quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pandora e a Caixa das Incertezas

Desde os tempos gregos mais remotos, ainda quando a tradição mnemônica repassava os feitos dos deuses, a cultura ocidental se utiliza da Caixa de Pandora, como exemplo de algo fechado e obscuro. Tal mito tem servido para retratar aquelas realidades desconhecidas; realidades que, por mais que se busquem, permanecem na incerteza, no medo e na dificuldade de desvenda-la. Nos tempos atuais, quando se pensa nas pesquisas acadêmicas, nas escolhas dos governantes, na complexidade das invenções ou no ato sublime de uma criação artística, se pensa naquela caixa fechada das incertezas. Tal como nos ensina a teogonia grega, as perguntas nos vêm a mente: como será o amanha? O que nos espera? Além de toda a sorte de males, presos nessa caixa, ainda haverá uma esperança, antes que a mulher de Prometeu a feche? Os poetas gregos antigos, Hesíodo e Homero, cantaram e o trágico Ésquilo, grafou na sua peça teatral, Prometeu Acorrentado, o momento em que os homens receberam das mãos de um deus, o fogo. Juntamente com essa alegoria, os poetas retrataram o momento em que Pandora, a esposa desse deus, carregava em uma caixa - todas as desgraças possíveis para a humanidade. Enquanto Epimeteu fora responsável por criar todos os animais, com suas características, restou a seu irmão gêmeo Prometeu, criar o homem. O primeiro teria dado aos animais, características peculiares e que nada mais restava aos homens, para quem o segundo irmão roubara-lhe o fogo dos deuses. Irado com a atitude desse deus delituoso, Zeus - o chefe supremo dos deuses - condenara Prometeu a prisão em correntes, por um período de 30 mil anos, no monte Cáucaso, onde o abutre Eton, viria todos os dias comer-lhe o fígado. Enquanto isso, sua esposa, Pandora, que - como se disse - estaria de posse da tal caixa com o indicativo dos deuses de que se permanecesse fechada, pois dela poderiam sair as piores mazelas para a humanidade. Entretanto, a indicação não foi suficiente e a curiosa Pandora apostou no incerto, no desconhecido e abriu a caixa, de onde saíram - entre outras desgraças - a fome, as doenças, a loucura, a paixão e a mentira; rapidamente fechou para que não saísse também a esperança.

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