quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Existencialismo e Modernidade
Se o racionalismo moderno fundamentou-se em um confronto ao pensamento medieval acusando-o de uma visão dogmática e teocêntrica, também houve quem questionasse a modernidade com suas pretensas noções de certezas e de verdades. Pensadores como Kant, Hegel e Marx foram os grandes marcos da era moderna propondo sistemas que se pretendiam verdades absolutas e inabaláveis; afinal, foram eles que colocaram o tempo na filosofia valorizando a história e a ação humana na transformação da matéria, mas esqueceram os indivíduos com seus medos, anseios e frustrações.
Se essas tais "verdades" foram inabaláveis e arrastaram revolucionários e acadêmicos por todo o mundo encontraram também, de dentro dessa mesma modernidade, os seus mais fortes opositores com suas preocupações existencialistas. Dentre esses pode-se citar nomes como Kierkegaard, Schopenhauer e Nietzsche - sem o prestigio daqueles, mas com força suficiente para fazer um intenso enfrentamento.
O primeiro fora Soren Kierkegaard - o dinamarquês que desviou o pensamento filosófico das estruturas sistemáticas para discutir a existência humana com suas frustrações, seus medos e desejos. Fez isso aproximando a relação entre a subjetividade do indivíduo e a transcendência de um ser divino. E assim teceu críticas ao pensamento religioso luterano da Dinamarca de sua época alegando que os sacerdotes estariam muito mais preocupados com as benesses do poder político do que com a imitação do Deus que se fez homem para servir de exemplo.
Arthur Schopenhauer, por outro lado, enfatizou uma outra preocupação, mas manteve a perspectiva existencialista afirmando que a mente humana trabalha com dois conceitos: a vontade e a representação. Com isso, o indivíduo vive constantemente um impulso na busca por aquilo que não obtém e, assim, sofre. Para ele viver é sofrer. Somente se aplacará esse sofrimento na busca pela arte, pela observação moral, pela justiça e pela anulação da vontade.
Seguindo por essa linha e aprofundando ainda mais o debate, ao que se chamou de nihilismo, caminhou Friedrich Nietzsche propondo a destruição dos ídolos construídos pela cultura ocidental. Dizia ele não ser um homem ou um filósofo, mas uma marreta a destruir ídolos. Essa iconoclastia seria a destruição dos dogmas modernos com suas noções de verdade, de ordem moral e todo o sistema de regramento tão caro para o ocidente judaico-cristão.
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Acho que Schopenhauer era budista (sic), pois a "anulação da vontade" nada mais é do que o desapego tão recomendado por Buda. Gostei do nihilismo ! 'É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê” ' [https://pt.wikipedia.org/wiki/Niilismo] É porque é e não existe o porquê ! No dia da independência do Brasil, o nihilismo é uma espécie de independência da curiosidade infantil do ser humano ! Grande abraço nobre Professor !
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