segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Dom Quixote e a Fraqueza da Modernidade
Quando Miguel de Cervantes escreveu o seu Dom Quixote de la Mancha não estava preocupado somente em parodiar as histórias pré-modernas de cavaleiros andantes e heróis salvadores de donzelas indefesas. A obra do pensador espanhol, do período renascentista, estava determinada em mostrar as fraquezas do momento em que se estava vivendo, ainda atrelada aos momentos e tradições medievais.
Outras obras surgiram nesse ínterim com o intuito de questionar a produção intelectual que se pretendia o descobrimento da verdadeira racionalidade, mas que mantinha traços da mítica Idade Media. Seguiam a mesma linha crítica, textos como: Elogio da Loucura - de Erasmo de Roterdã, ou Utopia - de Thomas More; pensadores que se ativeram à loucura existente na pretensa racionalidade.
Dom Quixote de la Mancha é o nome adotado por um fidalgo de aproximadamente 50 anos que, após ler inúmeros livros, mostrando grandes feitos de cavaleiros, resolveu juntar uma antiga armadura da família, conserta-la e vesti-la para ganhar o mundo, em busca de aventura.
Quando chega na espelunca de uma estalagem, encontra prostitutas e as concebe como donzelas, pedindo a elas que o levem ao castelão, servindo de motivos de troça para todos o que se encontravam no seu entorno.
Atrapalhado nas suas lutas, o fidalgo de lá Mancha enfrentava monstros terríveis e exércitos de inimigos, mas que não passavam de velhos moinhos com suas rodas a moverem-se com o vento e grupos de aldeões no seu trabalho do dia a dia. Ao avistar de longe, a lavadeira Aldonza Lorenzo, uma mulher feia e masculinizada, o cavaleiro não teve dúvidas e escolhe-a para sua amada, chamando-a de a bela Dulcinea del Toboso.
Enfim, se as pessoas vivem nos dias atuais o que chamam de pós-modernidade, se percebe com clarividência a grandeza de Cervantes, ao mostrar uma personagem apanhando de sua própria sua ignorância. O exemplo é que o cavaleiro andante permanece querendo defender as donzelas e os exércitos imaginários, cravados em instituições dos dias atuais. Sim, estruturas políticas, midiáticas, religiosas e culturais, procuram a realidade onde não se encontra e se nutri dela, vendo monstros onde tudo não passa de moinhos de vento.
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Somos eternos Dom Quixotes procurando sentido para nossa existência... viver, é por si só, uma aventura e nem tudo são moinhos de vento...
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