sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Wittgenstein: Filosofia e Linguagem

As pessoas se relacionam e quando fazem isso falam umas com as outras sobre o mundo que os cerca, mas nem de perto se dão conta de que estão usando um sistema altamente complexo, uma estrutura lógica em um conjunto signos. Por conta disso, na primeira metade do século 20 vários pensadores se debruçaram sobre o tema, na tentativa de entender como é possível acontecer a linguagem - esse sistema que amarra os indivíduos transformando-os no que ficara conhecido como sociedade. Ludwig Wittgenstein, pensador austríaco que viveu entre 1889 a 1951, foi um desses que se debruçaram sobre o tema na busca por respostas: como é possível ocorrer a comunicação entre as pessoas, como se pode explicar a linguagem? A partir dessa angústia ele produziu dois textos que ficaram bastante conhecidos no mundo da Filosofia da Linguagem: Tractatus Logico-Philosophicus e Investigações Filosóficas. Esses textos são contraditórios entre si, tendo em vista que o primeiro faz afirmações sobre a linguagem que o segundo as desfaz e apresenta uma outra possibilidade. No primeiro texto, o Tractatus, ele aproxima o entendimento a linguagem da Lógica e a Matemática afirmando que há uma correlação entre as coisas no mundo e as palavras que as designam. Além disso, ele enfatiza que se pode entender a linguagem tendo em vista que o mundo das coisas em si é composto de uma estrutura possível de se conhecer, tal como a linguagem que quer descrevê-lo. Nesse caso, a linguagem nada mais é que essa adequação entre as coisas do mundo e as palavras juntamente com suas estruturas. Entretanto, uma questão ficou no ar: se tudo é representação das coisas em si, como pensar a meta-linguagem ou, como se poderia pensar a sua própria teoria, já que teoria não é uma coisa no mundo? Dez anos depois ele desfez o que falará e propôs que tudo não passa mesmo de jogos linguagens. A partir daí, o segundo Wittgenstein - como seria chamado no mundo da filosofia - afirmou que a linguagem é um conjunto de jogos multifacetados e complexos de linguagem devendo ser entendidos dentro dos contextos a que estão inseridos. Mesmo assim, nos dois textos, o austríaco manteve uma mesma noção: a de que a filosofia não é uma uma doutrina, mas uma forma de entender a linguagem. A linguagem, além de articular os indivíduos, construindo uma sociedade, ela dá sentido ao mundo que os cerca; mas é o segundo Wittgenstein enfatizará que nem de perto pode ser pensada como sua cópia perfeita do mundo das coisas.

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