenas nessas demonstrações; fora da democracia entra o golpe que pode crescer de apenas algumas intrigas a uma cruel, sangrenta e interminável guerra civil. Acontece que entre os grupos que lideram a sociedade, diante de um desacordo entre oposição e situação, inicia-se um jogo de persuasão, atraindo a maioria do povo para um lado ou para outro. Nesse caso, pessoas podem ir para o confronto, mesmo sem muito saber das teias tramadas nos bastidores. Enfim, um simples golpe pode extrapolar suas intenções iniciais e aí fica evidente o que  políticos e militares afirmam categoricamente: "só Deus nos livraria de uma guerra civil".

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