quinta-feira, 22 de maio de 2014
Nietzsche e a Morte dos Deuses
Mesmo que Nietzsche afirme haver "mais ídolos que realidade no mundo", mesmo que ele queira destruir a cultura ocidental e formar um super-homem, os ídolos não morrem pela vontade de um pensador. Ainda que eu fosse uma marreta, ou ainda que eu fosse um dinamite, ainda assim não teria a mínima condição de destruir os deuses vividos pela humanidade. A imortalidade dos deuses está incrustada no medo da morte, alimentado pelos sofrimentos vividos a cada dia.
Sim, a Filosofia, as ciências, as artes e o senso comum - o que chamam de pensamento ocidental - são influenciados por Agostinho, Tomas de Aquino, Kant, etc. Pensadores responsáveis pela moral cristã, enraizada em nossos valores, em nossas verdades e em nossas vontades. Seriam eles os responsáveis pela racionalização ocidental, essa que, enraizada no protestantismo, alimentou o grande capital moderno?
Seria a racionalização o elemento constituinte, na essência, do deus hebraico, Jaweh - onipresente, onisciente, onipotente - o tudo e o nada, o alfa e o omega, o princípio e o fim, o verbo? Mas se fosse, como seria um mundo sem razão, já que para pensar sobre a possibilidade de não agir com a razão, tenho de usá-la. Um dia os positivistas da França revolucionária, decretaram a não mais existência de Deus e ele está mais forte que nunca.
Não, Deus não está morto. Pelo contrário, está muito vivo na mente de homens e mulheres que o louvam, que assim o entendem. Os deuses não morrem por assassínio a marretadas de românticos que sonham influir nos corações dos homens. Ninguém interfere na história, ela não para, não encerra, mas segue o seu fluxo contínuo, como um rio que ninguém segura e deságua no mar.
Nietzsche se engana, pois o que faz um herói, um deus ou um mito, não são as bravuras deste, os milagres ou os grandes fatos daquele, mas a crença das pessoas que os consideram. Os deuses são imortais enquanto houver quem os tenham como deuses. Zeus, Afrodite e Atenas morreram, pois já não há quem os venerem, mas Jesus, Maria, São Rafael, Santo Antônio, Santo Augusto ou Santa Carolina - vivem e, a cada dia, mais outros sobem ao panteão. Vivem e ainda viverão por muitos séculos.
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