quinta-feira, 17 de julho de 2014
A Era das Paixões
Quando eu ando, pego um taxi, vou à universidade, leio um livro e tudo o mais que eu venha a fazer, faço motivado por três elementos: razão, paixão ou tradição. Essa é a linha básica do pensamento de Max Weber, o objeto de sua sociologia. Ele não quer dizer que em uma hora se é só tradicional, noutra, completamente racional e, em ainda outra, totalmente passional. Também não quer dizer que alguns sejam apenas racionais, enquanto outros, somente tradicionais ou passionais, mas que as pessoas interagem com as três possibilidades, o tempo inteiro.
A tradição é uma simples a repetição daquilo que já ocorria com outras gerações, como é o caso de alguém dar um "bom dia" ou "boa noite", ou um "até logo" e mesmo, até o gesto de um "aperto de mão". Quando se dá "bom dia" não se para a pensar - "oh, como eu quero que tal pessoa tenha um dia bom"; quando faço, apenas repito uma formalidade já realizada por aqueles que vieram antes de mim.
Restam os dois outros motivadores das ações - a razão e a paixão - elementos divergentes entre si, mas os grandes responsáveis pelos erros e acertos humanos. A razão é uma atividade mental em que o indivíduo, ao agir, o faz de modo a usar os meios visando os fins: calculando e medindo os prós e os contras. Mas o perigoso nisso, é que a consciência sempre se investe de razão como primeira possibilidade; é ela que aparece sempre no momento da ação; ou seja: todos pensam estar agindo racionalmente.
Por outro lado, o amor, o ódio e o medo, fazem parte de uma mesma família, a emoção, a passionalidade: um fenômeno físico e cultural que ocorre entre os humanos de forma automática, impulsionando-o para a ação ou impedindo-o de agir. A ação motivada pela paixão obedece aos instintos mais insurgentes, levando o indivíduo ao descontrole, a uma incapacidade de discernimento, em que o agente pratica suas ações de forma impensada.
Dependendo da história de uma dada sociedade, da sua cultura ou das instituições de um modo geral, as pessoas agem motivadas mais ou menos pela razão, ou mais ou menos pela paixão. Assim, se os japoneses possuem uma tendência a serem mais tradicionais, os alemães tendem a serem mais racionais e a passionalidade fica com os latino-americanos.
Dizem que a modernidade fora, ate agora, racionalista, cientificista, mas que o que vem pela frente será a era dos sentimentos, das paixões. Ora, se a razão leva ao discernimento e, com isso, à organização, ao conhecimento profundo e à cientificidade, a paixão não leva a nada disso, mas leva à criatividade e à construção de soluções.
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Excelente artigo! Como é difícil encontrarmos a dose certa, a medida exata entre razão e paixão... Nossa vida é isso: uma constante oscilação entre um e outro comportamento...
ResponderExcluirConcordo com você Nilce. Não existe a dose ou medida certa para sentimentos. Temos que muitas vezes tomar cuidado para não cairmos no abismo por causa deles.
ResponderExcluirMuito bom...
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