segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Bandidos, de Hobsbawm

Desde a década de 60, até pouco tempo antes de morrer, o pensador ingles, Eric Hobsbawm, falou da figura do bandido social, um conceito novo introduzido nas ciências humanas. Isso culminou no seu famoso livro, Bandidos, um texto em que expõe, ao longo da história humana, as ações daqueles que contrariaram as regras estabelecidas pelo estado, mas que acabaram ocupando o papel deste mesmo estado, assistindo a população mais carente. O trabalho segue linhas transversais que cruzam saberes históricos com Economia, Sociologia, Psicologia, Antropologia e até Filosofia, na busca de uma linearidade na compreensão das relações sociais e a razão da existência dos grandes bandos de homens e mulheres fora da lei. Ao longo da história e nos mais diferentes rincões da Terra, esse fenômeno se deu de forma muito parecida: pessoas que iniciaram ainda muito jovens, de uma origem humilde e todos com motivos muito parecidos. Os estudos de Hobsbawm reúnem os nomes mais destacados desse tipo de banditismo; vai do lendário inglês, Robin Hood, aos mexicanos Pancho Vila e Emiliano Zapata e ao cangaceiro brasileiro, Virgulino Ferreira, o  Lampião. Antes do pensador ingles, a história oficial não dera a atenção necessária, o que dificulta o entendimento; nos dias de hoje as pespquisas são esparsas, já que a fonte documental tem sido, em grande parte, a literatura popular e os romances  que dão conta desses humanos que misturam as condições de herói e de bandido.  O que caracteriza o chamado bandido social são os dois lados de uma mesma moeda: ao passo que comete atrocidades, como um indivíduo que vive fora das leis do estado, também se preocupa em levar aos mais necessitados alguma condição de vida melhor. Assim, esses indivíduos posicionam-se no meio da sociedade, entre os que detém os privilégios da sociedade e os deserdados. O interessante é como fica explicita a origem desse tipo de bandido, onde se busca esse pessoal; segundo Hobsbawm, o recrutamento se dá em grupos de agricultores sem terra, entre ex-soldados, perseguidos pela justiça e entre outros grupos. Mas o mais forte no estudo do livro Bandidos, são os motivos que levam ao surgimento desse fenômeno, a incapacidade do estado de gerir justiça, assistência e leis coerentes com as necessidades básicas da população. Isso tudo, unido à prepotência de uma aristocracia burocrática e parasitária que age sobre a população como se dona fosse daquele setor do estado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário