sábado, 19 de dezembro de 2015
Felicidade, Uma Construção
Numa época em que se aceita a ideia de que cada indivíduo deve buscar a sua felicidade, mas se age dentro de um espírito de massa, sem qualquer reflexão sobre seu estado de espírito convém que se façam as devidas considerações. Alguns buscam um estado espiritual de felicidade nos entorpecentes, outros, na salvação da alma, outros na luta político-ideológica, ainda outros na dedicação ao trabalho e assim por diante.
Entretanto, esses motores de felicidade se encerram em si próprios: a vergonha pelo uso do álcool, da cocaína ou dos remédios faixa preta pode levar a uma infelicidade; assim como o caminho para a salvação da alma pode não ser o esperado devido a frustração com os dirigentes da fé; ou a luta política pode não ser aquela que pensara anteriormente, já que tudo muda, tudo se altera; enfim, economia entra em crise e o sistema exclui aquele que encontra felicidade no trabalho.
E aí volta-se à estaca zero, infelicidade. Ora, se a felicidade não reside na ingestão de produtos químicos, na dedicação ao trabalho ou na busca pela salvação eterna volta-se às perguntas: o que move a humanidade? Existe uma plenitude de felicidade? Tema esse que muitos pensadores já se debruçaram, mas que ninguém concluiu com satisfação, nem sobre o conceito e muito menos sobre o fenômeno em si.
Acontece que os seres são movidos pelo que lhe acomoda, através daquilo que - para os humanos - se denominou: "princípio do prazer" - uma eterna busca por um conforto espiritual. No entanto essa busca está fadada ao fracasso, tendo em vista a impossibilidade de o mundo real satisfazer os desejos do indivíduo.
A felicidade plena é possível. Entretanto, é preciso que se tenha algumas atitudes: felicidade não está no sistema político, não está num princípio religioso e muito menos em aquisição de mais e mais bens materiais. Esse fenômeno precisa ser construído internamente, na consciência do indivíduo; primeiro: diminuir ao máximo as expectativas com a realidade no entorno, calcular cada passo que se dá para que não o levem ao sofrimento; e, finalmente, fazer tudo o que a vontade mandar dentro do tempo de vida que resta.
Assim, quem busca a felicidade fora de si está fadado ao sofrimento. Ou seja: não é algo a ser buscado em algum lugar ou recebido como presente, mas a ser construído no dia a dia a partir de uma constante reengenharia da vida. Só há uma pessoa responsável pela felicidade: o próprio humano, se ele tiver a capacidade de pensar a estética da sua própria existência.
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As pessoas costumam confundir felicidade com o bem estar proporcionado pelo consumo. Aristóteles em seu livro "Ética", escreve que "todos os homens buscam Felicidade", mas muitos acabam trocando os fins pelos meios. Mas o mesmo Aristóteles nos dá uma dica, de que a felicidade é finalidade última da existência humana, são as coisas que nós não podemos perder. Para ele a felicidade é "Pensar", prestar atenção nas grandes coisas, mas também nas coisas simples. Olhar com curiosidade, com espanto, com contemplação, voltar a ter nos olhos aquele brilho de um olhar de criança. A felicidade não é algo transitório, não é só o bem estar, mas é algo que reside dentro de todos nós e que não depende de objetos transitórios para se manifestar.
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