quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Existências e Rupturas
Os humanos criaram suas bases culturais a partir da crença em um sonho de perenidade para si e para tudo que está a sua volta. Homens e mulheres crêem que tudo a sua volta é como se assim sempre fosse; por mais que se plantem arvores, nunca se a vê como semente, nunca a vê como potência. E são essas certezas, como se algo assim sempre fosse que delineiam as suas vidas e possibilitam previsões e estruturações.
Mas, por mais que isso perturbe suas verdades inabaláveis, somente aos deuses pode-se aceitar o gozo de uma existência de serenidade e perpetuidade. Aos humanos não cabe, nem em seus desejos mais recônditos, a possibilidade de uma vida perene, de uma vida sem cortes, sem rupturas. A realidade que o cerca é de ganhos e perdas, de vitórias e derrotas, de idas e vindas.
Então, se essa falsa consciência de perenidade for a base da cultura, essa será, por conseguinte, a linha mestra de suas noções de verdades; noções que dirigirão alem de sua economia, também sua ciência, seu direito, sua arte e sua filosofia. Sim, os pensadores, os juristas e os cientistas fazem conjecturas, definem verdades, como se fossem até a eternidade.
A infelicidade existe porque os humanos nao se dão conta da realidade intangível que o cerca, realidade essa que é formada de começos, meios e sua fins, de chegadas e partidas. Se o sofrimento pode ser encerrado, também pode a felicidade, se as pessoas más passam por nossas vidas, também passam e se vão aquelas que nos são muito queridas.
Afinal, a infelicidade é formada pelas frustrações que sentem as pessoas, devido aos distanciamentos vividos entre os desejos e a realidades existentes. Quando se vive a doçura infinita de um momento, deve-se ter como certa também a ruptura, o corte para um recomeço, vazio num instante, mas preenchido na distancia dos tempos. Talvez deva-se buscar a felicidade pensando nas suas existências como um eterno recomeço, até o fim dos seus dias, uma seqüência de encontros, desencontros e reencontros.
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