domingo, 6 de dezembro de 2015
Democracia, Um Cristal Fino
Quase 2500 anos depois dos gregos, a democracia persiste entre alguns povos na atualidade como um sistema que integra o político, o social e o econômico; pregado e reivindicado por todos, mas de difícil manutenção. Filosoficamente é um conceito complexo. A dificuldade de sua manutenção reside, primeiramente, na necessidade de respeito ao jogo político pretendido e a aceitação dos resultados; só então é que vem o estabelecimento das igualdades sociais.
A democracia, como fenômeno político eleitoral, foi iniciada pelos antigos atenienses e consistia apenas em um sistema de votação que os cidadãos da polis (homens com maioridade, nascidos na cidade) escolhiam livremente - após intenso debate nas ruas e praças - o governante preferido. A grande diferença dos demais povos é que enquanto os outros mandatários necessitavam de legitimidade divina para governar (ungidos dos deuses, filhos de deuses ou um próprio deus), para os helenos a legitimidade estava unicamente no voto.
Nos tempos atuais um governante ou liderança de qualquer natureza, em sã consciência defende a democracia - não por ser um democrata, mas porque é politicamente correto se posicionar de tal forma. As atitudes do presidente da república, de um professor em sala de aula ou de um sacerdote em sua igreja nem sempre são democráticas, mas nenhum deles se aventurariam a defender algo diferente.
A democracia é bem mais que um conceito a ser exposto em meia dúzia de linhas ou debatido nas esquinas, dando a ideia de que é apenas a ação de votar e ser votado. Aí reside a complexidade. É preciso que haja oposição e que o seu confronto com a situação paire no campo das ideias e não em ressentimentos de perdedores; é preciso ainda que haja imparcialidade por parte do judiciário, da imprensa, do ministério público e das conferências religiosas ou que suas posições sejam as melhores para sociedade em geral.
Ora, para manter isso é preciso que as instituições tenham às suas frentes, não pessoas que vêm suas vidas públicas como extensão de suas vidas privadas, mas que sejam executoras das vontades genuinamente populares. E ainda mais: dentro das dificuldades de se manter um sistema que se pretenda democrático é preciso saber que isso se faz com autonomia, imparcialidade, desprendimento e abnegação por parte de cada membro da sociedade.
Esse fenômeno político é uma busca constante, uma utopia, uma realidade a ser perseguida para sempre e portanto é necessário que cada pessoa que se entenda como cidadão lute pela sua manutenção e seu fortalecimento. Enfim, democracia é como um cristal fino que se quebra com muita facilidade, mas que não se cola assim tão facilmente. E quando colado as marcas se mostram profundas na economia, na política, na imprensa, na educação e, consequentemente, no modo de pensar do cidadão comum. E tudo se reproduz.
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