segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Uma Data: o Deus Sol, o Menino Deus e o Deus Consumo

O comum é que as diferentes religiões instaladas em sociedades civilizadas - pelo menos as predominantes - adotem em seus calendários os dias a serem guardados. E assim é o caso do Cristianismo que possui, além dos dias de santos, as duas principais datas: a Sexta-Feira Santa que se guarda a morte e ressurreição de Jesus e o Natal, o nascimento. Entretanto, como o documento que relata a história da religião, a Bíblia, não trate de datas (até porque seguiam-se outros calendários), as lideranças de Igreja estabeleceram, arbitrariamente, os dias a serem guardados. Assim surgiu o Natal, um feriado cristão comemorado anualmente no dia 25 de dezembro (os países eslavos que são católicos ortodoxos e seguem o calendário Juliano, comemoram em data que seria para os ocidentais, o dia 7 de janeiro). Originalmente os europeus pagãos destinavam esse dia a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), mas a festividade foi re-significada pelos monges católicos nos três primeiros séculos da era cristãs com o propósito de estimular a conversão dos pagãos, então sob o domínio do Império Romano passando-se a comemorar o nascimento do Menino Jesus. Interessante é que, mesmo sendo uma data genuinamente cristã, o Natal ampliou-se e atualmente é comemorado também por não-cristãos da Ásia e da África. Uma característica dessa data é o ato de dar presentes que parece estar calcado no fato de o nascimento de Jesus ter sido visitado por reis vindo do Oriente que o teriam presenteado com ouro, incenso e mirra. Entretanto, esse hábito fraterno de trocar presentes, cartões e juntos fazerem a ceia de Natal, nos últimos dois séculos tem sido contaminado pelo sistema capitalista de produção, ficando na maioria dos casos, apenas em uma necessidade de consumo. Acontece que, como o nascimento de Jesus é um fato exclusivamente cristão, criaram -se, nos últimos tempos, a figura do Bom Velhinho, o Papai Noel, como forma de ser cada vez mais aceito por não-cristãos. Assim, o Natal atual sofre mudanças e o nascimento do Menino Deus torna-se cada vez mais a cada ano um acontecimento significativo para várias partes do mundo como um período de reforçar a econômica, uma chave para melhorar os negócios no comércio e na indústria. Certamente que nos dias de hoje ainda é uma data que inspira bons sentimentos, mas como tudo muda, já se percebe a curto prazo, mudanças profundas. E se o dia 25 de dezembro teve um dia uma ressignificação passando da comemoração ao Deus Sol para o nascimento do Menino Deus, agora - com a incorporação do Papai Noel - passa para uma outra fase: um momento importante para fortalecer a economia com incentivos a compra de comidas diferentes, muitas bebidas, roupas novas, carro e todo o tipo de endeusamento do consumo. (OBs. Os artigos são publicados semanalmente as segundas e quintas)

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