segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Filosofia, O Que É Isso?

Por mais que se fale em filosofia budista, hindu ou cristã, o entendimento que se tem é que elas não existem por uma questão de essência do próprio conceito de filosofia. Desde suas raízes gregas e toda a tradição posterior, em quase dois milênios e meio, a filosofia existe como uma busca de sentido ao existir. Mas o conceito de filosofia também não pode ser confundido com o de ciência tendo em vista que essa tem um fim utilitário, uma aplicação determinada, além de uma delimitação metodológica. Por exemplo: as pessoas em geral usam a palavra "pensar" para qualquer atividade mental e assim todas pensam, mas não, o cientista não pensa; pelo menos não enquanto cientista. Nos seus estudos acadêmicos ele aprende a fazer algo, desenvolvendo técnicas que outros elaboraram - que outros pensaram. Enquanto disciplina acadêmica, a filosofia também possui técnicas e métodos de estudos e pesquisas, mas não pode ficar presa a parâmetros e determinações laboratoriais. O filósofo pensa porque pensar só pode acontecer quando o ser pensante necessariamente foge de amarras e fins determinados. Mas também não pode ser hindu, budista ou cristã porque a filosofia não deve ser confundida com teologia, apologias religiosas ou aconselhamentos de vida em plenitude. Acontece que as religiões trabalham com verdades já sedimentadas, são suas essências os dogmas, portanto não poderão buscar algo que entendem como já encontrados. A filosofia existe enquanto necessidade humana, enquanto busca desesperada por sentidos para a sua existência; respostas às velhas perguntas: de onde vem? para onde vai? o que faz aqui? além de tantas outras. As pessoas sabem como a energia elétrica caminha por entre as moléculas do cobre, mas não sabem o porquê; sabem como certos alimentos nutrem o corpo animal, mas não sabem o porquê. Quem se preocupa com o como é o cientista moderno; o filósofo quer saber o porquê, pois pensa que no porquê deveria estar o sentido da existência. Se a filosofia nasceu de um desespero humano, isso aconteceu como um grande guarda-chuva abrigando todas as áreas do saber que na modernidade, uma a uma, foram reivindicando suas delimitações, seus objetos de busca, seus métodos e se auto-intitulando ciência. Mas o desespero continuou. Agora a filosofia quer saber o porquê da necessidade de delimitação? Se for para focar num ponto, isso faz surgir ainda outras perguntas: com isso, não se perde na percepção dos seus efeitos colaterais? Esses acadêmicos não fariam isso ávidos por reconhecimento, prestígio, dinheiro? Ainda outra pergunta: por que os humanos sentem essas necessidades? E assim segue a filosofia.

2 comentários:

  1. Eu acredito que os humanos sentem essa necessidade por razão de possuírem um grau mais elevado de consciência em relação aos outros animais. "A consciência parece não estar localizada em qualquer centro restrito do sistema nervoso; antes, parece ser fruto da atividade em diferentes módulos amplamente dispersos no sistema nervoso cada qual processando informações específicas. Essas diversas representações integrar-se-íam em função de suas ativações sincrônicas que seriam mediadas pela extensa inter-conexão paralela entre os vários módulos de processamento." http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65641997000200010

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  2. Os processos que viabilizam a consciência ainda são um mistério ! "Apesar da concordância existente entre os diversos estudiosos a respeito das estruturas nervosas mais envolvidas com a gênese da consciência e com o destaque do papel do sistema tálamo-cortical, pouco se sabe e muito se especula sobre a intimidade dos processos que a viabilizam. Os estudos desses processos abrangem os campos da biologia molecular, da neurocomputação e as mais recentes contribuições da física." http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462006000400015&script=sci_arttext

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