domingo, 7 de dezembro de 2014

Comunicação, Poder e Liberdade

Um dos maiores temas que estão sendo debatidos nos corredores da política, da academia e da sociedade organizada em geral é a possibilidade, ou nao, de se criar um marco regulatório que dê as linhas básicas para a imprensa no Brasil. Alguns defendem a necessidade urgente de uma normatização dos meios de comunicação, tendo em vista a sua importância, enquanto outros, alegam a necessidade de uma "imprensa livre". Independente de ficar de um lado ou do outro, no maniqueismo do bem e do mal, toda sociedade livre - para continuar assim, precisa ter uma imprensa desempedida e forte. O problema é que quando se fala de uma normatização das mídias pensa-se de imediato na famigerada Lei de Imprensa de 1967 que prejudicava de forma crucial a liberdade de expressão, impedindo os órgãos de comunicação  de transmitirem na íntegra todas as ações políticas, sociais e econômicas produzidas pelo estado, a partir da violência de uma censura cruel.   Entretanto, o debate deve ir mais longe. Deve-se analisar ponto a ponto os nós cruciais do tema posto. Primeiro: a imprensa deve ser livre, mas nenhum setor da sociedade pode ser livre de uma lei que o regule; segundo: não se pode pensar que normatizar, estabelecer regras claras, imparciais, possa ser confundido com tolir o direito de uma comunicação integral e democrático; terceiro: os conglomerados midiáticos comandam hoje boa parcela das redes de comunicação de forma dantesca que a vontade de um indivíduo ou de um pequeno grupo, pode ser imposta à maior parte da população. Ora, quando um determinado grupo se organiza dentro de uma dada sociedade e se impõe politicamente, te-se um adjetivo muito usado pela ciência política que é o de aristocracia. E o que mais caracteriza os indivíduos aristocratas, "os bons", "os nobres", são os seus propósitos para se manterem no poder; fazem tudo que  têm a sua disposição. Nesse caso, o que possuem é o mais poderoso instrumento de influência da modernidade, o seu produto de venda, a comunicação. Assim, nao se trata de defender um sistema que possa tolir o sagrado direito de informar a população, mas de enquadrar todos os seguimentos da sociedade ao jugo da lei. Numa sociedade civilizada nada pode ficar fora da lei. Comunicar é poder, portanto a defesa de uma imprensa livre deve ser uma defesa ampla, de todos os lados: para denunciar o poderoso que se apropria dos bens do estado, mas sem esquecer do todo poderoso empresário das mídias que se usa da força de seus veículos de comunicação para impor suas vontades também.

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