quinta-feira, 21 de maio de 2015

A Morte e a Eternidade

A coisa mais importante que aconteceu com cada homem e cada mulher, até o presente momento, foi ter nascido e a segunda coisa mais importante será a morte. Nesse caso, vive-se para morrer? Mas não é contraditório, viver para morrer? Se assim for, qual o sentido em nascer, já que o existir é uma ação grandiosa, um mistério profundo e que se encerra logo na frente, com um parar de viver? Sim, encerrar o debate com uma explicação dizendo ser isso apenas um milagre da natureza é aceitar a metafísica como constituinte do saber humano. Isso porque são perguntas difíceis, quase indecifráveis; é uma daquelas questões que o pensador alemão, Emanoel Kant, chamaria de antinomias da razão. Ou seja: a racionalidade explica o funcionamento dos átomos, leva o homem à lua, cria equipamentos sofisticados e pretensiosamente quer explicar o passo a passo de todo o funcionamento do corpo humano, mas nada sabe, nada fundamenta, sobre a existência desse mesmo humano. Tudo morre, tudo acaba, mas a morte só se faz notada e ganha um destaque especial ao ocorrer em seres humanos. Acontece que não há evidência científica de que a consciência possuída pelos humanos continue a existir após a morte, apesar de várias crenças em diversas culturas e momentos históricos diferentes acreditarem em vida no pós-morte. Enfim, resta apenas a sua certeza e isso parece atormentar os viventes, já que em uma das curvas da existência, suas vidas podem encerrar e nada sabem a respeito. A forma como as sociedades encaram a morte tem notórias consequências nas suas culturas e suscitam interesses da filosofia, da sociologia e da antropologia. Existem diversas concepções sobre o destino final da consciência: são várias as crenças na ressurreição entre as religiões abraâmicas ou crença na reencarnação entre as religiões orientais e espíritas etc. Alguns preferem mesmo o eternal oblívio (esquecimento eterno), conceito muito comum na neuro-psicologia e atrelado à ideia de fim permanente da consciência no pós-morte. A verdade é que nada se tem a fazer na longa, ou curta, espera pelo fado que nos espera, a não ser saborear as delícias que os momentos oferecem; ou seja: ao esperar na fila do coletivo, da farmácia ou do mercado não se deve desejar que o instante se acelere. Nessa linha reta que segue do nascer para o morrer cada minuto que se vive é um minuto a menos que se irá viver. Ou seja: ao terminar de ler esse artigo o leitor estará mais velho e, inevitavelmente, mais perto da morte.

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