segunda-feira, 4 de maio de 2015
O Brasileiro é o Brasil
No estudo das sociedades algo muito difícil é entender o pensamento político, social e econômico do povo brasileiro quando se trata da sua relação com o estado. Numa espécie de "farinha pouca, meu pirão primeiro", os indivíduos cobram muito da burocracia estatal, exigem ações fortes com soluções imediatas para saúde, para educação ou para segurança, mas também ficam contrariados na hora de fazerem suas partes, na hora de agirem como cidadãos.
Ora, pensar a função do estado é um empreendimento muito difícil tendo em vista as controversas existentes por parte dos inúmeros especialistas. Entretanto, pensando a maior parte dos países, e baseado na literatura que trata do tema, pode-se afirmar que a função é ordenar, dirigir e amparar os membros da sociedade. Entende-se aqui o estado como organização política de um povo, com soberania. Alguns teóricos utilizam categorias de hoje para dizer que este é ao mesmo tempo estado-comunidade - politicamente organizado como república ou monarquia - e estado-aparelho, como instrumento de controle e administração.
Quando se trata de brasileiros a relação é um tanto conturbada: todas as classes sociais, a sua maneira, sonha em algum amparo financeiro ou, propriamente, em fazer parte da estrutura burocrática. Para começar, o sonho maior dos membros da classe alta é vender seus produtos ou serviços para o estado, bem como conseguir junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) polpudos empréstimos para azeitar as engrenagens de suas empresas.
Para os filhos da classe média o sonho para com o estado é outro: fazer concurso público e assim desempenhar alguma função dentro da estrutura burocrática e com isso ter proventos ou soldos garantidos e uma estabilidade empregatícia. Já, na base da pirâmide social, as classes mais pobres sonham em ser assistidas pelo estado com o Bolsa Família, por exemplo.
Por outro lado, se a relação dos brasileiros com o estado é conturbada, isso se deve porque, ao passo que se exige soluções para a educação, para a saúde, para a segurança, para o transporte etc, também se renega ao pagamento dos tributos devidos, mas se quer fazer parte do mesmo. Parece que a noção de cidadania não está clara para todos, bem como a relação do indivíduo com sua própria sociedade; vive-se um individualismo imediato, em um pensamento que mais parece o retratado no ditado popular catarinense, "farinha pouca, meu pirão primeiro".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário