quinta-feira, 12 de março de 2015

História: Trabalho e Sociedade

Quando se compara o conceito de trabalho que se tem hoje com o que se pensara na antigüidade grega, por exemplo, percebe-se um distanciamento profundo. Se nos dias de hoje usa-se o ditado popular afirmando que "o trabalho dignifica o homem", para os gregos antigos o homem digno é aquele que não trabalhava. Nesse caso, o que não trabalha é o cidadão da polis, aquele homem livre, é aquele que está disposto a pensar filosofia, discutir política e contemplar a arte. Certamente que há uma separação de termo; o conceito que se pensara como trabalho na antigüidade não será o mesmo pensado nos tempos da modernidade. Naqueles tempos o termo designava uma atividade desempenhada manualmente, o que se chamaria hoje de "trabalho braçal"; já nos tempos atuais se inclui qualquer atividade, desde  as manuais que atuam no manuseio do ferro, da madeira, do barro etc, até de comando, do gerenciamento, do ensino ou da comunicação. A etimologia define a palavra trabalho como sendo um antigo instrumento de tortura; três paus (tripalium, no vocábulo latino)  pregados entre si que eram presos ao corpo da pessoa, o que lhes aplicava cruéis suplícios. Como extensão dessa noção, se estabeleceu para trabalho um conceito que definira como a ação humana de transformar a natureza em um bem de uso. Foi nesses termos que o pensador alemão Karl Marx foi ao encontro do que dissera o ingles, Adam Smith, quando esse afirmava que era o trabalho o responsável pela criação de riquezas. Sendo assim, Marx estabeleceu que se o responsável pela criação de riquezas eram os trabalhadores, portanto esses deveriam seri vistos como os grandes responsáveis pela dinâmica da sociedade humana. Certamente que nos tempos atuais se consolidou a idéia de que há uma relação direta entre aquilo que se entende por dignidade e o trabalho. Entretanto, apesar de a classe social mais abastada não trabalhar e ter  maior penetração no comando da sociedade, com poder sobre as demais, são as classes menos favorecidas que movem as fábricas, as escolas, os transportes, as comunicações etc; e, com isso, têm nas suas atividades laborativas uma forma de se elevar e interagir, portanto conduzindo a sociedade. Enfim, verdadeiramente a história tem no seu comando os trabalhadores, isso porque são esses os homens e as mulheres que transformam a natureza, física e social, e quando fazem se transformam. Isso é história.

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