quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Deus, o Homem e a Conseciencia

Cientistas determinaram que o homo sapiens sapiens, ou homem moderno, como ficara conhecido, teria surgido há algo o em torno de 600 mil anos e o que determinaria esse momento seriam as ossadas encontradas com ornamentos presos ao pescoço. Como numa sequência cinematográfica de quadro a quadro, os crânios encontrados foram justapostos e calculados o seu tempo de existência através da técnica de datação pelo carbono-14. Processo bastante conhecido por todos os cientistas sociais, mas intrigante quando se tem duas possibilidades de motivos para se estabelecer uma data inicial da existência humana e que isso se fez a partir de esqueletos pré-históricos encontrados com colares de ossos ou conchas presos ao pescoço. Uma possibilidade seria uma motivação estética; nesse caso, seria humano - pois somente esses são dotados de uma percepção do belo. A outra possibilidade, e mais aceita, é que esse material preso teria algum fim místico, portanto esse homem já seria dotado de alguma noção religiosa - ainda que primitiva. Seria esse o grande momento original do humano, esse ser animal que, da sua condição de natureza adquiriu razão, despertou para a subjetividade e, despertando, buscou respostas para sua existência? Esse ser que em todo o tempo marcou sua existência por uma incessante busca de respostas querendo saber de onde veio, para onde vai, o que faz aqui e, assim, construiu um instituto que ficaria conhecido como religião. Alguns desses pensamentos religiosos buscaram o sagrado projetando-o em materiais - a pedra, a água, o vento, o sol etc; outros, buscaram na transcendência - um deus único ou uma multiplicidades de deuses. Ora, mas se os objetos presos ao pesco dos nossos primeiros homens caracterizam-nos como humanos e se esses objetos tiveram função de ligá-los ao sagrado, isso significa que a ascese, na busca por explicações existenciais, caracteriza a própria condição humana. Ou seja: para esses homens, com a posse de tais objetos os males que espreitam a vida seriam afastados; mas para isso precisaram já ter desenvolvido uma subjetividade que desse conta de entender o que seria maldade e bondade e, assim, ligar essas noções a seres de um outro mundo. Ou com um deus único que fez o céu e a terra, ou com inúmeros deuses e deusas -povoando um imenso panteão, ou fazendo-se a si mesmo como um ser de plenitude, a ascese perpassa as mais variadas sociedades. Resumindo: com o surgimento da razão, a consciência - o saber sabendo que sabe - teve-se a consciência da própria existência e, com isso, abriu-se um espaço vazio no entendimento que só seria preenchido a partir de uma explicação mítica. (Artigos publicados todas as segundas e quintas).

Um comentário:

  1. Seja qual for a explicação para esse fato, ao ter conhecimento de sua existência e questionar-se, o homem se embrenhou numa incansável e insaciável busca por respostas...

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