quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O Não Saber e o Não Saber Que Não Sabe

A humanidade se caracteriza pela eterna busca por mais conhecimentos e nessa jornada, sempre encontra três dificuldades básicas: num primeiro momento essa dificuldade pode residir em quem ensina, num outro, em quem aprende e, por fim, no conteúdo que se ensina e se aprende. Sendo assim, se a dificuldade de compreender não estiver no conteúdo e nem nas habilidades do mestre, resta tentar entender o processo de compreensão daquele que está disposto a aprender. Nesse caso, a grande dificuldade pode se dar por problemas de saúde e aí figuram doenças mentais e físicas ou simples problemas de ordem cognitiva, mas pode haver também falta de base de dados, de conteúdos anteriores ou simplesmente desconhecimentos de certos conceitos importantes. Por fim, o problema pode ser de ordem comportamental em que o indivíduo acredita já saber algo, criando assim uma barreira e, por isso, não podendo desenvolver os seus conhecimentos. Esse último ponto é de estrema importância e faz pensar no filósofo ateniense, Sócrates. Quando lhe falaram que o oráculo havia dito ser ele o mais sábio ficara perplexo, pois a única certeza que possuía era exatamente que nada sabia. Platão mostra que, depois de muito meditar, Sócrates conclui: certamente deveria ser mesmo o mais sábio de todos, mas isso porque a única certeza que detinha era exatamente que nada sabia. Ora, o mesmo exemplo se tem quando se pensa em Jesus de Nazaré. Segundo os evangelhos, ao ser questionado por pessoas da multidão sobre como deveriam fazer para entrarem no reino do céu, ele afirmara que era preciso se fazer criança; era preciso nascer de novo. Em outra palavras, o aprendizado só acontecerá na medida em que aquele que aprende admite que nada sabe e, por isso busca conhecer. Acontece que há uma diferença básica entre os dois indivíduos: aquele que nada sabe, e se admite como tal, e aquele que sabe algo (nesse caso sabe pouco) ou acredita já saber (geralmente acredita saber muito). Assim, o primeiro, está limpo de alma na espera e na busca do novo saber, o que é diferente do outro que, por crer que já sabe, cria uma barreira o que dificulta a absorção de novos saberes pelo simples fato de serem novos ou de serem saberes que contradizem os anteriores. Ou seja: pior que o não saber é não saber e pensar que sabe.

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