segunda-feira, 8 de setembro de 2014
O Novo, Por que?
A noção política de novo e velho, ou de progressista e conservador, remontam os tempos ainda do final da Idade Media, quando se confrontava o poder da Igreja, mostrando as necessidades de mudanças. A partir daí se consolidou a idéia de revolução, da necessidade de transformação profunda em uma sociedade e todo aquele indivíduo que se achou adiantado em seu tempo, passou a defender toda e qualquer coisa que representasse o novo.
Nesse caso, defender o novo se construiu como algo simpático, algo bom, atraindo pessoas para a causa, em detrimento a tudo que se apresentasse como contrário. Passaram-se a considerar termos como pejorativos, tudo aquilo que não representassem o "statos quo", tudo que não representassem mudanças e assim, artistas e "intelligentzia", de um modo geral, passaram a considerar como antiquado, arcaico e outros termos mais.
A verdade é que o tempo não para e os humanos existem como em uma roda-viva, com toda a sorte de transformações sociais, políticas e econômicas. Nada é perene. Então, essas transformações são inevitáveis, mas a própria existência deixa marcas que constroem os humanos continuamente como civilização, como cultura e como sociedade.
É preciso então que se discuta, não as inevitáveis mudanças na dinâmica do tempo, se é aceitável ou não, mas a erradicação das marcas construídas pelo tempo. É preciso que se discuta, principalmente, se essa erradicação das marcas do passado, são acompanhadas de uma necessidade plausível, algo que seja claro aos atores sociais da sua importância.
Homens e mulheres existem como frutos de suas próprias memórias; transformando a natureza em bens de uso constroem diariamente a si próprios. Homens e mulheres existem como frutos de suas histórias, num fado avassalador, mas não há como erradicar seus passados.
Assim, toda mudança é bem-vinda, mesmo porque é inevitalvel e indispensável, entretanto é preciso que se pense para onde essas mudanças estão dirigindo a sociedade, o que se quer com tais mudanças. Ora, se o novo sempre vem, o que não se pode é esperar, e querer sempre o novo, sem saber para onde esse novo está levando. Mudar o que e para que? Dependendo do novo que vem, é melhor ficar com o velho.
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