segunda-feira, 26 de maio de 2014
Brasil, Copa e Eleição
Nos últimos meses, dois temas estão na pauta da grande imprensa brasileira: o campeonato Mundial de Futebol - a Copa do Mundo, e a disputa eleitoral a ser realizada esse ano. O primeiro diz respeito a algo que há muitos anos fora sonhado por brasileiros e brasileiras e o segundo, a reeleição - ou não - da primeira mulher a administrar o País.
A pergunta que se faz é: até que ponto um fato pode influenciar o outro?Claro, os acontecimentos em uma sociedade não podem e não devem ser vistos de forma estanques, como se fossem coisas blindadas, únicas. O estado brasileiro apóia a Copa do Mundo com financiamentos através de seu banco de fomento a negócios. Então, a resposta imediata é sim, influencia.
Entretanto, essa Copa está sendo feita como se fez em todas as outras e,
até mesmo, a que já foi feita no Brasil, há muitas décadas. Interessante que as críticas, ou acusações em todos os lugares e momentos, são sempre as mesmas: atraso nas obras, gastos e possíveis influências no desempenho eleitoral. No Japão (em 2002) o que mais se alegou foi o fortalecimento político dos parlamentares de situação; na África do Sul (em 2010), que as obras estariam atrasadas para o início do certame e, mesmo na Alemanha (2006), que o estado gastou 50% além do previsto.
No Brasil, não poderia ser diferente. Em 1950 dizia-se que se o país fosse campeão, Getulio Vargas seria reconduzido ao governo, o Brasil foi o grande derrotado e Getulio retornou ao poder. Durante a Ditadura Militar, em 1970, dizia-se que os militares levariam vantagem política pela vitória da seleção no México, mas o regime precisou recrudescer suas ações sobre os indivíduos, para não perder o controle.
O que se quer dizer aqui é que não há sentido algum em relacionar diretamente, uma coisa com a outra - eleição de outubro e Copa de junho. Situacionistas e oposicionistas não podem jogar com a possibilidade de uma vitória da Seleção Brasileira, como forma de favorecer a reeleição da atual governante, e uma derrota, como forma de favorecer a oposição.
Primeiro porque não existe um linque direto entre uma coisa e outra; segundo, porque a história não é feita de fado ou roda da fortuna, de forma a possibilitar que magos medievais façam seus prognósticos. Nada pode ser previsto. Na historia, vivemos um turbilhão de fatos em milhares de fragmentos, de forma que qualquer previsisibilidade teria de levar em conta cada partícula.
Futebol se ganha no campo, onze contra onze, com dribles, velocidade, tática e o entusiasmo da torcida. Eleição se ganha com o resultado dos trabalhos já realizados, um bom programa de governo, amarração de alianças importantes, um primoroso marketing na tevê e o povo na rua a pedir votos.
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No entanto, se insiste em dizer que o Brasil vai ganhar para a presidente Dilma ser reeleita. É coisa pronta e falada sem parar nas redes sociais. Claro incentivada por pessoas com interesse em denegrir o atual governo. Muito bom você deixar claro que são trabalhos diferentes. Com características específicas.
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ResponderExcluirAcho que mesmo a Seleção Brasileira de Futebol sendo Campeã, não vai trazer benefícios eleitorais para esse ou aquele, o cidadão já está sabendo diferenciar as coisas, mas, acho que o Bolsa Família vai trazer resultados eleitorais positivos ao PT...
ResponderExcluirMuito bom seus questionamentos Belini.
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